domingo, 2 de agosto de 2015

DEUS NOS FALA

Evangelho de Marcos 6, 7–13

“Admirava-se ele da desconfiança deles. E ensinando, percorria as aldeias circunvizinhas. Então chamou os Doze e começou a enviá-los, dois a dois; e deu-lhes poder sobre os espíritos imundos. Ordenou-lhes que não levassem coisa alguma para o caminho, senão somente um bordão; nem pão, nem mochila, nem dinheiro no cinto; como calçado, unicamente sandálias, e que se não revestissem de duas túnicas. E disse-lhes: Em qualquer casa em que entrardes, ficai nela, até vos retirardes dali. Se em algum lugar não vos receberem nem vos escutarem, saí dali e sacudi o pó dos vossos pés em testemunho contra ele. Eles partiram e pregaram a penitência. Expeliam numerosos demônios, ungiam com óleo a muitos enfermos e os curavam.”

Perante a rejeição dos conterrâneos, Jesus decide ir às cidades da Galileia para anunciar a Boa Nova e, ao mesmo tempo, envia seus discípulos em missão. O que consiste a missão entregue aos ‘doze’? Em primeiro lugar, mostra que os discípulos não podem ir sozinhos. Juntos, eles podem se ajudar e promover uma ação comunitária. Portanto, uma verdadeira evangelização deve ter sempre um caráter eclesial, comunitário. Depois disso, os discípulos recebem os poderes sobre os espíritos imundos, isto é, poder para ajudar as pessoas a aliviá-las dos seus sofrimentos, resgatando as condições iniciais da criação do mundo por parte de Deus.

De fato, diz a Sagrada Escritura, tudo aquilo que Deus fez foi muito bom; por isso, o mal não é obra de Deus. Portanto, ‘missão’ significa também se opor ao mal, ajudar as pessoas, promovê-las como filhos e filhas de Deus. Depois desses objetivos bem claros, Jesus recomenda como os discípulos devem agir. Diz para eles que devem ter na vida o essencial e nada mais. Confiar nas pessoas que vão ao encontro, ter confiança na hospitalidade. Quem nada possui terá mais facilidade de confiar nos outros e acreditar na partilha. Como consequência disso, teremos a capacidade de manifestar a força de uma vida comunitária, onde se sabe compartilhar o dia a dia das pessoas. E a grande força dos enviados é somente a confiança em Deus. O enviado, o missionário, tem que apostar somente na Palavra de Deus. Por isso que as coisas materiais não são as mais importantes. Nesse sentido, o missionário se torna incompreendido, porque o que conta pra ele é a obediência a Deus, e para a sociedade (e todos os poderes materiais) isso é meio complicado. Não obstante a isso, a missão produz conversão, mudança na vida das pessoas, ajuda-as no sofrimento, alivia a dor e expulsa os demônios. Desse jeito, colocavam em discussão a vida comunitária daquele tempo e propuseram soluções imediatas e concretas para a integração das pessoas no tecido social. Assim sendo, foram quatro os pontos determinantes que marcaram a vida dos enviados por Jesus: hospitalidade, comunhão, compartilha e acolhidas dos excluídos.

Essas condições marcaram a vinda do Reino de Deus. De fato, mostra que o Reino não é uma doutrina nem uma lei. O Reino de Deus vem entre nós e se torna presente quando os seres humanos, motivados pela fé em Jesus, decidem viver em comunidade para dar testemunho que Deus é nosso Pai e que nós somos irmãos e irmãs entre nós. Assim, resgatamos o projeto de Deus da criação (cfr. Genesis). Concluindo, pergunto-lhe: você participa na missão do nosso único Mestre Jesus como bom discípulo? Em sua opinião, qual é a coisa mais importante para todos nós hoje na vida de missionários? Quais as sugestões, que você daria, para incrementar a vida missionária na vida da Igreja?

Fonte: Claudio Pighin -  Sacerdote, doutor em teologia, mestre em missiologia

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