“Em 2012, a JBS adquiriu as fábricas da Guaporé Carnes. Fábricas no Estado de Rondônia e Mato Grosso”... Começa aí o envolvimento oficial de rondonienses no esquema de corrupção da Operação Lava Jato, através da JBS, aquela megaempresa internacional que comprou centenas de políticos (mais de 1.800) de todos os naipes, além de autoridades de todos os poderes. O então diretor da empresa, Valdir Aparecido Boni, que fez acordo de delação premiada, contou, em detalhes, o envolvimento de pessoas aqui do Estado, num esquemão em que a empresa pagou mais de dois milhões de reais ao hoje vice prefeito Edegar Tonial, o conhecido Edgar do Boi e ao contador Clodoaldo Andrade, entre 2012 e 2014 e mais 1 milhão e 800 mil no ano seguinte . Num depoimento recheado de detalhes, incluindo-se aí recibos de depósitos do dinheiro pago ilegalmente, assim como a forma como ele era entregue a Clodoaldo, Valdir Aparecido diz que a dupla, junto com o então contador Guaporé Carnes, Milton Amaral, propuseram à JBS, um esquema de concessão de créditos presumidos, ou seja falsos, mediante pagamento de propina, num percentual de 30 por cento. O esquema oferecia lançar a título de outros créditos e as filiais do Estado não seriam fiscalizadas durante dois a três anos. A JBS deixou de pagar milhões de reais em impostos, pagou parte desse valor em propina, segundo o diretor da JBS. Além dos 2 milhões iniciais, ele contou ainda, em depoimento gravado, o pagamento de mais de 1 milhão e 800 mil, só que daí, através de notas fiscais emitidas pelo escritório de Clodoaldo Andrade. Ainda em dezembro passado, Valdir Aparecido Boni, disse que foi procurado por Clodoaldo para manter o esquema ilícito, com um pedido de propina de 4 milhões e 600 mil reais, mas dessa vez, a empresa não topou e não pagou.
O assunto está no ar há dois dias. Bombou na internet. O vídeo do depoimento de Valdir Aparecido Boni viralizou nas redes sociais. Nesse sábado pela manhã, Edegar do Boi, pressionado pelo prefeito Hildon Chaves, anunciou, em nota oficial, seu afastamento da administração municipal, para se dedicar à sua defesa. Ao menos na nota assinada por ele, não há uma só palavra negando as acusações. O que a comunidade de Porto Velho e de Rondônia exigem, é que tudo seja esclarecido e que, se houver um só pingo de verdade, que a mão pesada da Justiça caia sobre a cabeça dos culpados, sejam eles quem forem.
A EXIGÊNCIA DE HILDON
Neste sábado, o prefeito Hildon Chaves liderou uma comitiva para visita aos distritos da Capital. Tem muito o que fazer naquelas regiões e foi ouvir os moradores. Por isso, certamente não foi alcançado pela imprensa, para falar sobre o episódio, durante o dia. Mas foi rápido e anunciou uma coletiva para o início da noite, quando falou sobre o caso de seu vice, Edegar do Boi. Hildon acabou numa sinuca de bico. Edegar do Boi foi um parceiro fiel durante a campanha e tem sido assim nesses primeiros meses de mandato. Ocorre que Hildon afirmou durante toda a corrida pela Prefeitura; durante seus discursos e entrevistas; no contato com o eleitor, que jamais aceitaria perto de si, quem quer que fosse, envolvido em corrupção. Ficou na história política do Estado sua frase: “eu reconheço um ladrão com apenas dois minutos de conversa!”. Agora, atingido no contrapé pelo próprio vice, o prefeito tomou a atitude que se esperava dele, sem pestanejar: exigiu o afastamento imediato de Edegar das atividades da Prefeitura. O que, para o bem da administração, Edegar topou na hora...
GOLPE DE SORTE?
Do outro lado da moeda, fala-se, ao menos nos bastidores da política municipal, que o episódio pode ser sido mais um golpe de sorte para o prefeito porto velhense. Ocorre que, embora tenha sido um bom parceiro e tenha demonstrado fidelidade ao Prefeito, Edegar do Boi e seu grupo político teriam tomado importantes fatias da administração. E que, em determinadas áreas assumidas pela turma do PSDC, sob o mando de Edegar, era apenas ele quem mandava. Claro que ninguém vai confirmar isso, mas há quem esteja próximo a Hildon Chaves e que tenha comemorado a saída de Edegar do Boi do contexto do governo da Capital, mesmo lamentando a forma como isso tenha ocorrido. A verdade é que, nos próximos dias, Hildon vai começar a mudar pontos importantes do seu governo, que eram comandados por indicados do agora afastado vice prefeito. As mudanças podem começar inclusive em setores muito próximos ao gabinete do próprio Prefeito. Vamos esperar para ver o desenrolar do caso e seus desdobramentos...
