A principal diferença entre uma obra de arte e um simples desenho é
porque a primeira induz o apreciador ao raciocínio, à inteligência, à
reflexão. A obra de arte se eterniza por que mostra o novo e o
inusitado. Já o desenho simples não passa de uma cópia, às vezes até mal
feita, apesar da boa vontade e do talento do desenhista. Dificilmente
uma obra de arte é produzida por um sujeito que tem apenas o senso
comum, o conhecimento rasteiro e a pouca leitura de mundo. A tela
Guernica de Pablo Picasso é um exemplo disso. O mestre espanhol se
esmerou em trabalhar elementos coesivos, interdisciplinares e fez um
alerta com a sua obra: o perigo do Holocausto pelos nazistas, fato que
se comprovou pouco tempo depois. Artista é o que cria, que revoluciona.
Já o desenhista é um copiador que não demonstra inteligência no que faz.
Em Porto Velho, vários desenhistas até bem intencionados tentam
rabiscar telas de gosto duvidoso nos desnecessários viadutos da cidade.
Nem perceberam que por se tratar de época de campanha política o seu
trabalho só serviria para isso: fazer proselitismo alheio. E até agora
não fizeram nenhum desenho que não fosse cópia, até bem feita, diga-se.
Não há ali nada que se possa dizer que é uma obra de arte daquelas
eternizadas pelos renascentistas europeus. Da Vinci, Rembrandt, Picasso,
Van Gogh e Michelangelo devem se remexer no túmulo se forem
apresentados àquilo. O “trabalho artístico” dos viadutos está muito feio
tornando ainda mais horríveis aquelas paisagens horrorosas e cheias de
lixo. Pior: muitos dos porto-velhenses, que nada entendem de arte e bom
gosto, ficam inebriados e maravilhados com todas as horrendas
caricaturas.
Não se vê ali, por exemplo, nenhum desenho que nos
remeta à reflexão e ao conhecimento, infelizmente. É quase tudo “cópia
da cópia” sem nenhum resquício de inteligência. Ademais, deviam
registrar naquele ambiente o que de fato representa a cidade de Porto
Velho: um saco cheio de lixo com tapurus esparramados. Nada
representaria melhor a “capital da fedentina”, que tem uma das piores
qualidades de vida do Brasil. Mas hipocritamente esconderam isso dos
transeuntes. Só está faltando desenharem a foto de algum candidato. Uma
lástima, mas os rondonienses de um modo geral ficam encantados com
tolices e bizarrices. A “montanha-russa do atraso” no superfaturado
Espaço Alternativo é um claro exemplo dessa mania esdrúxula. A ponte
escura do rio Madeira e a “Praça da Bosta” na EFMM corroboram esta
sinistra tese.
Rondônia não tem cultura nem arte. Nunca teve.
Tudo aqui é cópia mal feita do que acontece em outros lugares.
Parintins, Campina Grande e Rio de Janeiro são as vítimas mais
corriqueiras desse plágio. Cadê o sucesso de uma banda que “encantou” o
Brasil com a música “vinte graus e uma coberta”? Aqui, cultura é
distribuir cachaça durante o Carnaval para as pessoas saírem pulando
pelo meio da rua emporcalhando tudo por onde passam. Um dos teatros da
cidade quase foi devorado por cupins e passa mais tempo fechado do que
encenando espetáculos. Sua serventia tem sido apenas para congressos,
cultos evangélicos, aulões e outras atividades alheias à verdadeira
arte. Até no esporte, o nosso Estado é uma piada: sem time em nenhuma
modalidade esportiva, tem-se que importar jogos para o recém-inaugurado
Ginásio Cláudio Coutinho. Arte que não leva à reflexão não é arte, é
cópia. Fato: Rondônia só copia o “resto” do Brasil.
Fonte: Professor Nazareno / Porto Velho-RO.
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