Eram 630. São agora apenas 256. Quase 60 por cento a menos. E uma fragorosa derrota na maior cidade do país. Ao contrário do que alardeou o ex presidente Lula, quando foi votar em São Paulo, o PT saiu dessa eleição do domingo esfacelado, muito perto do extermínio. Voltou praticamente ao seu eleitorado dos anos 80, quando começou a sua trajetória. Perdeu em praticamente todas as cidades mais importantes do país. Nas capitais, o partido de Lula ganhou (e ganhou bem!), apenas em Rio Branco, no Acre, onde o prefeito Marcus Alexandre fez uma primeira administração notável e mereceu a reeleição. Vai para o segundo turno em Recife, com João Paulo, que entra na reta final bastante atrás de Geraldo Júlio, do PSD. No mais, só cacetada. Em São Paulo, maior demonstração de que o eleitorado rompeu o casamento com o petismo, o tucano e arqui adversário João Dória ganhou no primeiro turno, dando um show de votos nas urnas. Em Salvador, onde Lula entrou na campanha para ajudar a candidata Alice Portugal. Dilma também andou por lá. O resultado? O prefeito ACM Neto ganhou com quase 74 por cento dos votos. Seria reeleito, mas não com tanta vantagem. Foi só as estrelas do PT aparecerem, que ACM disparou, humilhando o petismo baiano nas urnas.
Para piorar ainda mais a situação, Marcos Cláudio Lula da Silva, filho de Lula, representou mais um vexame do Partido dos Trabalhadores no ABC Paulista: não se elegeu vereador em São Bernardo do Campo, berço político do pai. Ele fez só 1.504 votos. Ficou atrás de 57 dos concorrentes. Além do crescimento do PSDB e do PMDB, os petistas ainda foram obrigados a assistir, porque viralizou na internet, o juiz Sérgio Moto sendo aplaudido com entusiasmo, quando apareceu para votar, em Curitiba. Nada está fácil para aquele partido que ficou 13 anos (coincidência?) no poder e que agora está sendo execrado pela população. Será que o PT, depois da implosão, ainda tem futuro? Saberemos em breve,,,
SÓ DEZ VOTOS
Com o apoio do duas vezes prefeito Alex Testoni, Vagno Panissoli, do PSDC, ganhou a eleição em Ouro Preto. A diferença de pouco mais de 600 votos, com Rosária Helena ficando em segundo (com apoio do governo estadual), deixa claro como a eleição foi disputada. Mas nem perto da acirrada corrida eleitoral na pequena Cabixi, onde o eleito teve apenas dez votos a mais que seu concorrente. Silvênio de Almeida, do PMDB, teve 1.868 votos e venceu a Chicão, do PV, que conseguiu 1.858 votos. Uma dezena apenas separou a vitória da derrota. Chicão deve estar pensando onde errou, para perder os preciosos votos que o tiraram da Prefeitura...
LEI PRA ESCULHAMBAR
Duas cidades rondonienses poderão ter novas eleições. A maior delas é Vilhena, onde Rosani Donadon fez 4.500 votos a mais que Eduardo Japonês. Ganhou, mas não levou. Impugnada, ela depende de uma decisão do TSE para poder assumir. Se não conseguir até 31 de dezembro, em janeiro assume o Presidente da Câmara. No início de fevereiro, caso o assunto na área judicial ainda esteja indefinida, a Justiça Eleitoral pode convocar novas eleições. O mesmo acontece com Guajará Mirim. Lá, Antonio Bento, do PMDB, ganhou a eleição, com 9.772 votos. O segundo, Rodrigo do PDT, teve 7.370 votos. Bento está também impugnado. Os dois casos podem se arrastar por longo tempo, na medida em que o TSE tem milhares de casos semelhantes para julgar. Enquanto a legislação permitir que impugnados disputem, vai continuar essa baderna no país, em todas as eleições.
