Às vezes fazemos coisas sem pensar e por isso nos arrependemos
amargamente pelas nossas ações. Uma dessas coisas inomináveis que eu fiz
foi criticar recentemente e de forma irresponsável a “ARTE” dos
grafiteiros nos viadutos de Porto Velho. Pior: disse que aquele
excelente trabalho de brilhantismo e galhardia não tinha a veia crítica,
reflexiva e não apresentava resquícios de inteligência. Santo Deus,
quanta tolice! O trabalho de vocês está muito acima da arte e do
reconhecimento. Um Nobel, deveria ser o prêmio para quem criou aquelas
divinas aquarelas. As Academias sueca e norueguesa deveriam mandar
emissários a Porto Velho só para premiar tão belo trabalho artístico.
Provavelmente eles vão criar mais um prêmio anual ou então substituir o
de Literatura somente para agraciar vocês de forma mais justa. Aquela
obra-prima será eternizada.
Cada desenho é uma história à parte.
É uma lição de vida. Uma aula. É um ensinamento para esta e para as
futuras gerações. Cada criação de vocês nos remete à História, à
reflexão, à criticidade, à filosofia, ao bom senso. Vocês são artistas
de verdade, não aquelas porcarias que vemos nos livros de História.
Rembrandt, Da Vinci, Van Gogh, Michelangelo e tantos outros ficaram na
poeira diante de suas belas telas. Hoje eles sentiriam vergonha se
vissem suas criações. A história da arte agora se divide em duas: antes
dos viadutos de Porto Velho e depois deles. O Renascimento deveria
começar agora: a partir desse insubstituível trabalho de criatividade e
veia artística. Olhando cada desenho, nossos olhos se enchem de
lágrimas. Já testemunhei pessoas chorando de emoção diante de algumas
telas. Turista agora é o que não faltará por aqui.
Os próprios
viadutos de Porto Velho também deviam ser citados como obra de
engenharia. Deveriam também ser reconhecidos internacionalmente e
receber uma espécie de Oscar da Engenharia e da Arquitetura. Acabaram
para sempre com os engarrafamentos e embelezaram a cidade. Aquilo ali só
pode ter sido trabalho de um Jaime Lerner ou de um Pereira Passos.
Gostaria de saber qual foi a cabeça que os criou. Construídos em tempo
recorde e sem usar um centavo a mais do que o previsto, as obras
colocaram a “capital dos destemidos pioneiros” como uma das mais
importantes metrópoles do mundo. Eles são iluminados, versáteis,
práticos, limpos e de extrema utilidade para os usuários. E vocês viram
tudo isso. Gênios que são! E captaram cada detalhe em seus “pincéis”.
Não há como não se orgulhar de ser porto-velhense, mano!
Quero
também pedir desculpas à banda da “música da coberta”. Sucesso nacional e
de grande reconhecimento internacional, ela com sua agenda sempre
lotada, em breve desbancará os Beatles, Abba e Bee Gees. Essa banda de
Porto Velho é um primor. Só não vê (e ouve) quem não quer. Mas tenho uma
pequena crítica ao trabalho de vocês: por que não desenharam também a
foto dos vários políticos daqui? Prefeitos, governadores, deputados,
senadores e vereadores por exemplo? Eles é que são os heróis de verdade
desse inteligente povo. Não fosse o pouco tempo de vocês, gostaria de
ter algumas dessas obras pintadas em minha humilde casa. Toda aula minha
a partir de agora lembrará os viadutos de Porto Velho. Será que daria
para retirar alguns daqueles desenhos para serem mostrados no Louvre de
Paris e no Metropolitan de Nova Iorque? Mas sem aquela montanha de lixo,
pois os apreciadores estrangeiros são mais exigentes.
Fonte: Professor Nazareno / Porto Velho-RO.
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