Evangelho de João 3, 14-21
O nosso mestre Jesus nos revela que somos julgados por nós mesmos, a partir de nossa opção de vida. De fato, sabemos que Deus, segundo as Sagradas Escrituras, quer salvar a humanidade. Por isso, envia seu único filho, Jesus, como o Salvador. Portanto, é evidente que sua presença, seu testemunho, provoca um julgamento. É com Ele que projetamos e determinamos a nossa vida, a partir do nosso dia a dia, do nosso presente, até o nosso futuro. Sem Ele, eu creio, fica muito complicado termos a sabedoria de uma vida sem fim. Repito: as nossas capacidades intelectuais e emotivas, por quanto possam ser excelentes, nunca terão a perspicácia de enxergar além da nossa realidade, da nossa corporeidade. Nossa finitude se esbarra no nosso tempo, e não consegue ir além.
Nosso mestre Jesus, no entanto, é o infinito. Por isso, insistindo somente com o finito, torna-se impossível fazer uma experiência infinita, que é Jesus. Para podermos compreender melhor meu raciocínio, é bom fazermos um exemplo: imagine uma pessoa acostumada a fazer todo dia a mesma coisa. Quando alguém lhe propõe algo diferente, ela logo desconfia e assim persiste no velho costume não se arrisca a começar novas experiências. A proposta de Jesus quer interromper muitas maneiras de ser que se opõe a Deus, mas as pessoas não têm coragem de assumir compromisso com essa novidade. É mais cômodo viver a rotina de sempre. A proposta do evangelista crê que o agir condicione o compreender.
De fato, vemos que quem faz o mal tenta sempre se justificar ou, inclusive, se achar inocente. Como se diz popularmente “não tá nem ai”. Desse jeito, fomenta-se uma conduta de vida falsa. E Jesus, que sonda o coração das pessoas, nos diz que somente aquele que se esforça a viver corretamente poderá se abrir a Deus. Mostrando total disponibilidade para seguir caminhos de vida não egoísticos. Uma pessoa assim é sempre disposta a se despojar de tantas certezas que fortalecem o próprio ‘eu’. É parecida a alguém que tem um cofre e, abrindo-o, procura as coisas que possam favorecer a fraternidade, a justiça e a caridade. Nossa vida é uma escolha. Por isso, Jesus diz que não é só questão de fazer o mal, mas de fazê-lo conscientemente. Na prática, de querer amar o mal. Viver por ele.
Tudo isso impede de nos abrirmos a Deus. Consequentemente, como diz Jesus, não se consegue ‘fazer a verdade’, isto é, não tanto em saber tantas coisas, ideias de Jesus, mas em assumir compromissos com Jesus, com seu projeto. Assim sendo, é a nossa conduta de vida que nos separa de Deus. A rejeição consciente e repetida dessa oferta de vida deixa o ser humano em uma condição de morte. Concluindo, pergunto-lhe: a opção de Jesus, o Cristo, na sua vida é consciente, motivada? Ser fiel a Jesus condiciona a sua conduta de vida no sentido positivo?
Fonte: Claudio Pighin - Sacerdote, doutor em teologia, mestre em missiologia e comunicação.
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