O GESTO DE PIMENTEL
Foi um gesto de grandeza, de respeito ao eleitor e aos adversários: logo após o resultado da eleição na Capital, o candidato Williames Pimentel divulgou, nas redes sociais, uma nota de agradecimento aos que o apoiaram, a todos os porto velhenses e desejando sorte aos dois candidatos que vão ao segundo turno. Num país onde as disputas políticas muitas vezes são caracterizadas apenas por agressões, ataques pessoais e baixarias, muita gente se desacostumou a ver atos como os de Pimentel, que merecem registro por demonstrar que há grandeza na vitória e na derrota. Pela primeira vez concorrendo a uma eleição, Pimentel teve 34 mil votos na sua cidade. Uma votação expressiva, que o credita a novos sonhos na política. E numa política de gente do bem e de grandeza, como demonstrou seu gesto pós eleição do domingo.
OS PERDEDORES FALARAM
A segunda-feira foi também de posicionamentos dos perdedores. O prefeito Mauro Nazif, embora abatido, também falou sobre o resultado das urnas, destacando o momento democrático e sem lamentos, como poderia se esperar. Mauro, com seis dos concorrentes contra ele, acabou tendo uma performance bastante positiva, nas circunstâncias e por muito pouco não chegou ao segundo turno. Já Roberto Sobrinho também se pronunciou, pelas redes sociais, agradecendo os mais de 26.500 votos que recebeu. Contudo, foi duro ao se referir aos seus adversários, batendo firme contra o que chamou de uma campanha orquestrada para tentar tirá-lo da disputa. Roberto, aliás, também foi vítima do efeito PT, que teve enorme queda de votos no país inteiro. Em Porto Velho, por exemplo, o partido não elegeu sequer um vereador. Até essa segunda, Ribamar Araújo e Pimenta de Rondônia não haviam se pronunciado.
COMPRA DE VOTOS
Atenção Justiça Eleitoral: o domingo não foi apenas de corrida atrás do eleitor para pedir seu voto. Houve também compra desbragada de votos em Porto Velho. Um dos casos foi contado publicamente por uma das pessoas que participou do esquema, que relatou, ante um grande grupo, que o candidato que representa determinado grupo foi um dos que gastou mais de 100 mil reais na última hora, para conseguir votos. É impressionante que com tanta correria, com tanto dinheiro sendo gasto, com muita gente contando que sabia e até viu a compra de votos, ninguém tenha sido preso por essa vergonhosa prática. Esse é um câncer que continua se disseminando pela democracia, enquanto o combate a ele fica muito nos discursos e ameaças e muito menos na realidade. É uma vergonha, que tira o brilho de uma eleição tão bem organizada pelo TRE.
OLHO NO PALÁCIO RIO MADEIRA
Faltando ainda definir o prefeito de Porto Velho, a maior cidade e o maior eleitorado do Estado, a verdade é que a corrida pelo governo do Estado, daqui a dois anos, já está começando. Há duas fortes pré candidaturas postas: a do presidente da Assembleia, Maurão de Carvalho, do PMDB, um dos nomes da política estadual que mais crescem em aceitação, em todas as regiões do Estado e o do senador Acir Gurgacz, do PDT. Expedito Júnior, uma das mais importantes lideranças do PSDB também pode estar no páreo. E, mais à frente, pode surgir pelo menos mais uma surpresa. Com uma deputada federal na família (Mariana) e com o filho mais novo eleito vereador na Capital (Maurício), será que Aparício Carvalho não vai pensar nessa possibilidade? Nos bastidores, é o que se ouviu, logo após o fechamento das urnas, nesse domingo.
PERGUNTINHA
O que você achou da derrota do PT em todo o país, perdendo mais de 400 prefeituras na eleição desse domingo, incluindo a de São Paulo, a maior cidade do país?
Fonte: Jornalista Sérgio Pires / Porto Velho-RO.
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