Raimundo, João Rocha, Társila Bonelli, Antonio Júnior e Junior de Oliveira fazem parte da trupe do Sucata Cultural. (Foto: Acervo Pessoal)
Quando Raimundo é o assunto da vez no espaço Sucata Cultural, de Dourados, o fusca é retratado como se fosse um dos integrantes do espaço colaborativo sem fins lucrativos. Há cerca de um ano e meio ele vive com os atores e incentivadores do projeto que buscam por fazer cultura, assumindo a responsabilidade que seria do poder público para si.
Raimundo é um fusca "de verdade": é meio de transporte, tem 40 anos de "vida", está enferrujando, mas funciona perfeitamente bem e está com todos os documentos em dia. Símbolo do Sucata, foi justamente por já fazer parte da família, e pelo público conhecê-lo, que os responsáveis pelo sucata decidiram por rifá-lo para, finalmente, conseguir comprar equipamento para iluminação e sonorização do teatro de bolso do Sucata.
eu "pai" e comprador foi João Rocha. E o ato assume que está sofrendo com a ideia de se separar de Raimundo, mas que o Sucata quer mostrar para as pessoas que eles estão dispostos até em abrir mão do seu bem mais querido e único meio de transporte para que seja possível fazer melhorias no espaço cultural. "É pra mostrar que a gente, como se já não bastasse, precisa viver esse tipo de situação para dar o mínimo para o projeto cultural. Esse orçamento que fizemos prevê os equipamentos mais em conta para melhorarmos o nosso teatro de bolso e não depender mais de um aluguel de R$ 600,00 por espetáculo".
O fusca Raimundo fica iluminado quando estão acontecendo espetáculos no Sucata e é o que atrai o público.
Raimundo é o nome do avô de João e foi uma homenagem porque ambos, de acordo com o neto, são "velhos e rabugentos", brinca. "O Raimundo é o carro símbolo do Sucata e nossa layout de fotografia. Quando estamos abertos com espetáculos acontecendo, é ele que indica e chama o público porque fica todo iluminado, como se fosse um cartaz, um chamariz".
E foi dentro de Raimundo que a trupe do Circo Le Chapeu viajou com todas os equipamentos que um circo precisa pelo interior do Estado. Cabe até monociclo, instrumento de parada de mão, e tudo mais que seja preciso para o Le Chapeu se apresentar. "Ele já nos levou para Campo Grande várias vezes e aguenta numa boa essas viagens".
Nascido no Brasil no ano de 1979, “Raimundo” é um Fusca de cor azul membro da família tradicional Volkswagen. João brinca que ele "sempre acreditou no poder da liberdade, e em 2017, como alguns de seus irmãos, irmãs, primos e primas, Raimundo decidiu seguir seu sonho". O fusca se despediu da cidade de Três Lagoas e veio embora para Dourados para se tornar um dos artistas do Sucata Cultural.
Raimundo se transforma até em palco quando é preciso.
"Raimundo se despediu de sua antiga dona para ser um grande artista em Dourados, entrando para a trupe do Sucata Cultural, trazendo alegria com sua incrível técnica de mobilidade, que só ele consegue fazer", completa João. Infelizmente, até dezembro, ele embarca para uma nova missão, a de salvar e permitir que o Sucata Cultural evolua. Para isso, uma rifa de R$ 20,00 está sendo vendida em Dourados e em Campo Grande. "Buscamos por um valor mínimo de 15 a 20 mil reais porque, de acordo com orçamentos que fizemos, esse é o preço para se ter uma luz básica".
Társila Bonelli, Antonio Júnior e Junior de Oliveira se tornaram também donos de Raimundo e, antes de tudo, amigos de fusca mais parceiro que já esteve entre a trupe. Os amigos que são, na verdade, o público, brincam que se ganharem o fusca devolvem pro Sucata.
A data limite para ele ser rifado é em dezembro, mas é preciso que, até lá, os atores tenham conseguido o valor mínimo estipulado. No dia 18 de outubro, o Circo, junto com Raimundo, vem se apresentar no Grupo Casa, mas é possível ajudar na rifa entrando em contato ou procurando por Dona Edna no Centro Cultural José Octávio Guizzo. "Ela é mãe do Junior e está nos ajudando por aí", finaliza João.
Sobre o Sucata Cultural - Inaugurado em abril de 2017, o Sucata Cultural está em Dourados e é um Instituto idealizado por artistas de teatro, dança e circo que buscam estimular e propagar as diferentes linguagens artísticas no estado de Mato Grosso do Sul, realizando assim diversas oficinas, workshops, espetáculos, eventos artísticos, Biblioteca Cultural e uma Cafeteria, procurando uma junção de lazer com a arte e idealizando o espaço como um ponto de desenvolvimento e valorização da cultura para toda a população.
O Sucata Cultural conta também com um teatro de bolso para 100 pessoas. A maior dificuldade deste teatro é a falta de equipamentos técnicos de som e luz para as apresentações cênicas que acontecem no espaço. O Fusca Raimundo está sendo rifado para esta finalidade: aquisição destes equipamentos para melhores condições de trabalhos para os artistas que utilizam o Sucata Cultural como espaço de promoção de seus espetáculos e demais eventos e propostas.
Fonte: www.campograndenews.com.br
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