Foram mais de 32.000km entre Santiago, Ushuaia e os Estados Unidos...
Tenho pelo menos uma dúzia de amigos que me dizem "um dia eu vou cruzar a América de moto".
Sem dúvida, isso é sonho de muitos motociclistas. Os motivos são os mais variados. Eu, que felizmente já empreendi essa viagem, e depois, a vida e minhas prioridades, me possibilitaram rodar por outras bandas, como Europa, norte da África e uma esticada até Moscou, posso dizer: o continente Americano, principalmente no trecho do sul da Bolívia até Ushuaia, é para lá de especial no que tange a viagem de moto.
Possui locais deslumbrantes, como a Patagônia, Deserto de Atacama, Nazca, Uyuni, inúmeros vulcões e tantos outros locais tendo como "vizinha" a Cordilheira dos Andes. Costumo dizer para motociclistas europeus que não conhecem a América do Sul, que devem se programarem para fazê-lo, porque é sensacional.
Muitos pensam que para cruzar o continente americano, é preciso de uma "super moto", muita grana e é necessário além de coragem, muito planejamento para realizar a viagem. Ledo engano. Essa história que resumimos aqui da motociclista Elisa é prova disso. O que é preciso é atitude em querer realizar um sonho pessoal.
Ela viajou por toda a América, pilotando uma Honda CG 125cc, gastando uma média de US$ 30 por dia, sozinha e sem planejamento algum. Sua moto não teve nenhum acessório especial, ela não usou GPS, só mapas impressos. Nunca antes tinha feito uma viagem de moto.
Elisa Wirkala nasceu no Brasil, mas se mudou para Seattle nos EUA em 1987. Sua mãe é argentina, dessa forma fala um pouco de Português, já espanhol e inglês fluente.
Quando criança, seu pai sempre contava para ela histórias de viagem, como uma que ele fez de carro desde Washington/EUA para o Brasil. Assim, ela foi se apaixonando por viagens e sabia que um dia faria as suas.
Além de motociclista, ela curte jardinagem, alpinismo, já deu aulas de espanhol e realizou trabalhos numa fazenda.
Em 2014, Elisa realizou uma grande viagem, na realidade, uma façanha, visto que ela a fez sozinha numa moto de 125cc. Cruzou 15 países da América, desde Santiago, para Ushuaia e de lá para Seattle/EUA, percorrendo mais de 32.000km durante 240 dias nas estradas.
Tudo começou em 2013, quando Elisa estava na Austrália, numa viagem "convencional" e conheceu um casal de motociclistas australianos que tinham acabado de realizar uma viagem de moto na América. Pegou algumas dicas e começou a pensar em fazer o mesmo.
Diferente de muitos motociclistas que dizem que é "necessário muito planejamento", 10 dias depois que Elisa conversou com o casal, já estava em Santiago/Chile, onde comprou uma moto, "desceu" até Ushuaia e de lá "subiu" a América até os EUA!
Segundo os relatos da Elisa, ela acampou muito durante a viagem. Alguns trechos fez na companhia de amigos. Percorreu muitas estradas de terra na América do Sul. Sofreu algumas quedas, mas nada grave.
Enfrentou neblina em estradas no alto da Cordilheira dos Andes, chuva, frio e calor. Teve também, por algumas vezes, consertar os furos dos pneus da sua moto, coisa que ela mesma fazia. Cruzou países que muitos dizem ser perigosos, como a Bolívia, Colômbia, Nicarágua, Honduras, Guatemala e México. E é apenas uma "menina".
A viagem pela América da Elisa foi bem econômica, gastou em média US$ 30 por dia. Incluso tudo: combustível (moto de 125cc), alimentação e estadia (acampou bastante). Durante o percurso, por toda a América, ela relata ter encontrado com os mais diversos tipos de viajantes, muitos de bicicleta, cruzando todo o continente.
Através do site dela, escrito em Inglês, para quem curte histórias de longas viagens, temos a possibilidade de ler sobre suas vivências pela América. A narrativa é rica em textos e fotos.
Blog da Elisa: travelbugblues.com
Fonte: Por Policarpo (43 anos), motociclista residente em Londres/UK. Já viajou de moto por mais de 40 países. Percorrendo regiões entre os extremos da América (SP-Ushuaia-Alaska), Europa, norte da África e adentrou na Rússia até Moscou. - RockRiders.com.br - Rock riders.
Um comentário:
Muito bom!um incentivo para quem acha que moto de viagem, é só de alta cilindrada.
Postar um comentário