Lucas 6, 17. 20-26
“Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa”.
Jesus nos proclama como alcançar a verdadeira felicidade. Por sinal, esse é o anseio de todo ser humano. Mas parece que os rumos das pessoas não garantem esse desejo, aspiração. E, por isso, o ser humano se torna inquieto e agitado. A proclamação das Bem-Aventuranças, por parte de Jesus, não é um projeto para tentar mudar de maneira prodigiosa a nossa sociedade. Não é assim, não. Elas nos oferecem, no entanto, novos pontos de vista para entender a nossa realidade. Nos ajudam a saber enxergar e avaliar, diferentemente, como a sociedade nos propõe comunemente. Vejam bem, o que geralmente nos diferencia é a maneira de entender as coisas. Quantos problemas a respeito disso. Porque cada cabeça tem uma “sentença”, diz um ditado popular. Exatamente por isso, o Mestre nos ajuda a adquirir novos critérios, mais exaustivos, para abrir as nossas mentes e assim termos uma maior compreensão da nossa vida. É nisto que consiste o desafio na nossa vida: não se deixar levar por qualquer maneira de entender a nossa vida, mas, sim, entrar na lógica do nosso Mestre Jesus para vivermos a verdadeira felicidade. Esta felicidade é diferente daquela que a nossa sociedade nos propõe. Ela se fundamenta por um futuro de alegria, em comunhão com Deus. Eu creio, nesse sentido, que o meu colega de seminário, padre Fausto, assassinado em 2011 nas Filipinas, para defender a causa do Reino de Deus em servir os mais pobres, era justamente uma pessoa feliz, porque sabia que tudo isso lhe dava comunhão plena com Deus, e, portanto, uma vida superior daquela que ele tinha. É esta fé que lhe deu coragem a não ter medo de nenhum perigo desse mundo para testemunhar o projeto de Deus entre nós. Por isso, tornou-se um bem-aventurado. E nisto me glorio de ter tido um irmão sacerdote como ele. No entanto, muitas pessoas se gloriam em possuir muitos bens materiais, em conquistas de prestígios na sociedade, em sucessos e assim por diante. Tudo isso, na verdade, segundo a Palavra de Deus, fragiliza o ser humano e o afasta das possibilidades de percorrer os verdadeiros rumos da vida. Longe dos projetos de Deus, o ser humano se ilude fortemente. O evangelho vem em nosso socorro, convindando-nos a dar os alicerces da nossa felicidade no amor de Deus, que vence tudo e nos abre os nossos horizontes. Por isso, os pobres são mais felizes, porque podem contar somente com Deus e não com a sociedade e com os homems públicos. Esta pobreza, bem concreta, tem como aspiração a construção da paz, a fome de justiça, a misericórdia, a transparência interior. É nisto, no final, que se revela a santidade. Uma profunda comunhão com Deus e os irmãos. E todos somos convidados a viver, porque queremos ser felizes.
Fonte: Claudio Pighin - Sacerdote, doutor em teologia, mestrado em missiologia e comunicação.
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