sábado, 24 de setembro de 2011

A ARTE DA PRUDÊNCIA - BALTASAR GRACIÁN

Evitar os dissabores.

É tão benéfico quanto sensato.  A prudência o poupará de muitos: trata-se de  Lucina (Deusa romana dos partos; apelido de Juno e Diana) da felicidade e, por isso, da satisfação.  Não dê aos outros más novas, a menos que haja um remédio, e acautele-se ainda mais para não recebê-las.  Há os que só têm ouvidos para a doença da lisonja, e outros, para o amargo da intriga, e há  os que não sabem viver sem uma dose diária de desgosto, a exemplo de Mitridates com seu veneno (Rei do Ponto, o qual , temendo ser envenenado pelos inimigos, habituou-se ao veneno tomando doses diárias dele).  Não é possível viver bem infligindo a nós mesmos sofrimentos vitálício a fim de agradar os outros, mesmo que seja alguém íntimo.  Nunca peque contra si mesmo para satisfazer aquele que o aconselhas e fica de fora..  Quando agradar a alguém envolve impor sofrimento a si mesmo, lembre-se desta lição: antes outro se magoar agora do que você se aborrecer mais tarde, e sem remédio.

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