Tem gente que detesta ouvir ou ler algo sobre o regime militar, a não ser que seja pra esculhambá-lo. Mas História é História e não há como mudar o que está em seus anais. Por isso, continua sendo atual, até hoje, entrevista concedida pelo último Presidente militar, João Batista Figueiredo, que comandou a abertura política, depois de 20 anos de ditadura. Numa conversa com o jornalista Alexandre Garcia, depois de ter deixado o poder, gravada para a Rede Manchete, Figueiredo contou porque, entre outros motivos, se deu mal nas relações políticas: “Eu tentei usar no Governo o mesmo estilo que usava no quartel. Daí é que me dei mal. Porque no quartel, a gente ouvia todo o dia sobre cumprir dever, bandeira do Brasil, priorizar o Pátria, defender o Estado. E aqui fora, só se ouvia sobre interesse particular. A última coisa que eu ouvia falar era em Brasil!” A gravação é de 1985, poucos meses depois de consolidar a democracia e passar o poder a um civil, José Sarney. Hoje, o que está acontecendo? Não é exatamente o mesmo contexto, que mereceu frases duras de Figueiredo e até uma pesada ironia, que lhe era peculiar? Ele chegou a relatar, quase em tom de deboche, trecho de uma conversa que teve com um político, que ele não disse o nome, em que questionou: “mas, e o Brasil?” O político olhou para Figueiredo e respondeu, “Ora, Presidente!”, como se o Chefe da Nação, na época, tivesse cometido grande heresia, ao perguntar sobre os interesses maiores do País.
Não se pretende comentar aqui sobre o regime militar, nem seus aspectos negativos, que foram muitos e nem seus avanços, conquistas e questões positivas, que as houve, também. A intenção é se colocar as coisas no tempo e no espaço. Trinta e dois anos depois, a classe política brasileira, em sua grande maioria não evoluiu, porque o eleitor também não evoluiu. Com raras exceções, políticos continuam tratando, primeiro, dos seus interesses pessoais, mesmo que eles sejam contrários aos interesses maiores do Brasil. O mar de lama que corre nas entranhas dos governos (do central e os estaduais); do Congresso e dos parlamentos, afora, é claro, as honrosas e vitais exceções, não começou agora. Ele é resultado de décadas de amor ao próprio bolso e à sua turma, em detrimento do mínimo de amor à Pátria. Nesse quesito, Figueiredo tinha razão. A História não mente!
EXECRAÇÃO E EQUILÍBRIO
Houve quem não compreendesse texto dessa coluna, ontem, falando sobre a grande imprensa. A compreensão, mesmo, não é fácil para todos. Há quem só veja as coisas com paixão e pela pessoalidade da sua lente, embora o tema deva ser discutido sim e tenha múltiplas interpretações. Quando uma série de denúncias coloca na execração pública centenas de pessoas (e quem foi contra o comentário, pode ser vítima um dia desses, por que não?), é sempre bom se ter o bom senso e o equilíbrio da não generalização e de se entender que é preciso não se viver de terra arrasada, porque se um só inocente for jogado aos leões, tudo o que defende a democracia está ameaçado. A colocação dessa coluna foi apenas essa: o equilíbrio no noticiário, o respeito ao contraditório; a necessidade de se dar o mesmo direito a todos. Não foi mais que isso. Interpretações acima dessa afirmativa, ficam por conta de quem não entendeu o que se tentava escrever. Ou quem sabe o colunista não foi o suficientemente claro!
CRUÉIS E COVARDES
Os ladrões estão cada vez mais agressivos e com cada vez com menos medo da lei. Atacam, agridem, são violentos, atiram e, quando presos, ou são soltos pouco depois ou ainda debocham da polícia, avisando que é perda de tempo prendê-los. O pior de tudo, neste contexto de terror a que a população do bem está submetida, é a violência gratuita e cada vez mais covarde. Nessa semana, dois casos a mais chamaram a atenção. Na zona leste, próximo ao Colégio Marcelo Cândia, uma mulher foi assaltada e agredida, porque os bandidos queriam seu celular. Detalhe: ela está grávida e correu o risco de perder o bebê. Já na BR 364, próximo de onde havia o quartel da PM, um homem de quase 60 anos foi barbaramente surrado e seu celular levado. Os criminosos, cada vez mais terroristas, crueis e brutais, quando vão responder por seus crimes, sabem que pouco pagarão. As leis no Brasil são amigas dos bandidos. E inimigas das pessoas de bem.
