domingo, 31 de agosto de 2014

Goleada: inflação 6% x PIB 1%

A inflação passou do limite maior da folgada meta brasileira de variação de preços, soube-se ontem. Foi a 6,52%, dois centésimos além. Está por aí faz tempo, não faz lá grande diferença pratica. Deve terminar o ano perto de disso, 6,5%, assim como o crescimento da economia, do PIB, deve ficar perto de 1%.

Os resultados do último ano do governo de Dilma podem ser atribuídos à política econômica da presidente. Para o bem ou para o mal, nem sempre os governos são capazes de influenciar o desempenho da economia de modo relevante, no curto prazo (um, dois anos), a não ser em casos de incompetência extrema ou de fraude inesperada (estímulos econômicos loucamente insustentáveis).

Governos sobem no bonde andando, caso de 2011, para Dilma. Enfrentam infortúnios de crises externas, como a piora mundial de 2012. Em 2014, porém, não há  como dizer que Dilma colheu o que plantão: uma espécie algo exótica de estagflação (inflação relativamente alta com crescimento baixo). Exótica porque o desemprego á baixo.

Durante os anos de Dilma Rousseff, portanto, a tendência terá sido de piora do PIB e da inflação. Nos caos de Lula da Silva, a tendência foi de melhora do PIB e melhora da inflação, mesmo ainda quando os resultados eram horríveis, em meados de 2003. Esse progresso foi interrompido, temporariamente, apenas pelo colapso mundial de 2008.

Apesar do mau estado da economia mundial e de seus efeitos nocivos no Brasil, Dilma não teve de lidar com os efeitos de colapsos externos, como secas de capital e desvalorização extremas da moeda. Evidente foi a deterioração lenta, gradual e seguramente daninha da administração macroeconômicas que solapou as bases, que era pouco e se acabou.

A poupança do governo baixou a cada ano (o déficit nominal subiu progressivamente). Em suma, o governo gastou além da conta.

O consumo do país cresceu continuamente, o que em parte se refletiu no aumento do déficit externo (a diferença entre o que o Brasil exporta e importa, vende e compra no exterior, em bens e serviços).

O consumo cresceu continuadamente por causa de gastos diretos do governo e endividamento extra, dívida feita para carrear dinheiro para que os bancos públicos emprestassem mais dinheiro, quando os bancos privados julgavam mais prudentes pisar no freio. O investimento do governo não cresceu, o investimento privado foi crescendo cada vez mais devagar e passou a míngua.

Sim, o desemprego está baixo (embora a quantidade de gente empregada cresça de modo cada vez menor), mas a produção brasileira não cresce não oferta produtos a bom preço – a produtividade não cresce. Ou compramos lá fora (déficit externo) ou temos inflação. O PIB não cresce.

No entanto, difundiu-se a idéia entre demagógica, oportunista e ignorante que “não se come PIB é simplesmente a renda nacional. Sem nada não se consome nada, a não ser com empréstimo, dívidas. Toda a agitação desordenada do governo Dilma Rousseff produziu, em termos macroeconômicos, sinais de estresse e dissipação inútil de energia, inflação, déficits, dívidas, descrédito, empecilhos à retomada do crescimento nos próximos anos.

Fonte: Vinicius Torres / Jornal Alto Madeira



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