quarta-feira, 12 de abril de 2017

Opinião de Primeira - AO CONTRÁRIO DE DON QUIXOTE, OS MONSTROS DE HILDON SÃO REAIS!

“Não sou o Don Quixote, porque os meus monstros são reais!”. A frase, criativa, é do prefeito Hildon Chaves, ao discursar nesta sexta, em encontro com autoridades e jornalistas, na sede da Federação das Indústrias do Estado, a Fiero. A criatividade do prefeito da Capital foi além: aproveitou o encontro, realizado em homenagem ao Dia do Jornalista e o lançamento do Prêmio Paulo Queiroz de Jornalismo, para, em seu discurso, matar várias coelhos com uma só cajadada. Primeiro, anunciou a chegada, na sua equipe, de Juscelino do Amaral, um dos nomes mais respeitados na Maçonaria brasileira, como seu novo comandante da Emdur. Logo em seguida, assinou, ali mesmo, decreto de criação da Agência de Desenvolvimento de Porto Velho, que será coordenada por nada menos do que o próprio presidente da Fiero, o competente Marcelo Thomé (anotem esse nome, por você vai ouvir muito falar nele ainda!). No mesmo pacote e falando para a grande maioria dos principais veículos de comunicação do Estado, Hildon Chaves fez o anúncio de que está negociando um financiamento de 150 milhões de reais via CAF, para a construção de um novo Centro Político e Administrativo que sediará a Prefeitura e todos os seus órgãos, assim como o tem, hoje, o Governo do Estado. Para se ter ideia, hoje a Prefeitura gasta em aluguéis, cerca de 800 mil reais/mês, para pagar 18 diferentes endereços. O investimento no novo conjunto de prédios seria de cerca de 50 milhões de reais. Os outros 100 milhões serão utilizados para melhorias na cidade.  

Se as coisas vão bem e os projetos começam a ter vida, por que então Hildon Chaves afirmou que estava enfrentando monstros reais e não os moinhos de Don Quixote? Os motivos são inúmeros. A começar por uma folha de pagamento do funcionalismo que chega a 50 milhões de reais por mês. Uma auditoria que será feita pela Fundação Getúlio Vargas (e que inicia em 10 dias), pretende fazer uma limpeza geral no que está errado. Claro, se algo estiver errado. Outro monstro é o da burocracia. Hildon confessou que usa 60 por cento do seu tempo para atividades de reorganização de uma máquina obesa e ineficiente. O novo prefeito, que recém está chegando aos seus 100 dias no poder, já está mostrando a que veio. Tomara que não seja engolido pelas entranhas do poder e possa fazer todas as mudanças que pretende. Se o fizer, terminará seu mandato consagrado.

UMA HISTÓRIA SURREAL
O empresário Marcelo Thomé, presidente da Fiero e nomeado ontem presidente da Agência de Desenvolvimento da Capital, disse, logo após empossado, que há situações ridículas e surrealistas, nos processos burocráticos da Prefeitura, que precisam ser urgentemente corrigidos, para facilitar a criação de novas empresas na cidade e ampliar o volume de emprego. O prefeito Hildon Chaves concordou na hora. E contou uma dessas facetas da burocracia infernal, que ele começa a enfrentar. “Vocês sabiam que os hotéis de Porto Velho têm que ter um alvará de funcionamento para o dia e outro para a noite”?, perguntou Hildon, ouvindo risadas gerais da plateia presente à Fiero, nessa sexta de manhã. Não era brincadeira e nem piada. O fato, lamentavelmente, é verdadeiro. São coisas como essas que a Prefeitura pretende resolver a curto prazo, para, a partir daí, começar a atrair novos investidores. Como por exemplo, uma fábrica de vassouras e equipamentos, que está há um ano tentando abrir suas portas e oferecer 500 empregos e até hoje não o conseguiu, engolida no labirinto burocrático da Prefeitura.

IMPUNIDADE DE 13 ANOS
A sexta, dia 7, foi um dia de luto, marcado no calendário de Rondônia. Foi nessa data, há 13 anos atrás (2004), que ocorreu a maior chacina já registrada no Estado. Maior inclusive do que a do presídio Urso Branco, registrada em 2002. No presídio, os bandidos presos assassinaram 27 dos seus então colegas de cadeia. Na reserva Roosevelt, naquele sangrento abril, nada menos do que 29 garimpeiros foram brutalmente assassinados. No caso do Urso Branco, todos os responsáveis foram julgados e punidos. No da matança dos Cinta Largas, até hoje o processo sequer saiu das gavetas do Ministério Público Federal. A única sentença judicial emanada foi contra os interesses da família de um dos garimpeiros brutalizados, que exigia indenização. O juiz, na época, culpou o morto por sua morte, alegando que ele sabia dos riscos que corria por estar ilegalmente na reserva. Essa chacina impune, uma  vergonha para o Judiciário brasileiro, um dia certamente será corrigida. Não podemos viver para sempre com essa mancha na nossa História.

