domingo, 9 de setembro de 2018

Moral da História – O TREM JÁ VAI SUNGÁ


Imagine uma cidadezinha de Minas Ferais, de uma única rua de terra, onde não havia cinema, nem agência bancária, nem  médico, hospital, muito menos hotel, ou farmácia, açougue, nem estádio de futebol e nenhum policial, nem delegacia, nada. Assim era a cidade onde nasci. Hoje, o progresso já chegou lá. Feliz e infelizmente, pois, com o progresso, chegaram muitas coisas boas, úteis à população, facilitando a sua vida, e nesse aspecto aplaudimos a sua chegada.
 Mas, por outro lado vieram também as coisas indesejadas, com as drogas, a violência, a imoralidade e muitas outras coisas que entristeceram e que tiraram o encanto da pequena cidade, comprometendo a sua tranqüilidade e a segurança dos moradores. Lembro-me com saudade da minha antiga cidade natal.

Imagine naquele contexto antigo, um helicóptero pousando no centro da cidadezinha. Era um helicóptero do Exército que combatia uma guerrilha, há muitos anos atrás. Foi um acontecimento. Toda a população correu para ver aquele ‘trem’ de perto. Quando a criançada em grande alvoroço rodeava a aeronave, cada um querendo ter o privilégio de chegar mais perto possível, e todas as demais pessoas admiradas, extasiadas querendo tocar no objeto voador, o piloto acionou o motor do ‘bicho’, e nem do ruído e a ventania provocados pelas hélices girando, ouviu-se a voz do tio Zeca gritando: “Cuidado, gente, que o trem já vai sungá”!

Para quem não conhece o linguajar mineiro, os termos interioranos do meu povo, não entende mesmo. Trem é qualquer coisa, sungar quer dizer levantar, subir, alçar vôo. Assim como cacimba quer dizer poço; molambo é trapo, e por aí vai.

No interior do Acre também existem expressões próprias da região que os de fora não entendem: Venta é nariz, desmentir é torcer o pé, rolar é cortar, dizer o nome é falar palavrão, bimbarra é alavanca, etc. Por isso não entendi quando aquela senhora me disse que tinha medo do marido que andava querendo rolar ela com terçado (facão).

No meu entender o que os outros falam é um problema. Imagino a dificuldade das pessoas que, de uma hora para outra, se vêem em um país estranho, seja para estudar, trabalhar ou morar, sem poder se comunicar por não entender a língua. Por isso, hoje em dia, é quase imprescindível que se conheça pelo menos um segundo idioma, especialmente o inglês.

Fonte: Ver. Luciano Breder / Jornal Folha do Sul / Vilhena-RO.
(Postado na cidade de Humaitá-AM




Nenhum comentário:

Postar um comentário