domingo, 7 de maio de 2017

DEUS NOS FALA

Evangelho de Mateus 3, 1-12


“Naqueles dias, apareceu João Batista, pregando no deserto da Judéia. Dizia ele: Fazei penitência porque está próximo o Reino dos céus. Este é aquele de quem falou o profeta Isaías, quando disse: Uma voz clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas (Is 40,3). João usava uma vestimenta de pêlos de camelo e um cinto de couro em volta dos rins. Alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre. Pessoas de Jerusalém, de toda a Judéia e de toda a circunvizinhança do Jordão vinham a ele. Confessavam seus pecados e eram batizados por ele nas águas do Jordão. Ao ver, porém, que muitos dos fariseus e dos saduceus vinham ao seu batismo, disse-lhes: Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da cólera vindoura? Dai, pois, frutos de verdadeira penitência. Não digais dentro de vós: Nós temos a Abraão por pai! Pois eu vos digo: Deus é poderoso para suscitar destas pedras filhos a Abraão. O machado já está posto à raiz das árvores: toda árvore que não produzir bons frutos será cortada e lançada ao fogo. Eu vos batizo com água, em sinal de penitência, mas aquele que virá depois de mim é mais poderoso do que eu e nem sou digno de carregar seus calçados. Ele vos batizará no Espírito Santo e em fogo. Tem na mão a pá, limpará sua eira e recolherá o trigo ao celeiro. As palhas, porém, queimá-las-á num fogo inextinguível.”

Mateus nos apresenta a grande figura de João Batista e a sua atividade. Ele, ciente da vinda do Senhor, assumiu o papel daquele que ajudava os outros a acolher o Messias.

O Batista se preparou para tal missão. E o deserto foi o lugar mais apropriado para esta realidade. Uma vida austera e de oração, totalmente entregue à Palavra de Deus.

É daí que traz toda a força para proclamar “convertei-vos, porque o reino dos céus está próximo”. E o povo todo recepcionou esta mensagem e simpatizou com o Batista.

Eles confessavam publicamente os próprios pecados e se faziam batizar. Portanto, o rito batismal fazia uma só coisa com a mensagem de João que chamava atenção sobre o tempo presente, como momento propício para o juízo final de Deus.

A sua voz impressionava o povo. É daí que surge uma mudança da existência deles. É interessante ver que esta conversão não é algo de abstração, mas se funda nos fatos reais da vida. Isto significa que as mudanças das nossas vidas não podem ser concentradas em pensamentos ou coisas abstratas, mas deve se encarnar na nossa vida para transformá-la.

E de onde vem toda esta força? Ela vem do saber acolher a Palavra de Deus e reconhecê-la como absoluta. Por isso, João foi muito duro com os fariseus e saduceus, definindo-os como cobras venenosas, porque eles não estavam disponíveis a esta abertura ao Senhor.

Não adianta se iludir pelo fato de pertencer ao povo de Deus e ter como pai Abraão. Garantias deste tipo são radicalmente excluídas. Nós, seres humanos, seremos julgados pelas nossas escolhas e nossas ações.

Pertencer à Igreja, sermos fiéis à instituição e frequentar aparentemente os sacramentos não nos podem iludir de já possuirmos uma garantia de salvação. Portanto, exige-se uma constante mudança de vida para todos nós crentes, que somos chamados a construir uma vida marcada de sinais que antecipam o Reino.

Todos somos destinados a uma seleção, e esta seleção vem de Deus. Isto nos impele a fazer da nossa vida bem dinâmica e transformadora.

Aquela força da voz de João Batista ainda hoje é presente nas nossas vidas, ajudando-nos a transformá-las?

E o papa Francisco, na sua carta apostólica ‘Misericórdia e mísera’-20.11.2016, nos diz: “No sacramento do Perdão, Deus mostra o caminho da conversão a Ele e convida a experimentar de novo a sua proximidade. É um perdão que pode ser obtido, começando antes de mais nada a viver a caridade. Assim no-lo recorda o apóstolo Pedro, quando escreve que «o amor cobre a multidão dos pecados» (1 Ped 4, 8). Só Deus perdoa os pecados, mas também nos pede que estejamos prontos a perdoar aos outros, como Ele perdoa a nós: «Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido» (Mt 6, 12). Como é triste quando ficamos fechados em nós mesmos, incapazes de perdoar! Prevalecem o ressentimento, a ira, a vingança, tornando a vida infeliz e frustrando o jubiloso compromisso pela misericórdia.” Revesti-te desse espírito para te preparar ao santo Natal!


Fonte: Claudio Pihgin Sacerdote, doutor em teologia, mestre em missiologia e comunicação.

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