HILDON E SEUS SEGUIDORES
As redes sociais estão ajudando muito a alguns nomes que surgem agora no cenário político. Um deles, campeão de influência na internet, é o prefeito de São Paulo, João Dória, virtual candidato à Presidência da República, porque em poucos meses no comando da maior cidade do Estado, marca suas ações em todos os recantos do país, com grande sucesso. E o segundo nome nacional em termos de influência nas redes sociais? Ninguém menos que o prefeito de Porto Velho, Hildon Chaves. Dória tem hoje 2 milhões de seguidores nas redes sociais. Hildon já tem quase 154 mil seguidores. Proporcionalmente, Hildon tem nos seus grupos praticamente um quarto da população de Porto Velho. Doria tem menos, um sexto, proporcionalmente à população de São Paulo. Na mesma lista, em sexto lugar, está Nelson Marchezan Júnior, o prefeito de Porto Alegre. Esse nome, certamente o brasileiro vai ouvir falar muito, daqui para a frente.
QUE SURPRESA É ESSA?
Surpreeeesa! Os bandidos, por essa não esperavam! Nessa sexta, em todo o país, as polícias militares vão realizar uma grande operação de combate ao crime, de cata a foragidos, de combate ao tráfico de drogas e roubo de carros e planejam muitas prisões. Seria ótimo, não tivesse um pequeno, mas fundamental problema: a ação está sendo anunciada há dias. Ou seja, deu todo o tempo do mundo para que os criminosos se esconderem, sumirem do mapa, escafederem-se. É incrível! O Brasil deve ser o único país do mundo onde grandes operações policiais são avisadas com grande antecedência, permitindo que a bandidagem tenha tempo suficiente para sumir do mapa, até que a tal ação especial termine. Não seria mais óbvio (sem a gente querer se meter na seara de tantos especialistas em segurança pública), realizar ações de surpresa mesmo, sem avisar ninguém antes?
GUERRA AO ANALFABETISMO
Os índices são assustadores: 11 por cento da população rondoniense é analfabeta. Esse percentual salta para inacreditáveis 24 por cento (segundo dados oficiais do IBGE), quando se analisa a faixa etária de pessoas com mais de 60 anos de idade. Esse grave problema precisa ser atacado e resolvido logo. Foi o que disse o presidente da Federação das Indústrias, Marcelo Thomé, durante reunião do Comitê Técnico Movimento Rondônia Pela Educação, realizada esta semana, quando foi apresentado o projeto Rondônia Alfabetizada, cuja meta é zerar o analfabetismo no Estado. “É inadmissível que 11 por cento da população de Rondônia seja analfabeta. Temos a possibilidade de zerar esse número”, afirmou Thomé. Ele destacou ainda a importância de colocar toda essa gente no mundo do conhecimento e inserindo essas pessoas no processo de desenvolvimento rondoniense.
ÍNDIO QUER ÔNIBUS!
No Dia do Índio, um grupo de Cinta Largas decidiu interromper o trânsito na BR 174, entre Vilhena e a cidade de Comodoro, no Mato Grosso, para faturar uma graninha extra. Os indígenas fecharam a rodovia federal e começaram a cobrar pedágio de quem quisesse transitar. Foi o caos, num longo trecho da estrada. Até que a Polícia Rodoviária foi chamada para acabar com a esculhambação. Quando avisados que estavam praticando pelo menos dois crimes – fechar uma rodovia federal e ainda cobrar pedágio totalmente ilegal – os chefes indígenas disseram que havia um bom motivo para isso. Eles estavam juntando dinheiro para alugar dois ônibus, para que pudessem viajar a Brasília e protestar contra o governo, na próxima segunda, dia 24. Queriam porque queriam os tais ônibus e exigiam pagamento dos motoristas, para que levantassem a grana. Foram dissuadidos a sair da BR 174, mas avisaram que voltarão até o final de semana, porque querem o dinheiro para os ônibus. Assim está o Brasil. Índio quer apito, mas quer também ônibus. Por que, senão, como poderão viajar tão longe para protestar? Parece brincadeira, mas não é!
PERGUNTINHA
Será que todas as delações premiadas tornadas públicas até agora representarão condenações de todos os citados? E os que forem considerados inocentes, mais adiante, recuperarão suas vidas?
Fonte: Jornalista Sérgio Pires / Porto Velho-RO.
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