A inflação passou do limite maior
da folgada meta brasileira de variação de preços, soube-se ontem. Foi a 6,52%,
dois centésimos além. Está por aí faz tempo, não faz lá grande diferença
pratica. Deve terminar o ano perto de disso, 6,5%, assim como o crescimento da
economia, do PIB, deve ficar perto de 1%.
Os resultados do último ano do
governo de Dilma podem ser atribuídos à política econômica da presidente. Para
o bem ou para o mal, nem sempre os governos são capazes de influenciar o
desempenho da economia de modo relevante, no curto prazo (um, dois anos), a não
ser em casos de incompetência extrema ou de fraude inesperada (estímulos
econômicos loucamente insustentáveis).
Governos sobem no bonde andando,
caso de 2011, para Dilma. Enfrentam infortúnios de crises externas, como a
piora mundial de 2012. Em 2014, porém, não há
como dizer que Dilma colheu o que plantão: uma espécie algo exótica de
estagflação (inflação relativamente alta com crescimento baixo). Exótica porque
o desemprego á baixo.
Durante os anos de Dilma
Rousseff, portanto, a tendência terá sido de piora do PIB e da inflação. Nos
caos de Lula da Silva, a tendência foi de melhora do PIB e melhora da inflação,
mesmo ainda quando os resultados eram horríveis, em meados de 2003. Esse
progresso foi interrompido, temporariamente, apenas pelo colapso mundial de
2008.
Apesar do mau estado da economia
mundial e de seus efeitos nocivos no Brasil, Dilma não teve de lidar com os
efeitos de colapsos externos, como secas de capital e desvalorização extremas
da moeda. Evidente foi a deterioração lenta, gradual e seguramente daninha da
administração macroeconômicas que solapou as bases, que era pouco e se acabou.
A poupança do governo baixou a
cada ano (o déficit nominal subiu progressivamente). Em suma, o governo gastou
além da conta.
O consumo do país cresceu
continuamente, o que em parte se refletiu no aumento do déficit externo (a
diferença entre o que o Brasil exporta e importa, vende e compra no exterior,
em bens e serviços).
O consumo cresceu continuadamente
por causa de gastos diretos do governo e endividamento extra, dívida feita para
carrear dinheiro para que os bancos públicos emprestassem mais dinheiro, quando
os bancos privados julgavam mais prudentes pisar no freio. O investimento do
governo não cresceu, o investimento privado foi crescendo cada vez mais devagar
e passou a míngua.
Sim, o desemprego está baixo
(embora a quantidade de gente empregada cresça de modo cada vez menor), mas a
produção brasileira não cresce não oferta produtos a bom preço – a
produtividade não cresce. Ou compramos lá fora (déficit externo) ou temos
inflação. O PIB não cresce.
No entanto, difundiu-se a idéia
entre demagógica, oportunista e ignorante que “não se come PIB é simplesmente a
renda nacional. Sem nada não se consome nada, a não ser com empréstimo,
dívidas. Toda a agitação desordenada do governo Dilma Rousseff produziu, em
termos macroeconômicos, sinais de estresse e dissipação inútil de energia,
inflação, déficits, dívidas, descrédito, empecilhos à retomada do crescimento
nos próximos anos.
Fonte: Vinicius Torres / Jornal
Alto Madeira
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