quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Jogador veterano de Rondônia atua no futebol boliviano por renda extra

Roberval Marques, de 43 anos, mora em Guajará-Mirim e recebe cerca de R$ 6 mil por temporada, de equipes bolivianas na fronteira


O salário de grandes nomes do futebol mundial como Neymar, Messi e Cristiano Ronaldo são inimagináveis para um funcionário público que ganha pouco menos de R$ 2 mil para sustentar uma família de cinco pessoas. O veterano do futebol amador, Roberval Marques, que mora em Guajará-Mirim, nunca teve a oportunidade jogar profissionalmente, mas sente o gostinho de ganhar uma renda extra fazendo gols em competições na Bolívia, o que para ele é um feito comparado aos craques que brilham nos campeonatos mais valorizados do mundo da bola.
Roberval Marques atua no futebol boliviano e mora no Brasil (Foto: Júnior Freitas)Roberval Marques atua no futebol boliviano e mora no Brasil (Foto: Júnior Freitas)
Muito valorizado no futebol veterano local, e popularmente conhecido por Val, o atacante trabalha como vigilante na Prefeitura Municipal e não se contenta em jogar somente na categoria dos quarentões. O jogador conta que ainda tem fôlego para correr com a galera mais jovem nos torneios adultos do município e ainda ganha um  extra no salário de equipes bolivianas para atuar nas categorias sênior e super sênior (acima de 40 anos) em Guayaramerín, cidade boliviana localizada na fronteira com o Brasil.
O pagamento dos times bolivianos é de aproximadamente R$ 2 mil por torneio, e como ele chega a jogar até três campeonatos amadores por temporada, com cerca de 20 jogos cada, a renda extra chega a R$ 6 mil, o que ajuda a pagar as contas de casa e dar um pouco mais de conforto para a esposa e os filhos. Val conta que além do "bicho" que recebe para viajar e jogar na Bolívia, ainda tem um pagamento extra caso marque gols nas partidas.
– Esse dinheiro ajuda demais, não é muito, mas já é o bastante para que a gente se vire e possa aumentar um pouco a renda, além de aliviar nas contas. Sou o artilheiro do campeonato durante quatro anos seguidos lá, por isso sou bastante valorizado. Na categoria sênior, jogo no Real Beni, e no super sênior, jogo no Bolívar, aos sábados e domingos. O contrato lá é informal, feito por temporada. A equipe entra em contato comigo e fecha um pacote de R$ 2 mil por torneio, e eu escolho se quero receber o dinheiro todo de uma vez ou por semana. O jogador brasileiro é muito querido e valorizado na Bolívia, por isso sou tratado como um reforço, como uma estrela mesmo – comentou Val.
Roberval treina em Guajará-Mirim (Foto: Júnior Freitas)Roberval treina em Guajará-Mirim (Foto: Júnior Freitas)
Apesar da vontade, o atleta afirma que não é mais um garoto e fica atento para cuidar do preparo físico e evitar lesões graves. Segundo ele, a preparação é feita diariamente com treinamentos físicos e técnicos com a categoria de base sub-17 e sub-20 da Escolinha de Futebol Meninos da Pérola, que é um projeto que ele atua como jogador e monitor dos garotos que estão começando sua trajetória no futebol.
A escolinha também tem um time principal que participa das competições na cidade e chegou a fazer três amistosos com a equipe profissional do Guajará Esporte Clube, GEC, que representa o município no Campeonato Rondoniense.
– A molecada corre demais, são jovens e muito rápidos, mas eu consigo acompanhar. Meu estilo de jogo é de dribles e finalizações, com velocidade, por isso não sinto dificuldade em treinar com eles. O time é bom e eu procuro passar um pouco da minha experiência para os meninos da base. O GEC fez alguns amistosos com a gente e sentiu a pressão, foram três jogos e eles ganharam dois deles, por 1 a 0 e 2 a 1. O outro terminou empatado em 2 a 2, sendo que eles saíram perdendo de 2 a 0 e tiveram que suar para empatar – conta.
Treino em Guajará-Mirim (Foto: Júnior Freitas)Treino em Guajará-Mirim (Foto: Júnior Freitas)
O veterano conta ainda, que era corredor de 100 metros rasos e só passou a se dedicar ao futebol porque chamou a atenção de alguns técnicos de escolinhas, por causa da velocidade que tinha, e por pouco não virou jogador profissional.
– Minha paixão era atletismo, pois eu competia em corridas rasas, de velocidade. No futebol eu era agressivo e ia para cima do adversário, com dribles e muitos gols, isso acabou chamando a atenção e fez com que eu mudasse o foco do esporte. Não tive chance de fazer teste em times grandes fora do estado, mas tenho certeza que tinha plenas condições de jogar no profissional. Não deu certo porque não tinha empresário e também é muito difícil viajar não tendo condição financeira para isso – relembrou.   
Faltando pouco menos de dois meses para encerrar o ano, Val está participando de duas competições na Bolívia e uma no Brasil. Para 2017, já recebeu quatro propostas de equipes da primeira divisão amadora da Bolívia, mas ainda não decidiu em qual vai jogar. Enquanto a próxima temporada não chega, o atacante aproveita para marcar gols e ganhar dinheiro no futebol amador internacional.
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