Evangelho de Marcos 9, 2-10
A narração da Transfiguração é a confirmação de que Jesus é verdadeiramente Deus. É um encorajamento aos discípulos a segui-Lo, a não se deixar desanimar perante as dificuldades do discipulado. O evangelista Marcos, com uma escrita de estilo bem jornalístico, revela o caminho de Jesus para Jerusalém, onde será crucificado e morto. Porém, ao terceiro dia, ressuscitará. Isto o faz através das imagens do rosto transfigurado, das vestes resplandecentes, da nuvem e da voz do céu. Este Jesus que vai para Cruz é, de fato, o Senhor glorioso, e não devemos desconfiar. Quer dizer, pra nós, que não devemos cair na tentação de acreditar em um Deus diferente de Jesus; de um Deus que carrega a cruz e que morre na cruz.
O triunfo, a gloriosidade do nosso Deus, passa pela cruz, para alcançar a Ressurreição. Infelizmente, como naquele tempo com os discípulos, também nós temos dificuldade em acreditar, compreender como a cruz esconde a glória. Talvez, porque temos uma educação, desde criança, na qual o que vale ou prevalece na vida é aquele que sempre vence ou se torna o melhor que os outros. Essa mentalidade vitoriosa entra em conflito com a de Jesus. Portanto, a Transfiguração, a contemplação da glória do Filho, é uma etapa de fortalecimento na fé em Jesus. Confiar cegamente naquilo que, para nós, parece uma derrota, no entanto, para Deus é o contrário: a vitória. Em uma caminhada de fé, os perigos de desconfiar fazem parte do percurso da existência cristã.
Nós temos a obrigação de discerni-los, reconhecendo que são sempre limitados e provisórios. Como cristãos, não temos outra alternativa, senão o caminho da cruz. Com certeza, até aos nossos dias temos momentos de conforto em revelações para nos confirmar na nossa caminhada de fé. Deus nos ama e não nos abandona. De fato, Marcos nos diz que existe uma ordem em escutá-Lo. A escuta é a característica de quem apreende, de quem estuda. Nós entramos na escola de Jesus, e temos o dever de sermos bons alunos. Precisamos dar o máximo da nossa atenção para entender o seu ensino. Somente assim, podemos reconhecer a verdade. Requer, em última análise, que a nossa inteligência tem que ser conjugada com a coragem, porque não é suficiente compreender o ensino, mas devemos coloca-lo em prática.
É nisso que nos ajuda a nos superar. Na nossa vida, e nos momentos mais difíceis, lembraremos sempre que Jesus é o nosso Senhor. É a nossa luz e a força da nossa caminhada neste pequeno chão da nossa peregrinação. Concluindo, ponho-me a seguinte pergunta: quanto silêncio consigo fazer ao meu redor para saber escutar a voz do nosso Deus que me convida a dar toda a minha atenção às Palavras de Jesus? Consigo discernir a Palavra de Deus no dia a dia?
Fonte: Claudio Pighin - Sacerdote, doutor em teologia, mestre em missiologia e comunicação.
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