Leitura - Li e acompanhei pelos noticiários locais e nacionais análises para todos os gostos sobre o resultado das urnas do último domingo. As análises dos intelectuais da academia apontam para resultados catastróficos que não consigo visualizar com minha miopia em fase de expansão. Dos articulistas e blogueiros seguem as lógicas das suas próprias convicções, já que emitem opiniões. A verdade é que todos têm um pouco de razão quanto ao diagnóstico de que a população está “P” da vida com os políticos e os partidos pelas razões que todos conhecem. Mas erram sobre a leitura das urnas quando introduzem o viés tão somente ideológico. A realidade é simples: o povo mandou um aviso de CHEGA à direita, esquerda, centro, muro, lado, enfim, para o mundo político. Aliás, tempos atrás um processo parecido desse abalou as estruturas políticas de parte da Europa.
Nós - Com relação a Porto Velho, a surpresa que tanto está sacudindo os partidos, os analistas e, em particular, os velhos caciques locais, com a ida do ex-promotor Dr Hildon Chaves, em primeiro lugar, para disputar o segundo turno, as opiniões são as mais variadas possíveis. Algumas bizarras. Imputa a ele a negação da política, um ultradireitista, um novo caçador de marajá, e por aí vai. Esquece-se de um detalhe, um detalhe importantíssimo nesse processo que é a opinião do povo. Não li nem vi uma avaliação em relação ao motivo pelo qual o povo da capital (e do país) decidiu por aprontar surpresas nas urnas. E é simples, o eleitor de Porto Velho disse chega, queremos uma cidade melhor, sem conchavos das velhas raposas que estão aí se revezando na política e se eternizando nas hostes políticas com os sucessores. Concordo que a negação dos partidos políticos é ruim para a democracia, mas enquanto eles não se reinventarem com novas práticas e não voltarem para a base piramidal da população, o enfraquecimento político continuará a provocar a repulsa às legendas e seus donatários. Ainda mais depois que as famílias tomaram de assalto os partidos para colocarem suas estruturas à disposição dos filhos. O resto é empulhação!
Ibope - Desnecessário aqui baixar a “ripa” no instituto de pesquisa Ibope, mais conhecido da população. Não é a primeira vez que erra em Rondônia. Anos atrás deu uma pesquisa com meu amigo querido Chagas Neto liderando para o Senado Federal com uma diferença enorme em relação ao segundo colocado, Odacir Soares. Odacir deu uma sova. Não precisamos ir longe: em 29 de setembro de 2014, última pesquisa do primeiro turno para o Governo de Rondônia, o mesmo instituto deu uma diferença de quase dez pontos para Confúcio Moura sobre Expedito Junior. Apuradas as urnas, disputaram até o último momento voto a voto. Foram ao segundo turno tecnicamente empatados, com uma pequena vantagem para o governador. Não erram no segundo turno porque é outro papo, não tem como manipular ou derrapar na coleta dos dados porque a pesquisa é eliminatória: um ou outro. O Ibope em Rondônia virou sinônimo de piada, razão pela qual este cabeça chata ganhou duas apostas feitas com os amigos Ayres do Amaral e Hiram Gallo. Embora ambos acharem naquele momento que minhas modéstias previsões estavam erradas.
Lição - Não sou daqueles que se juntam aos inimigos petistas para torcer pelo seu banimento do cenário político. O partido por muitos anos deu uma contribuição à democracia que muitas agremiações dominadas pelos coronéis jamais deram. Porém, cometeu erros irremediáveis por optar por alianças com a “Casa Grande” (como costumam dizer os intelectuais de ocasião) para se perpetuar no poder, entre outros que todos têm amplo conhecimento. Apesar dos erros, parte da casta dirigente não aprendeu a lição e insiste em por a culpa nos outros pelos próprios fracassos. Seria bom a militância do partido ouvir a voz rouca do velho gaúcho Olívio Dutra, homem da melhor qualidade, ou vão ser banidos mesmo. O que seria muito ruim para a democracia, pois na Itália o resultado da degradação do PCI foi catastrófico e algo muito semelhante ao que está acontecendo aqui com o PT. A refundação da legenda é essencial à oxigenação da estrutura partidária. Torço para que o PT se reinvente, pois os demais partidos não possuem lastro moral para jogar a pedra na Gení como se purificados estivessem.
45 - Em respeito aos poucos amigos e a meia dúzia de pessoas que acessam esta singela coluna, decidi a partir desta semana suspender a coluna até o final do segundo turno porque estarei dedicado a prestar serviço profissional a um dos candidatos que alcançou o segundo turno. Tenho consciência clara da responsabilidade de escrever uma coluna por mais de duas décadas e sei que o processo político fica contaminado pelas emoções exacerbadas. Para poupar meus leitores de ambos os lados, optei em suspender. Impossível um jornalista que escreve coluna não se contagiar com o pleito quando está na disputa um amigo de longas datas. Retorno um dia após as eleições, ou seja, numa terça-feira (2), dia de finados, por coincidência. E também será suspensa entre dezembro e janeiro para férias, por exatos 45 dias (risos).
Fonte: Jornalista Robson Oliveira / Porto Velho-RO.
Nenhum comentário:
Postar um comentário