O RETRATO DE DORIAN GRAY
O caso da professora de Guajará Mirim que, logo após o resultado da eleição para a Prefeitura, no último domingo, publicou no Facebook frases ofensivas e racistas contra os eleitos, já deu os primeiros problemas para ela. Mesmo tendo retirado, poucas horas depois, a doentia publicação, a professora já está tendo graves prejuízos. Foi demitida de uma faculdade onde lecionava no dia seguinte à publicação. Além disso, está sendo acionada judicialmente por quem agrediu de forma agressiva e desproporcional, inclusive com acusações que precisará provar e calúnias muito graves. Outro morador de Guajará, que também fez publicações semelhantes, está sendo procurado. A princípio, parece que alguém usou um perfil falso para fazer o ataque, mas o caso está sendo investigado e vai acabar chegando ao detrator. As redes sociais, que deveriam apenas aproximar as pessoas, estão mostrando ser também uma espécie de espelho para os Dorian Gray da vida: cada vez que se olha, essa gente doentia vê, no reflexo, a imagem do monstro que é, internamente.

NADA A COMEMORAR
Deveria ser motivo de comemoração, mas, infelizmente não é. O Brasil teve a menor inflação desde a criação do Plano Real, lançada no governo de Itamar Franco, em 1994 e que foi o mote para a primeira eleição do então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso. No acumulado de 2017, o índice ficou em 0,96 por cento, o menor para o 1º trimestre desde o início do Plano Real, em 1994, segundo o IBGE, e bem menor que os 2,62% registrados no mesmo período de 2016. Então, por que não comemorar  uma inflação tão baixa? Óbvio. Porque ela representa o pior lado da recessão. Cai o consumo, porque caem as vendas e cai o emprego. O país anda para trás, a economia fica sufocada, o dinheiro não circula, porque sumiu e, como sempre, são os mais pobres que acabam pagando a conta.  Esses números do primeiro trimestre do ano mostram, claramente, um efeito demanda. A renda do brasileiro está diminuindo, o desemprego está aumentado, e isso se reflete instantaneamente sobre o comércio, sobre os preços e dificuldades de vários agentes econômicos até de repassar alguns custos que estejam represados. É o IBGE quem confirma tudo isso...

OTIMISMO MESMO NA CRISE
Mesmo com toda a crise na economia, na ilha de Rondônia (porque nossos números são muito positivos, em relação ao restante do Brasil), há um ar de crescimento e otimismo, principalmente com relação ao agronegócio. É por isso que o governo do Estado está mobilizado para que a edição deste ano da Rondônia Rural Show, em sua nova área de Ji-Paraná, ajude a manter o crescimento da agropecuária e ajude a alavancar nosso PIB. A feira, planejada e criada pelo governador Confúcio Moura, chega à sua sexta edição com a perspectiva de ter mais de 400 expositores (e ainda tem gente na fila, tentando entrar) e superar os 600 milhões de reais em faturamento. A Rondônia Rural Show acontece de 24 a 27 do mês que vem, numa área de 11 mil metros quadrados, na segunda maior cidade do Estado.

PUNIÇÃO PARA O POVO
O  caso das obras de água e esgoto em Porto Velho, que a Caerd  não consegue tocar em frente, ainda vai dar muito pano para manga. Tem muitas coisas por trás, que no futuro começarão a ser conhecidas e que explicarão muito da lambança que está sendo feita até agora, num pacote de obras que já deveria estar concluído há  anos e que, pelo jeito, isso não acontecerá, ao menos nos próximos dez anos. Uma vergonha tudo isso que está ocorrendo. Inclusive, até porque nunca se explicou o papel dos órgãos fiscalizadores, que fizeram de tudo para que as obras não andassem, mesmo sem haver provas concretas de que teria havido desvios e malversação do dinheiro público. Maior prova disso é que até hoje ninguém foi denunciado, nem processado e obviamente nem preso. Os únicos punidos foram os porto velhenses, que continuam vivendo com água contaminada em suas casas. Uma vergonha!

PERGUNTINHA
O uso de armas químicas, o terrorismo crescente; a volta dos submarinos nucleares; o bombeiro americano na Síria: tudo isso não está cheirando mal e colocando em cheque, outra vez, a tão frágil paz no nosso Planeta?

Fonte: Jornalista Sérgio Pires / Porto Velho -RO



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