domingo, 11 de março de 2018

DEUS, LIBERTA-NOS!

Na medida em que a gente se afasta de Deus, o egoísmo se aproxima. A pessoa se sente o centro de tudo e tudo deve rodar em torno o seu ‘ego’. Assim sendo, fica muito mais complicado, por exemplo, saber escutar, reconhecer o valor dos outros e entender que o outro é mais importante do que o próprio eu. Conheci um senhor que trabalhou a vida toda pensando somente em como faturar cada vez mais, enchendo a sua conta no banco. No entanto, até a esposa ele não respeitava, porque o dinheiro era mais importante. Por sinal, ele nem teve filhos. Chegou o momento que faleceu a esposa e homem ficou sozinho, mas ele se consolava e se sentia seguro com a fortuna do dinheiro que tinha. Passaram uns anos e a sua saúde não aguentou e teve que ser internado num asilo, porque ficou sozinho, sem ninguém. Aliás, com o dinheiro. Foi nesta fase da vida que começou a despertar o que é a vida dele. Então, tomou consciência da sua pequenez e de que o dinheiro era nada. Por isso, passa dia chorando o tempo todo. A única coisa que lhe sobrou foram o lamento e as lágrimas. Quem pode nos libertar dessa escravidão da materialidade do dinheiro? O salmo 81 das Sagradas Escrituras nos ajuda a refletir sobre isso.

“Levanta-se Deus na assembleia divina, entre os deuses profere o seu julgamento. Até quando julgareis iniquamente, favorecendo a causa dos ímpios? Defendei o oprimido e o órfão, fazei justiça ao humilde e ao pobre, livrai o oprimido e o necessitado, tirai-o das garras dos ímpios. Eles não querem saber nem compreender, andam nas trevas, vacilam os fundamentos da terra. Eu disse: Sois deuses, sois todos filhos do Altíssimo. Contudo, morrereis como simples homens e, como qualquer príncipe, caireis. Levantai-vos, Senhor, para julgar a terra, porque são vossas todas as nações."

Quem poderia ser uns dos inimigos que oprimem as pessoas nos dia de hoje? Eu creio que o desejo de ter cada vez mais, de concentrar a própria vida no dinheiro, é uma verdadeira ameaça à vida humana. Este salmo se concentra na palavra ‘deuses’. E esses ‘deuses’ tiveram uma dupla interpretação. No começo, quando foi redigido, teve a interpretação contra a idolatria. O Deus verdadeiro revela a nulidade desses deuses. Não são capazes de nada. Esses ídolos não sabem libertar o oprimido e defender a justiça. Esses deuses desaparecem. No entanto, o Deus verdadeiro é um Deus libertador, que vai além do tempo e do espaço e não tem limites.

Este salmo no período da profecia, no Antigo Testamento, sobre a questão da justiça, foi muito usado contra a corrupção das magistraturas. E também, insiste o hino, como Deus combate os
poderosos deste mundo, porque são os culpados da opressão e exploração do pobre. Sempre segundo o salmo, esses poderosos se iludem de ser onipotentes e imortais, mas são como todo mundo votados à morte. Único justo e imparcial é Deus. É Ele o Senhor da história. E sua realeza nos garante de sermos deuses, enquanto suas obras. E esta obra é marcada pela sua graça, porque fomos resgatados pela sua Salvação, e porque adotados como filhos e filhas Dele.

Nesse sentido, podemos erguer a nossa cabeça e contemplar a maravilha da nossa vida. E o nosso papa Francisco nos ajuda a compreender melhor essa nossa preciosidade de filhos e filhas de Deus, por meio da homilia feita em Santa Marta, no dia 4 de julho de 2013: “Reconciliando o mundo em Cristo em nome do Pai: "esta é a missão de Jesus. Todas as outras, as curas, o ensinamento, as repreensões são apenas sinais desse milagre mais profundo que é a recriação do mundo. Uma bela oração da Igreja diz: "Ó Senhor, você que criou o mundo maravilhosamente, mais maravilhosamente você o redimiu, você o recriou"». A reconciliação é, portanto, a recriação do mundo e a missão mais profunda de Jesus é a redenção de todos nós pecadores. E "Jesus - acrescentou o Papa - isso não acontece com palavras, não com gestos, não andando na estrada, não! Ele faz isso com sua carne. É ele, Deus, que se torna um de nós, homem, para nos curar de dentro ". Mas, o Pontífice se perguntou: "pode-se dizer que Jesus se tornou um pecador? Não é assim, porque ele não podia pecar. São Paulo diz a palavra certa: ele não se fez pecador se fez pecado (ver 2 Coríntios 5, 21). Ele tomou todo o pecado sobre si mesmo. E isso é lindo, esta é a nova criação", é "Jesus que desce da glória e se abaixa até a morte e a morte na cruz. Essa é a sua glória e esta é a nossa salvação. E a cruz no final, se faz pecado (veja 2 Coríntios 5:21) ".

Fonte: Claudio Pighin - Sacerdote, doutor em teologia, mestre em missiologia e comunicação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário