segunda-feira, 14 de novembro de 2016

TRIBUTAI AO SENHOR, Ó FILHOS DE DEUS

O ser humano experimenta sempre a precariedade no transcorrer da sua jornada. E quantas dúvidas e perguntas se faz constantemente! Nem sempre consegue dar respostas, sobretudo o seu relacionamento com a mãe natureza. Quantas questões! Mas, segundo o autor do salmo 28 das Sagradas Escrituras, temos que dar espaço a Deus na vida. É Ele que se manifesta sempre, até na mãe natureza e seus eventos. Saber conviver com ela, por exemplo, pode experimentar a sua presença. Portanto, até a natureza pode revelar essa presença majestosa de Deus. É necessário ler com muita atenção esse hino, e eu diria meditando-o no profundo do silêncio.

“Tributai ao Senhor, ó filhos de Deus, tributai ao Senhor glória e poder! Rendei-lhe a glória devida ao seu nome; adorai o Senhor com ornamentos sagrados. Ouve-se a voz do Senhor sobre as águas! O Deus de grandeza atroou: o Senhor trovejou sobre as águas imensas! A voz do Senhor faz-se ouvir com poder! A voz do Senhor faz-se ouvir com majestade! Fendem-se os cedros à voz do Senhor, quebra o Senhor os cedros do Líbano. Faz saltar o Líbano como um novilho, e o Sarion como um búfalo novo. A voz do Senhor despede relâmpagos, a voz do Senhor abala o deserto. O Senhor faz tremer o deserto de Cades. A voz do Senhor retorce os carvalhos, desnuda as florestas. E em seu templo todos bradam: glória! O Senhor preside ao dilúvio, o Senhor trona como rei para sempre. O Senhor há de dar fortaleza ao seu povo! O Senhor abençoará o seu povo, dando-lhe a paz!”

Depois dessa leitura bem concentrada, agora vamos fazer uma análise do texto para ter um melhor entendimento. É um salmo bem antigo que apresenta estruturas, constelações e termos do mundo indígena pré-israelítico. Este cenário é representado pela cultura Cananeia do seu deus da tempestade, Baal Hadad, que tinha a divindade suprema. Nos versículos de 3-9 do salmo, fala-se de uma tempestade que aterroriza a harmonia dos lugares tão conhecidos do mediterrâneo ao Líbano, de Jerusalém até o deserto. Essa violência da tempestade espanta os animais e a sua natureza. Porém, o fiel confia em Deus que está acima de tudo isso.

Com Deus, nada se teme, porque Ele reina no cosmo e na história. Perante o caos do mal, do aniquilamento e das tempestades da história, o crente confia cegamente na presença criadora e soberana de Yhwè. Ele é o Juiz justo e por isso derruba os adversários e soberbos que eram considerados quais ‘arvores majestosas e seculares’ que dominavam os outros. Com isso, revela-nos esse salmo como Deus está acima de tudo isso com a sua presença e julgando a história com toda a sua iniquidade. O nosso papa Francisco, nesse sentido, nos ajuda a focalizar melhor tudo isso, para
os dias de hoje, dizendo que “às vezes, todos nós somos ameaçados quando devagar-devagar nos afastamos do Senhor, quase de leve, sem muitos clamores, vivendo de maneira muito mundana e bem materialista. Assim não percebemos mais a sua presença porque a trocamos com os ídolos da vida que o próprio ser humano constrói.”

Por exemplo, como se chega a isso? Diz o papa: “Quando se frequenta a Igreja, vive a tua vida cristã como se fosse ‘um hábito cultural’, assim se perde a relação filial com Deus”. Essa atitude, esse comportamento não leva a fazer uma verdadeira adoração a Deus. Assim sendo, Deus deixa sozinho esse tipo de fiel. Deus é tão onipotente que respeita até essas atitudes de vida. Porém, continua o papa Francisco: “É a derrota: um povo que se afasta de Deus acaba assim”.
Acrescenta o Pontífice: “E é uma lição válida para todos. Também hoje. Inclusive nós, aparentemente, somos devotos, temos um santuário, temos muitas coisas...” Mas, perguntou Francisco, “está o teu coração com Deus? Sabes adorar a Deus?. E se crês em Deus, mas num deus um pouco nebuloso, distante, que não entra no teu coração, e se tu não obedeces aos seus mandamentos, então significa que estás diante de uma derrota”.

Por isso, disse Francisco concluindo a homilia, “peçamos ao Senhor que a nossa prece tenha sempre aquela raiz de fé. Peçamos a graça da fé. Com efeito, a fé é um dom que não se aprende nos livros. Uma dádiva do Senhor que deve ser pedida. Concedei-me a fé! Portanto, devemos pedir ao Senhor a graça de rezar com fé, de estarmos certos de que tudo o que lhe pedirmos nos será dado, com a segurança que nos dá a fé. Esta é a nossa vitória: a fé”. Desse jeito, faremos a experiência de um Deus presente que fará justiça, abençoando o seu povo, dando-lhe a paz. A paz que tanto é desejada pelo mundo inteiro.

Fonte: Claudio Pighin, sacerdote, jornalista italiano naturalizado brasileiro, doutor em teologia, mestre em missiologia e comunicação.



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