domingo, 4 de março de 2018

EXULTAI EM DEUS, NOSSO DEFENSOR

Deus não gosta de opressão nem de escravidão. Ele faz de tudo para libertar a sua obra prima, o ser humano, e fazê-lo feliz. Tereza, uma senhora de 99 anos, acamada o tempo todo, repete toda hora: “tudo passa, tudo passa, até a morte passa”. A grande experiência de fé em Deus e a certeza de que Ele está do seu lado a leva a repetir essa grande verdade que tudo passa nesse mundo onde estamos. Mas Deus não passa e, portanto, a nossa aposta está totalmente Nele. O salmo 80 das Sagradas Escrituras nos ajuda a compreender melhor isso.

"Exultai em Deus, nosso protetor, aclamai o Deus de Jacó. Tocai o saltério, vibrai os tímbales, tangei a melodiosa harpa e a lira. Ressoai a trombeta na lua nova, na lua cheia, dia de grande festa, porque é uma instituição para Israel, um preceito do Deus de Jacó; uma lei que foi imposta a José, quando ele entrou em luta com o Egito. Eis que ouviu uma língua desconhecida: Aliviei os seus ombros de fardos, já não carregam cestos as suas mãos, na tribulação gritaste para mim e te livrei; da nuvem que troveja eu respondi, junto às águas de Meribá eu te provei. Escuta, ó povo, a minha advertência: Possas tu me ouvir, ó Israel! Não haja em teu meio um deus estranho; nem adores jamais o deus de outro povo. Sou eu, o Senhor, teu Deus, eu que te retirei do Egito; basta abrires a boca e te satisfarei. No entanto, meu povo não ouviu a minha voz, Israel não me quis obedecer. Por isso, os abandonei à dureza de seus corações. Deixei-os que seguissem seus caprichos. Oh, se meu povo me tivesse ouvido, se Israel andasse em meus caminhos! Eu teria logo derrotado seus inimigos, e desceria minha mão contra seus adversários. Os inimigos do Senhor lhes renderiam homenagens, estaria assegurado, para sempre, o destino do meu povo. Eu o teria alimentado com a flor do trigo, e com o mel do rochedo o fartaria."

O salmo mostra a força de Deus entre nós. É um salmo que canta a libertação histórica oferecida por Deus pelo famoso êxodo do Egito. Exaltam-se os prodígios da libertação da escravidão de trabalhos massacrantes impostos pelo Faraó do Egito. Deus fica do lado do povo de Israel oprimido: “Aliviei os seus ombros de fardos, já não carregam cestos as suas mãos”. O hino é ritmado pelo verbo ‘escutar’ que significa o seguimento fiel e obediente ao seu Deus que o salva. É essa escuta insistente que reaviva e anima a esperança do seu povo. O salmo inicia exultando o grande compromisso com a Aliança de Deus com o seu povo, porém logo em seguida a constatação da infidelidade do próprio povo escolhido, Israel, e termina com a alegria da esperança: “Eu o alimentarei com a flor do trigo, e com o mel do rochedo o fartarei”.

Deus gostaria de alimentar o seu povo com um grande banquete, como símbolo da prosperidade da terra prometida. Assim sendo, a bíblia revela que aquele aparente ‘abandono’ do seu escolhido por parte de Deus é na verdade o amor e a confiança nele. Deus não ama julgar, mas salvar. Naturalmente para entrar nessa ótica de Deus, como diz o salmo, precisa ter capacidade de escutar e Ele te abrirá a boca e te satisfará. E a respeito de saber escutar o nosso Deus o papa Francisco nos falou na homilia do dia 23.06.2017:

“Ele se apaixonou pela nossa pequenez e por isso ele nos escolheu. E ele escolhe os pequenos: não os grandes, os pequenos. E Ele se revela aos pequenos: ‘Escondestes essas coisas aos grandes e poderosos e as revelastes aos pequeninos!’ Ele se revela aos pequenos: se você quer entender algo do mistério de Jesus, abaixe-se: faça-se pequeno. Reconheça que você não é nada. E não só escolhe e se revela aos pequenos, mas chama os pequenos: 'Vinde a mim, todos vós que estais cansados e sobrecarregados: Eu vos aliviarei'. Vós que sois os mais pequenos - pelos sofrimentos, cansaço ... Ele escolhe os pequenos, se revela aos pequenos e chama os pequenos. Mas os grande Ele não os chama? O Seu coração está aberto, mas a voz, os grandes, não conseguem ouvi-la porque eles estão cheios de si mesmos. Para ouvir a voz de Deus, é preciso se fazer pequeno”


Fonte: Claudio Pighin -  Sacerdote, doutor em teologia, mestre em missiologia e comunicação.

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