Evangelho de João 2, 13-25
O evangelista João faz questão de dizer que ‘estava próxima a Páscoa dos judeus’ e que Jesus, como perfeito judeu, participa da festa. Jesus um judeu, porém, que se opõe aos judeus do Templo. Por quê? Essa Páscoa dos judeus não é mais a Páscoa do Senhor, porque a verdadeira Páscoa é a de Jesus, com a sua morte e ressurreição. É ela que liberta definitivamente as pessoas. No entanto, aquela Páscoa de libertação do faraó e do povo egípcio foi temporária, limitada. Por isso, Jesus diz que é Ele o verdadeiro Templo. Aquele ‘Templo edifício’ foi superado. Esse Templo, no lugar de promover uma presença de Deus, de oração, tornou-se um grande comércio.
Então, Jesus “fez ele um chicote de cordas, expulsou todos do templo, como também as ovelhas e os bois, espalhou pelo chão o dinheiro dos trocadores e derrubou as mesas”. Esta é uma imagem tradicional com a qual se identificava o Messias. De fato, a vinda do Messias era representada com chicote na mão com o qual deveria chicotear os pecadores. Assim sendo, o evangelista quer confirmar que Jesus é o Messias. É assim, também, que Jesus se proclama Messias. Naturalmente, tudo isso provoca grande tensão entre os chefes dos judeus, porque este Jesus é um perigo para o poder deles, representado por este tipo de templo.
No final, quis dizer Jesus que não se pode fazer uma experiência de Deus com o poder do dinheiro. E o Mestre falando do Pai indica o seu papel de Filho, isto é, é Ele que representa o Pai entre nós. Desse jeito, mostra toda autoridade em denunciar um culto de Deus reduzido em negócios, isto é idolatria; justamente aquilo que sempre Deus combateu severamente na história de Israel. Nesse sentido, Jesus ataca a instituição central de Israel, o templo: este é o símbolo do povo e da eleição. Essa atitude do Mestre revela que o templo perdeu o seu papel histórico de ser o sinal da morada de Deus no meio do seu povo.
Por isso, os discípulos lembraram: “O zelo da tua casa me consome.” Logo em seguida, os judeus reagiram dizendo: “Que sinal nos apresentas tu, para procederes deste modo?” Eles pedem um sinal e Ele dá-lhes aquele da sua morte. Assim, Jesus revela que Ele é o verdadeiro Templo que garante a presença de Deus entre nós. A sua morte na cruz é o Templo que manifesta o Deus vivo e definitivo. Com isso, mostra que o templo de pedras, construído pelos homens, caiu e quem o substitui é Jesus, porque Ele é Deus e Nele está presente Deus Pai.
Ainda hoje precisamos nos preocupar com aquilo que é a nossa maior atenção: ao templo material ou ao Templo Jesus? Assim sendo, a experiência de Deus na vida das pessoas pode ser feita em qualquer lugar e em qualquer momento da vida. Um Deus que pode ser vivido sem limites territoriais. A partir dessa experiência, do Templo indestrutível que é Jesus, leva o fiel a testemunhar a sua vocação de chamado e enviado em qualquer lugar. Com essa grande verdade, Deus se oferece à humanidade e ela simplesmente se abre para acolhê-Lo.
Fonte: Claudio Pighin - Sacerdote, doutor em teologia, mestre em missiologia e comunicação.
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