Imagine naquele contexto antigo, um helicóptero
pousando no centro da cidadezinha. Era um helicóptero do Exército que combatia
uma guerrilha, há muitos anos atrás. Foi um acontecimento. Toda a população
correu para ver aquele ‘trem’ de perto. Quando a criançada em grande alvoroço
rodeava a aeronave, cada um querendo ter o privilégio de chegar mais perto
possível, e todas as demais pessoas admiradas, extasiadas querendo tocar no
objeto voador, o piloto acionou o motor do ‘bicho’, e nem do ruído e a ventania
provocados pelas hélices girando, ouviu-se a voz do tio Zeca gritando:
“Cuidado, gente, que o trem já vai sungá”!
Para quem não conhece o linguajar mineiro, os
termos interioranos do meu povo, não entende mesmo. Trem é qualquer coisa,
sungar quer dizer levantar, subir, alçar vôo. Assim como cacimba quer dizer
poço; molambo é trapo, e por aí vai.
No interior do Acre também existem expressões
próprias da região que os de fora não entendem: Venta é nariz, desmentir é
torcer o pé, rolar é cortar, dizer o nome é falar palavrão, bimbarra é
alavanca, etc. Por isso não entendi quando aquela senhora me disse que tinha
medo do marido que andava querendo rolar ela com terçado (facão).
No meu entender o que os outros falam é um
problema. Imagino a dificuldade das pessoas que, de uma hora para outra, se
vêem em um país estranho, seja para estudar, trabalhar ou morar, sem poder se
comunicar por não entender a língua. Por isso, hoje em dia, é quase
imprescindível que se conheça pelo menos um segundo idioma, especialmente o
inglês.
Fonte: Ver. Luciano Breder / Jornal Folha do Sul / Vilhena-RO.
(Postado na cidade de Humaitá-AM
Nenhum comentário:
Postar um comentário