sexta-feira, 17 de outubro de 2014

REFLEXÕES SOBRE O VOTO CONSCIENTE

Muito se fala, em especial em período eleitoral como o que hoje vivemos, a respeito da necessidade de se votar de forma consciente. O tal "voto consciente" seria o elemento-chave de uma democracia e, no caso do Brasil, o instrumento redentor de nosso combalido e desacreditado sistema político. Se ao menos o eleitor voltasse de forma consciente, todos os males da nossa política serão extirpados e nos tornaremos um país desenvolvido. Mas consciente exatamente "de que"?

Para algumas pessoas, votar consciente significa estar bem informado sobre os candidatos, suas promessas, históricos etc. Partindo daí, seria apenas uma questão de comparar projetos e perfis políticos para se ter um voto "consciente". Mas será isso o suficiente para um voto verdadeiramente consciente?

Creio que não. O voto consciente passa necessariamente pela compreensão das limitações do poder dos políticos e do Estado. E não falo apenas de saber das funções e competências de cada cargo em disputa, mas, sim, de compreender o perigo que o governante ou o legislador pode nos dar.

Além disso, é um completo devaneio acreditar que realmente nos tornaremos uma sociedade mais desenvolvida, próspera e justa simplesmente delegando a eles atribuições e responsabilidades que cabem a nós como indivíduos e como comunidade/sociedade civil. Como ensinou o pensador francês Frédéric Bastiat, enquanto a maior parte da população continuar vendo o Estado como um meio de viver às custas dos demais (ignorando que é ele quem vive às custas de todo mundo), seguiremos nos frustrando com a política.

Nossa política é dominada pela lógica de que ganha quem promete mais "direitos" e benesses com chapéu alheio. Ignora-se que tudo aquilo que o governo  dá a Paulo é nada mais do que uma porção daquilo que ele antes retira por meio de impostos do bolso de Pedro, Maria, José e do próprio Paulo. Seguindo a lição de Bastiat - um pensador monumental, criminosamente ignorado no Brasil: "Não devemos esperar senão duas coisas do Estado - liberdade e segurança, tendo bem claro que não se poderia perder uma terceira coisa, sob o risco de perder as outras duas". Compreender isso é um passo fundamental para o voto consciente de verdade.

Fonte: Fábio Ostermann - Cientista Político, Associado Honorário do IEE - Jornal O Estadão do Norte

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