segunda-feira, 17 de agosto de 2015

DEUS NOS FALA

Evangelho de S. João 6, 1-15

“... Jesus subiu a um monte e ali se sentou com seus discípulos. Aproximava-se a Páscoa, festa dos judeus. Jesus levantou os olhos sobre aquela grande multidão que vinha ter com ele e disse a Filipe: Onde compraremos pão para que todos estes tenham o que comer? Falava assim para o experimentar, pois bem sabia o que havia de fazer. Filipe respondeu-lhe: Duzentos denários de pão não lhes bastam, para que cada um receba um pedaço. Um dos seus discípulos, chamado André, irmão de Simão Pedro, disse-lhe: Está aqui um menino que tem cinco pães de cevada e dois peixes... mas que é isto para tanta gente? Disse Jesus: Fazei-os assentar. Ora, havia naquele lugar muita relva. Sentaram-se aqueles homens em número de uns cinco mil. Jesus tomou os pães e rendeu graças. Em seguida, distribuiu-os às pessoas que estavam sentadas, e igualmente dos peixes lhes deu quanto queriam. Estando eles saciados, disse aos discípulos: Recolhei os pedaços que sobraram, para que nada se perca. Eles os recolheram e, dos pedaços dos cinco pães de cevada que sobraram, encheram doze cestos...”

O evangelista João focaliza esse relato na pessoa de Jesus Cristo, e nos mostra como Ele toma sempre a iniciativa de vir ao encontro das pessoas. Com isso, entendemos como o nosso Deus faz parte da nossa realidade, não é estranho à nossa humanidade. Dito isso, temos aqui o milagre dos pães. Por que Jesus fez esse sinal? É bom ressaltar que tudo isso aconteceu perto da páscoa dos judeus. Talvez o autor quisesse mostrar qual é a diferença entre a páscoa dos judeus e aquela de Jesus. Como aconteceu a páscoa dos judeus? Eles atravessaram o mar vermelho para se libertar, no entanto, Jesus atravessa o mar da Galileia.

Tanto um, o povo de Israel conduzido por Moisés, quanto à multidão que seguia Jesus reconheciam um processo de libertação. Portanto, é uma páscoa, uma passagem para nova vida. Somente que Jesus propõe uma Páscoa que vai além do território ou de circunstância histórica. Qual é essa perspectiva? Interessante notar como Jesus nos leva para a nova realidade através do diálogo. Ele o faz sempre de forma gradativa, porque sabia da dificuldade de entrar na nova lógica de Deus. Assim, interpela os apóstolos: “o que fazer para ajudar a multidão?”. Ele quer uma participação. Entrar na lógica do Reino significa também ‘participação’.

Não interessa se essa participação é limitada, pobre, porque Ele, Deus, reconhece as nossas pobrezas e não nos abandona. Pelo contrário, Ele nos vem ajudar. De fato, o povo está faminto e precisa ser alimentado. As estratégias humanas não conseguem solucionar o problema. Sentem-se incapazes. Quando o ser humano age somente com os seus planos, sempre as respostas serão limitadas. No entanto, quando se abre à luz das Sagradas Escrituras as soluções se tornam ilimitadas. É o caso do discípulo André. Ele busca uma solução a partir de um garoto que tinha cinco pães e dois peixes, que era praticamente a ração cotidiana de um pobre daquele tempo.

Portanto, como isso, pode ser uma solução aos olhos humanos? Não é isso uma resposta de confiança à pessoa de Jesus, crendo que Ele reverterá essa situação de fome? Em seguida, o evangelista nos mostra como acontece a multiplicação dos pães e dos peixes. Diz que Jesus ‘deu graças e partiu...’ 

Isto evoca a Eucaristia. Assim sendo, quando Ela for celebrada como se deve levará as pessoas a partilhar a própria vida, a ajudar quem mais necessita. Além do mais, quando existe essa capacidade de compartilhar tem sempre de sobra. Talvez hoje em dia possamos dizer a viva voz, perante as injustiças de todo tipo na nossa sociedade, que falta de verdade a vivência da santa Eucaristia de Nosso Senhor Jesus.

Conclui o evangelho dizendo que o povo vendo os prodígios de Jesus queria fazê-lo rei, e, no entanto, Ele não concordou e foi-se embora. Isto porque a sua presença não pode ser confundida com os reis da terra, mas Ele é a libertação que vai além da visão temporal.

Fonte: Claudio Pighin - Sacerdote, doutor em teologia, mestre em missiologia e comunicação.

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