quarta-feira, 4 de maio de 2016

NC 750X se veste de luxo

A Honda ganha banho de loja para ficar mais sedutora, com melhorias estéticas e técnicas que elevam preço

A realidade enxergada de forma objetiva e estritamente racional nem sempre é sedutora. Quando a NC foi criada unindo preço abaixo de R$ 30 mil, pilotagem amigável e baixo consumo não foi plenamente compreendida pelo brasileiro. Componentes relativamente simples possibilitavam o preço competitivo e o motor de 2 cilindros focava o torque em vez de potência e rotações, afinal na maior parte do tempo tiramos proveito de força saindo de semáforos ou retomando velocidade, e não em aceleração máxima cambiando e reduzindo marchas alucinadamente. A Honda foi ajustando a rota aos poucos sem perder o rumo estabelecido no começo da jornada, primeiro aumentando o motor de 700cc para 750cc e elevando o limite de rotações para quem queria um pouco mais de emoção na tocada, e agora com uma renovação que troca a praticidade daquela roupa do dia a dia por um vestido mais sedutor.
Para este ano a NC ganhou novos volumes através de abas laterais maiores e mais afiladas, o falso tanque que abriga o porta-objetos foi encorpado e ganhou um litro adicional de capacidade, o acabamento sobre ele foi revisto com orifícios para fixação de mala de tanque e as linhas de maneira geral apresentam mais personalidade com ângulos bem marcados. Enfim, uma plástica para deixá-la com mais personalidade, mais sexy, que também inclui mais que atributos para agradar os olhos, alguns com vantagens práticas como LEDs iluminando farol e lanterna traseira, ou o novo painel que destaca o conta-giros colorido e pode ser configurado em nove cores, inclusive mudando de cor (se assim for ajustado) conforme os giros sobem.
Acelerando não há mudança no comportamento do motor, mas a ponteira de escape trapezoidal responde com ronco mais encorpado, sussurra para empolgar quem está no comando. Embora o ronco seja mais forte e audível pela cidade, em velocidade de cruzeiro na estrada é agradável e não prejudica o conforto. O chassi usa uma nova liga de aço carbono mais rígida e novas suspensões, um amortecedor traseiro que incorpora sete regulagens de carga da mola e garfo Showa com duas válvulas internas para passagem do óleo, uma atua em pequenas irregularidades e movimentos mais suaves da suspensão e outra quando o movimento é brusco e demanda mais resistência ao impacto.
Nova dinâmica
Nas curvas do roteiro que percorremos descendo a serra para o litoral Norte paulista e seguindo pela costa até o Sul do Rio de Janeiro este novo conjunto se mostrou um pouco mais rígido que o anterior, a NC ganhou estabilidade em alta velocidade e absorve muito bem oscilações e solavancos menos agressivos; já em condições de piso ruim transmite parte da energia para o resto do conjunto. O pára-brisa 5 cm mais alto faz diferença na estrada, em velocidades mais elevadas protege o piloto desviando o fluxo de ar sem causar turbulência no capacete de quem tem 1,80m de altura.
Esta nova NC também calça pneus diferentes, trocaram os Pirelli Scorpion Trail instalados na mudança anterior, quando virou 750, que tinham o objetivo de torná-la mais ágil nas mudanças de direção devido à curvatura mais pronunciada da banda de rodagem, o que realmente ocorreu e elogiamos muito na época. A ideia foi deixá-la mais à vontade para rodar por trechos de terra batida, portanto optaram pelos Dunlop Trailmax TR91 de sulcos maiores que incrementam o caráter aventureiro, o que veio acompanhado de um comportamento menos abusado nas mudanças rápidas de direção. Neste movimento de upgrade da NC passa a existir apenas a versão equipada com freios ABS, que recebeu novas pinças mais potentes e de melhor pegada.
As mudanças sem dúvida tornaram a NC mais atraente, com o apelo correspondente ao que se espera de uma motocicleta de alta cilindrada e que teve o preço ajustado para R$ 36.500. Não é mais uma moto estritamente funcional e econômica, o que se pode notar pelos investimentos para entregar mais valor por todos os cantos, inclusive na adoção de suspensões e freios tecnicamente mais sofisticados. Veremos um movimento semelhante na mudança da família 500 nos próximos meses, que sem dúvida é bem-vindo, mas implica em aumentos de preço que serão avaliados pelos potenciais compradores de acordo, também, com o tamanho dos reajustes da concorrência. No cenário atual, a NC 750X está pouco mais cara que Kawasaki Versys 650, Suzuki V-Strom 650 e BMW G650GS, vendidas por R$ 35.900, e abaixo dos R$ 37.690 cobrados pela Triumph Tiger 800 XR. 
Fonte: Revista Duas Rodas

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