Na semana passada completaram-se dois anos do impeachment de
Dilma Rousseff. Por isso, os ponteiros do relógio da história sinalizam momento
adequado para examinarmos se foi útil e oportuna a mobilização nacional que
levou àquele desfecho. O tema, aliás, tem motivado ponderações de alguns
leitores.
Capitaneados pelo PT, os partidos de esquerda qualificam o
episódio como “golpe”, desatentos as suas múltiplas causas e ao longo e
cuidadoso procedimento jurídico e político em que se desenrolou sob os olhos da
opinião pública e sob a lupa jurídica do STF.
Esqueçam, também, que a oposição “golpista” conviveu
democraticamente com a primeira vitória de Lula, tolerou o escândalo do
mensalão,m reconheceu a segunda vitória de Lula, conviveu com a primeira
vitória de Dilma e com a segunda vitória de Dilma.
Foi a imensa mobilização popular de protesto contra seu
desastroso governo no dia 15 de março de 2015 que desencadeou o processo
jurídico-político do impeachment. Dezessete meses mais tarde, ele culminou com
a perda do mandato presidencial.
A palavra golpista é bem mais aplicável ao partido que pediu
impeachment de Collor, Itamar, FHC, e que,
nos Estados e municípios do país, grita “Fora” a todo ocupante de
cadeira que tenha ambicionado.
Vamos agora ao futuro do pretérito. Não costuma ser fácil
discorrer sobre como as coisas teriam acontecido se conduzidas de outros modos.
Neste caso, porém, é fácil, sim.
O Partido dos Trabalhadores ajuda. Em agosto de 2016, o país
afundava no terceiro ano consecutivo de recessão. Deslocado do governo para
a oposição, o PT votou contra as tímidas
reformas graças às quais o presidente da República, Temer, conseguindo apoio
parlamentar, estancou a recessão.
Agora, em campanha eleitoral, não deixando margem a dúvidas,
o partido reitera a intenção de acabar com elas de vez. Se o impeachment, não
tivesse acontecido, o Brasil estaria no rumo seguido pela Venezuela.
Tem mais. Sem o
impeachment, o PT estaria disputando esta eleição com apoio da máquina
governamental, teria mantido as fontes de financiamento e os empregos de sua
militância. E, o candidato seria Lula.
Com efeito, todos sabem ser escassamente majoritária a
posição do STF em favor do combate à corrupção, da Lava Jato, da colaboração
premiada, e da prisão após condenação em segunda instância. Esta última foi
mantida graças ao voto “pró-colegiado”, proferido pela ministra Rosa Weber. Se
a Dilma continuasse presidente, teria cabido a ela indicar o substituto de
Teori Zavascki.
Alexandre de Moraes não seria membro da Suprema Corte e a base petista no STF se ampliaria decisivamente. A “sangria” teria parado, a Lava Jato secaria e o Mecanismo retornaria o ritimo de seus negócios.
O impeachment de Dilma Roussef foi decisão certa no momento
certo.
Fonte: Percival Puggina – articulista e colunista de dezenas
de jornais e sites no país – Jornal Diário da Amazônia.
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