ATRÁS DA GRANA
Rápido no gatilho, o deputado Adelino Follador, do DEM, distribuiu notícia neste sábado, exigindo medidas urgentes do Governo do Estado para recuperar todo o dinheiro perdido e desviado no esquema de propina denunciado na delação premiada do empresário Valdir Aparecido Boni. Para Follador, houve uma trama contra os cofres públicos e ele pediu urgentes providências, inclusive com a abertura de investigações e sindicâncias que possam identificar eventuais agentes públicos que poderiam estar envolvidos no esquema corrupto. O deputado pediu também que o Governo divulgue logo, em valores, quais os prejuízos que teve e como pretende recuperar o dinheiro desviado. O pedido de Follador, o primeiro vindo do parlamento, aliás, deve ser atendido em breve. Desde a sexta feira, equipes do Governo do Estado já estão se mobilizando para correr atrás da grana desviada na corrupção. A ordem veio de cima: Confúcio Moura quer ver tudo devolvido aos cofres públicos.
CAVALO NA PISTA
O deputado Laerte Gomes, um dos mais atuantes da Assembleia, representante da região central do Estado, sobreviveu por milagre, de um grave acidente de trânsito, na sexta. Ele e sua equipe voltavam de Costa Marques, quando o carro em que viajavam bateu violentamente num cavalo que atravessava a pista, surgido do nada, como se diz em casos como esses. O acidente aconteceu na BR 429, onde animais na pista são coisa comum. Á noite, sem iluminação alguma, a não a ser a dos faróis do carro, o motorista só viu o cavalo quando era tarde demais. Laerte Gomes e os demais passageiros levaram apenas um grande susto e pequenos ferimentos. O animal morreu. Quem viu o estado do carro em que o grupo viajava, não podia acreditar que todos os passageiros, inclusive o ex prefeito de Costa Marques, Dinho Mesquita, saíram ilesos. Laerte Gomes postou agradecimentos a Deus, nas redes sociais, por ter escapado apenas com um grande susto.
NAÇÃO ÚNICA
Artigo publicado na mídia pelo presidente da Federação das Indústrias de Rondônia, Marcelo Thomé, tem um trecho que sintetiza um dos graves problemas nacionais, um a mais dentro de todos que estamos enfrentando: “o Brasil, cujo povo se notabilizou mundo afora como o mais cordial entre todos os povos, passa por um momento de acirramento de ânimos como poucas vezes se registrou na história. Penso que além de reformas em várias áreas da economia e da política, precisamos reformar a prática da cordialidade. Precisamos restabelecer a nossa capacidade de diálogo. Somos uma nação única, mas, de algum tempo para cá, fomos estimulados a agir como se fossemos vários países, em conflito dentro do mesmo território. Isso é perigoso à nossa integridade”. A conclusão também merece reflexões: “ou restabelecermos o diálogo ou essa grande nação chamada Brasil continuará navegando ao sabor dos interesses corporativos. E a quem isso interessa? Certamente, não aos empresários e aos trabalhadores”.
FECHAR A BR É CRIME
A baderna continua, em relação ao criminoso fechamentos de rodovias federais, por qualquer motivo. Sexta e sábado, esse triste acontecimento se repetiu em Rondônia. De novo. Sexta, numa mobilização de um tal de Atingidos por Barragens, dessas aberrações surgidas entre os tais “movimentos sociais”, muitos dos quais não têm utilidade alguma, a não ser para seus chefetes e para encher o saco dos outros. Horas depois da reabertura da BR 364, quando o tal MAB deixou a rodovia, outro grupo de moradores de Jacy Paraná decidiu fechá-la de novo, em protesto contra o abandono do distrito pelas autoridades chamadas competentes. Querem também mais compensações das usinas. As reivindicações são todas justas, sem dúvida alguma. Mas fechar a BR e interromper o único caminho de ligação do Acre com Rondônia e com o resto do Brasil, é um tremendo absurdo. Não dá mais para aceitar isso, sem a dura aplicação da lei. E a lei vale para todos.
PERGUNTINHA
Depois de ouvir mais um discurso do Presidente Michel Temer, você acredita que ele ainda tem alguma credibilidade para continuar comandando esse conturbado Brasil?
Fonte: Jornalista Sérgio Pires / Porto Velho-RO.
Nenhum comentário:
Postar um comentário