domingo, 10 de abril de 2016

DEUS NOS FALA

Evangelho de João 20, 19-31

“Na tarde do mesmo dia, que era o primeiro da semana, os discípulos tinham fechado as portas do lugar onde se achavam, por medo dos judeus. Jesus veio e pôs-se no meio deles. Disse-lhes ele: A paz esteja convosco! Dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos alegraram-se ao ver o Senhor. Disse-lhes outra vez: A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós. Depois dessas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos. Tomé, um dos Doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Os outros discípulos disseram-lhe: Vimos o Senhor. Mas ele replicou-lhes: Se não vir nas suas mãos o sinal dos pregos, e não puser o meu dedo no lugar dos pregos, e não introduzir a minha mão no seu lado, não acreditarei! Oito dias depois, estavam os seus discípulos outra vez no mesmo lugar e Tomé com eles. Estando trancadas as portas, veio Jesus, pôs-se no meio deles e disse: A paz esteja convosco! Depois disse a Tomé: Introduz aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos. Põe a tua mão no meu lado. Não sejas incrédulo, mas homem de fé. Respondeu-lhe Tomé: Meu Senhor e meu Deus! Disse-lhe Jesus: Creste, porque me viste. Felizes aqueles que crêem sem ter visto! Fez Jesus, na presença dos seus discípulos, ainda muitos outros milagres que não estão escritos neste livro. Mas estes foram escritos, para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome.”

O Evangelho inicia assim: "o primeiro dia da semana". Isto significa que a ressurreição de Jesus inaugura a nova vida, a nova criação. João se refere a esse primeiro dia da criação do Gênesis, onde começa a vida. Agora a nova vida que Jesus nos proporciona é diferente, porque, vencendo a morte, nos dá a capacidade de superá-la. Nesse sentido, o domingo é sagrado porque se reveste desse dia glorioso do Senhor, onde contemplamos a nova vida.

Continua o Evangelho, narrando que os discípulos se achavam trancados no cenáculo, por medo dos judeus. Porém, o Mestre aparece a eles e deseja-lhes a paz. É um convite à alegria, à felicidade, porque Ele, o Messias, está vivo. Interessante notar que, quando os discípulos vivem sem a experiência de um Deus vivo, ressuscitado, eles têm medo e são tristes. Será que isso também acontece conosco? No entanto, quando Jesus lhes aparece, o medo dá lugar a felicidade. Sentem-se fortes e seguros. Evidentemente, quem confere a verdadeira felicidade é a vida de Deus. Imagino quantos filhos e filhas de Deus buscam a felicidade em coisas efêmeras, mas isto é um percurso desgastante e ineficaz.

Continua o Ressurgido mostrando o quanto amou os discípulos e ainda os ama. Consequentemente, convida-os a se tornar colaboradores desse amor, enviando-os para testemunhar a todas as criaturas espalhadas no mundo. É essa relação de amor que salva e nos dá vida. É nisso que consiste a nossa felicidade. Com certeza, sabendo o Mestre da dificuldade dos discípulos para cumprir esse mandato soprou sobre eles: “Jesus soprou sobre eles, dizendo: "Recebam o Espírito Santo.” Esse verbo se encontra já no começo do livro do Gênesis quando Deus criou o homem. Ele, com essa ação de soprar, deu-lhe a vida, força para continuar o seu testemunho de amor. Testemunho esse que precisa fazer resplandecer a 'luz' do amor, e, assim, aqueles que estão nas 'trevas' devem se sentir atraídos.

Às vezes, pergunto-me, por que muitas pessoas persistem nas coisas que não prestam, malvadas, horríveis? Será por que não enxergam a nossa capacidade de testemunhar essa 'luz' do amor? Aqui entra em cena o famoso discípulo Tomé, com a sua incredulidade. É interessante ver como Jesus lhe aparece não individualmente, mas comunitariamente, e propriamente na celebração da eucaristia (oito dias depois). A eucaristia é, assim, o momento mais importante para a comunidade em que o amor recebido pelo Senhor se transforma em amor compartilhado com os outros.

Nesse contexto, Tomé faz a grande profissão de fé: "Meu Senhor e meu Deus". Creio que a grande experiência de Tomé pode se tornar também a nossa, na medida em que podemos compartilhar esse amor com uma comunidade de amor que se deixa possuir por Jesus, o nosso Senhor. E conclui esse trecho do Evangelho com a bem-aventurança: "Felizes os que não viram e creram". Isto é diretamente para nós. O amor que se torna serviço nos permite de experimentar um Jesus vivo que anima a nossa vida. Essa é a nossa felicidade. Portanto, todos queremos e todos podemos conseguir essa verdadeira felicidade.

Fonte: Claudio Pinghin -  Sacerdote, doutor em teologia, mestre em missiologia e comunicação.

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