O mundo passa por um sopro de diálogos turbinado pela fluidez das redes sociais. Tudo se torna mais fácil com os tradutores simultâneos o que facilitam a compreensão de quem fala urdu e não entende o lapão. Ou seja as ferramentas para o diálogo estão à disposição de todos, não importa para quem, onde e quando. Graças a essa tecnologia o diálogo não está mais restrito a duas pessoas, mas a inúmeras. Todos os que querem participar entram na roda e dão a sua contribuição. Há uma pré disposição para o entendimento comum onde é possível ouvir, entender e depois tentar um consenso sobre um determinado assunto ou visão de mundo. Assim, em um processo colaborativo é possível ver todos os lados do tema e chegar a uma conclusão. As pequenas arestas ficam para trás e ninguém sai derrotado porque o seu ponto de vista não foi totalmente descartado pelo grupo. Para que o diálogo progrida é preciso pureza de coração, respeito às regras éticas e o propósito de contribuir para que a vida de todos melhore. Ao pisar na arena do diálogo é preciso deixar do lado de fora o ego. Não há espaço para os donos da verdade, profetas ou candidatos a ditadores de fancaria. A única coisa que se admite é um borneu com algumas ideias que possam enriquecer o encontro e proporcionar o nascimento de um consenso e de uma nova postura de vida que vai beneficiar a todos. Seja a elaboração de um programa escolar, seja uma atitude para amenizar a destruição do meio ambiente, seja uma reunião de chefes de estado para impedir o desenvolvimento de bombas nucleares.
Em um outro espaço cabe o debate. Tão necessário a sociedade humana como o diálogo. Todos os participantes se apresentam com suas ideias. O importante não é vencer e impor a sua visão de mundo a todos, mas o de comparar ideias diferentes. Não há adversários como muitos pensam. Há protagonistas imbuídos de suas concepções e nada mais lógico que tentar convencer os demais que está certo. Nesse processo, antes de entrar na arena é preciso estar munido apenas de ideias. Não são admitidos ataques pessoais, ódio, revanchismo de qualquer espécie, nem descaracterizar o oponente. É o momento de se contrapor ideias, concepções, visões de mundo e não um choque de egos. Todos tem o direito de defender as suas ideias como verdades, até que alguém os convençam do contrário e mostre os furos e a insustentabilidade delas. Mostrar a inviabilidade de uma ideia não é uma declaração de guerra. È uma vitória do bom senso, do desenvolvimento social, ainda que o que foi aprovado não é o que eu penso. Por isso o debate não termina nunca. E nem deve terminar. É um turbilhão criativo, que se modifica eternamente e todos devem lembrar que só não morre o que está em constante mudança. Em resumo é a destruição criativa, segundo Schumpeter.
Não é possível eleger o que é melhor para a humanidade: se o diálogo ou o debate. Ambos são necessários para esta caminhada que não tem começo nem fim. São as duas asas de um mesmo pássaro. Ainda que antagônicas sem uma delas o pássaro não alça voo e os pássaros tem a sua própria linguagem segundo o mestre sufi, Farid ud Din Attar. Ficou muito mais fácil dialogar ou debater com qualquer pessoa, entidade, governo, empresa em qualquer ponto do globo terrestre. Com isso retira-se das mãos dos governos e da mídia as versões que convenientemente servem ora um, ora outro, ora os dois. É possível checar versões de fatos, diluir ódio político, étnico e cultural. Com os canais a disposição das pessoas é possível construir determinadas ações globais como a defesa da vida, o socorro ás vítimas de grandes catástrofes, o auxílio para combater epidemias devastadoras, a defesa dos animais, da água e do meio ambiente, e muito mais. Não vamos esquecer que a mesma faca que descasca o alimento pode se transformar em uma arma letal. Depende das intenções de quem a maneja.
Fonte: Heródoto Barbeiro - Record News / São Paulo-SP
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