O que tirou Mauro Nazif da Prefeitura de Porto Velho? A pergunta é fácil, mas se precisariam horas de análise para apontar todas as causas. Numa só frase, o correto seria dizer que, mesmo sendo um político experiente e rodado, Nazif cometeu o pecado mortal de não ouvir a voz das ruas. Ouviu muitos elogios da porta para dentro, imaginando que sua administração, quando mostrasse os resultados da reorganização interna, sairia ovacionada. Não deu certo e jamais dará, pelo enorme tempo dispendido. Foi como dar um tiro no pé. Nazif arrumava a Prefeitura, mas os buracos tomavam conta das ruas; o lamaçal invadia os bairros; as chuvas causavam alagações. Ele alardeava que levou nove meses para poder colocar a primeira lâmpada na cidade e Porto Velho vivia às escuras. Quando começou um grande programa de iluminação, já era tarde demais. Repetir várias vezes que só fazia asfalto onde tinha sido feita a canalização, também não deu certo. Porque em muitas ruas, foi feita obra sem a infraestrutura e em outras, buracos e canos foram abandonados na metade do serviço. Quando as obras retornavam, os moradores já queriam ver o Prefeito pelas costas. A lentidão da máquina pública; a burocracia infernal para se abrir uma empresa ou até pagar um imposto; a falta de diálogo com a população, ouvindo só o que lhe fazia bem, trouxe ao Prefeito Nazif danos que jamais chegaram ao Nazif deputado. Esse sim, ouvia a pulsação do povo! Nunca foi na conversa de assessor. O Prefeito foi diferente. E, também por isso, se deu mal.
Nazif não deixa uma só obra grandiosa com sua marca. O que é impressionante, porque quando foi eleito, acompanhou-o porta adentro da Prefeitura uma enorme esperança da população, que apostava que ele faria o que os outros não fizeram. Nazif mexeu nos ônibus. Não se sabe se dará certo. Mexeu no lixo. Deu certo? Será lembrado muito mais pelo que não fez do que pelo que fez. Terá outras oportunidades ainda, porque é sério, dedicado e popular. Mas sua passagem pela Prefeitura não ficará entre as melhores lembranças da sua atuação como político e homem público.
COMEÇOU A CAMPANHA!
Começou a campanha para o segundo turno. As redes sociais estão fervilhando, assim como as conversações de bastidores. Partidos derrotados e os principais candidatos estão esperando serem procurados. Até agora, poucos o foram. O PMDB, por exemplo, maior partido da Capital, aguarda ser convidado por um dos lados. Se não o for, fica distante da campanha. Os dois finalistas – Hildon Chaves e Léo Moraes – não querem nenhum apoio da turma da atual administração de Mauro Nazif. Hildon já disse que não vai lotear a Prefeitura, para que, se eleito, governar sem ter que pagar a conta política. Léo vai conversar com alguns partidos, mas não com todos. Os dois candidatos ainda estão compondo estratégias para o turno decisivo da eleição, mas ainda não colocaram a campanha na rua. Uma campanha, aliás, curtíssima: a partir dessa quarta, apenas 25 dias até o 30 de outubro, data da definição.
DOCUMENTO LIBERADO
Os delegados de polícia estão engajados, em praticamente toda a sua totalidade, na candidatura do deputado Léo Moraes. Prova disso foi a reprodução de um documento envolvendo o ex promotor Hildon Chaves, numa ocorrência de trânsito, em que ele teria sido pego na Lei Seca. O assunto estava esquecido, enquanto Hildon amargava as últimas colocações na disputa pelo primeiro turno. Bastou ele saltar para o primeiro lugar e ir ao segundo turno contra Léo, que rapidinho o documento foi liberado, provavelmente de dentro de alguma delegacia e nessa terça, aparecia em destaque nas redes sociais. Houve muitas pessoas da oposição obviamente fazendo comentários desairosos e atacando Hildon. Muitas outras, contudo, o defendiam. Não se sabe qual a influência que as denúncias feitas farão em relação ao seu adversário. Mas a campanha começou a baixar de nível...
SANGUE NOS OLHOS
O lamentável no episódio é o sangue que salta dos olhos de alguns aliados do PT e outros partidos de esquerda, que jamais fazem um só comentário sobre a absurda roubalheira que foi praticada contra o país. Que ainda têm coragem de chamar de golpe, a saída da ex Presidente incompetente e que distribuiu bilhões de reais do BNDES a ditadores, sem nunca sabermos se vamos receber de volta. Que ignoraram o nojo da maioria da população brasileira nas urnas, derrubando mais de 60 por cento de prefeituras do partido e que, furiosos, atacam o candidato que acabou sendo o mais duro adversário dos petistas, nos debates e na campanha. Hildon Chaves, estreante na política, que se prepare: ele não sabe onde se meteu... Há gente que não respeita nada, absolutamente nada, em defesa de suas ideologias e interesses. Certamente Léo Moraes, que é decente e é do bem, não vai permitir que parte de seus correligionários (são só alguns, felizmente!) façam uma campanha rasteira. Mas que eles vão tentar, ah, isso vão!
NÃO FICARÁ NO MURO!
O que se sabe, também, é que o governo do Estado vai sim tomar posição, nesse segundo turno. No primeiro, o governador Confúcio Moura e sua equipe deram todo o apoio político possível a Williames Pimentel, o nome do PMDB à Prefeitura. Agora, emissários dos dois candidatos que foram para o segundo turno já abriram conversações com a turma governista. Até essa quarta, o martelo ainda não tinha sido batido, mas o que ficou decidido – embora não oficialmente e apenas da porta para dentro, por enquanto – é que o governo não ficará em cima do muro. Ou vai apoiar o projeto do tucano Hildon Chaves ou o do petebista Léo Moraes. Hildon há disse que quer em seu palanque apenas Ribamar Araújo e Pimenta de Rondônia, a quem chamou de “idealistas”! Mas não citou mais ninguém. Enquanto isso, dentro do poder, é claro, o voto com maior peso, para a decisão, será o do chefe, ou seja, de Confúcio Moura. A posição será anunciada em breve.
QUEM GANHOU E QUEM PERDEU
A crise nacional do PT chegou também a Rondônia. O partido, que tinha seis Prefeituras, acabou elegendo um único representante do partido: Antonio Zotesso, em Teixeirópolis. O PMD continua com o maior número de cidades sob seu comando, com 13 municípios. Perdeu dois. Já o PDT deu um salto. Saiu de apenas uma Prefeitura, para oito. O PP está em terceiro. Tinha oito cidades e ficou com sete. O PSB cresceu também: de uma para cinco comunidades. O PSDB também aumentou. Tem cinco prefeituras e pode chegar a seis, caso eleja Hilton Chaves em Porto Velho. O DEM, que não tinha uma só Prefeitura, agora tem três. O PTB caiu de cinco para duas, mas pode recuperar uma ainda, se Léo Moraes for o eleito na Capital. O PV diminuiu de três para duas. PR, PSDC, Solidariedade e PMN também elegeram um prefeito numa das comunidades rondonienses. PMDB, PSDB, PDT e PP, ao que tudo indica, terão candidatos ao Governo em 2018.
PERGUNTINHA
Será que vamos conviver novamente com uma campanha de baixarias e ataques pessoais, na disputa pelo segundo turno da Prefeitura de Porto Velho?
Fonte: Jornalista Sérgio Pires / Porto Velho-RO.
Nenhum comentário:
Postar um comentário