segunda-feira, 3 de outubro de 2016

DEUS NOS FALA

Evangelho de Lucas 15, 1-32

“Os fariseus e os escribas murmuravam: Este homem recebe e come com pessoas de má vida! Então lhes propôs a seguinte parábola: Quem de vós que, tendo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto e vai em busca da que se perdeu, até encontrá-la? E depois de encontrá-la, a põe nos ombros, cheio de júbilo, e, voltando para casa, reúne os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Regozijai-vos comigo, achei a minha ovelha que se havia perdido. Digo-vos que assim haverá maior júbilo no céu por um só pecador que fizer penitência do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento. Ou qual é a mulher que, tendo dez dracmas e perdendo uma delas, não acende a lâmpada, varre a casa e a busca diligentemente, até encontrá-la? E tendo-a encontrado, reúne as amigas e vizinhas, dizendo: Regozijai-vos comigo, achei a dracma que tinha perdido. Digo-vos que haverá júbilo entre os anjos de Deus por um só pecador que se arrependa. Disse também: Um homem tinha dois filhos. O mais moço disse a seu pai: Meu pai, dá-me a parte da herança que me toca. O pai então repartiu entre eles os haveres. Poucos dias depois, ajuntando tudo o que lhe pertencia, partiu o filho mais moço para um país muito distante, e lá dissipou a sua fortuna, vivendo dissolutamente. Depois de ter esbanjado tudo, sobreveio àquela região uma grande fome e ele começou a passar penúria. Foi pôr-se ao serviço de um dos habitantes daquela região, que o mandou para os seus campos guardar os porcos. Desejava ele fartar-se das vagens que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava. Entrou então em si e refletiu: Quantos empregados há na casa de meu pai que têm pão em abundância... e eu, aqui, estou a morrer de fome! Levantar-me-ei e irei a meu pai, e dir-lhe-ei: Meu pai, pequei contra o céu e contra ti;já não sou digno de ser chamado teu filho. Trata-me como a um dos teus empregados. Levantou-se, pois, e foi ter com seu pai. Estava ainda longe, quando seu pai o viu e, movido de compaixão, correu-lhe ao encontro, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou. O filho lhe disse, então: Meu pai, pequei contra o céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. Mas o pai falou aos servos: Trazei-me depressa a melhor veste e vesti-lha, e ponde-lhe um anel no dedo e calçado nos pés. Trazei também um novilho gordo e matai-o; comamos e façamos uma festa. Este meu filho estava morto, e reviveu; tinha se perdido, e foi achado. E começaram a festa. O filho mais velho estava no campo. Ao voltar e aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças. Chamou um servo e perguntou-lhe o que havia. Ele lhe explicou: Voltou teu irmão. E teu pai mandou matar um novilho gordo, porque o reencontrou são e salvo. Encolerizou-se ele enão queria entrar, mas seu pai saiu e insistiu com ele. Ele, então, respondeu ao pai: Há tantos anos que te sirvo, sem jamais transgredir ordem alguma tua, e nunca me deste um cabrito para festejar com os meus amigos. E agora, que voltou este teu filho, que gastou os teus bens com as meretrizes, logo lhe mandaste matar um novilho gordo! Explicou-lhe o pai: Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu.”

O nosso Deus é feliz perdoando; e perdoando sempre. Diante do ciúme dos fariseus e dos escribas por causa dos publicanos e pecadores que se aproximavam de Jesus para ouvi-lo, ele responde como Deus age na nossa história. Para o Deus de Jesus, aquilo que conta é que cada ser humano, sobretudo quem mais sofre e é marginalizado, sinta-se destinatário das promessas divinas. Quantas vezes, ainda hoje, cristãos estão preocupados demais em julgar e levantar ciúmes porque têm irmãos que não se enquadram conforme a conduta deles.

As parábolas de Jesus, porém, nos convidam a discernir a realidade do ponto de vista de Deus, e, portanto, não somente do ponto de vista dos seres humanos.

As parábolas da ovelha e da moeda perdidas nos mostram, efetivamente, que elas podem ser encontradas. É este encontro que gera a felicidade. Uma felicidade, não por aquilo que já possuímos, mas por aquilo que resgatamos enquanto perdido. Neste sentido, o pecador é aquele que não pode experimentar a verdadeira felicidade se não for reencontrado por Deus.

E a parábola do filho pródigo nos mostra a preocupação do Pai, porém, respeitando a liberdade dos filhos. Isto significa que podemos ter a certeza de que Deus se preocupa conosco, mas respeita as nossas ações e opções. Continua a parábola mostrando que este Pai é quem toma a primeira iniciativa de ir ao encontro dos filhos e não faz prevalecer atitudes autoritárias e repressivas, mas, sim, a Compaixão, o Perdão e o Amor.

É verdade também que os dois filhos se aproximam do Pai por necessidades. Por outro lado, é o Pai que vai ao encontro dos filhos, amando-os de verdade. A lição de tudo isso é que nós nos aproximamos de Deus mais por interesses, e quem verdadeiramente ama é somente Deus. Portanto, a nossa vida se concentra no conhecimento e no amor de Deus para nós. É nesta experiência que nasce a festa, porque nos reencontramos. Assim sendo, Lucas nos revela como o nosso Deus é carinhoso e misericordioso conosco e as nossas comunidades devem ser também revelação desse rosto de Deus para a humanidade.

O evangeslista, assim, focaliza que a festa e alegria são a consequência da partilha da vida. Quem experimenta o amor de Deus
na sua vida não tem outra: fica alegre e feliz. E não só: vai fazer de tudo para comunica-lo aos outros. 

A ação de Deus na nossa vida é fonte de alegria que marcará o nosso cotidiano. Terminando, lhe pergunto: percebeu que a verdadeira alegria não é fruto do nosso trabalho, mas de Deus que nos busca constantemente?

Fonte: Claudio Pighin - Sacerdote, doutor em teologia, mestre em missiologia e comunicação.

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