A governadora em exercício do Acre, Nazareth Araújo realizou uma conferência por telefone na manhã desta sexta-feira, 12, com o superintendente de Operações e Eventos Críticos da Agência Nacional de Águas (ANA), Joaquim Gondim, para falar sobre o monitoramento e ações do governo federal de forma preventiva caso o Rio Madeira venha a transbordar e atinja a BR-364.
Leia Mais
Na última quinta-feira, 11, o Rio Madeira chegou à cota de 19,95 metros, no trecho do Abunã. A lâmina de água permanece a cerca de um metro abaixo da rodovia que dá acesso ao Acre, que está com tráfego de veículos normal até o presente momento.
“São as mudanças climáticas, mas já podemos contar com questões técnicas e com decisões que nos ajudam, antecipam e nos colocam à frente do agravamento dos problemas. Estamos na busca do controle daquilo que pode nos trazer grandes problemas. Já estamos enviando documentos para os ministérios, Casa Civil e a presidência da ANA, porque precisamos desse controle”, ressalta a governadora.
Segundo Gondim, será criada na próxima semana uma Sala de Crise junto à Casa Civil da Presidência da República, reunindo diversos órgãos federais, com o objetivo de acompanhar os extremos climáticos do país e realizar um monitoramento maior nas hidrelétricas que atuam na região, com um enfoque no Rio Madeira, que apresenta níveis altos para o começo do ano.
“Estamos acompanhando com muita preocupação, porque os níveis hoje, independentemente da operação das barragens, estão elevados para esta época do ano. Vamos fazer todo o esforço do mundo para não haver a interrupção, mas, acontecendo, tudo tem que estar preparado para apoiar as populações que vão ficar de alguma maneira isoladas”, conta o superintendente da ANA.
Num entendimento geral entre a ANA e os estudos técnicos do governo acreano, o consenso é de que há poucas chances de a cheia do Rio Madeira ser igual à de 2014, quando o Acre se viu isolado e com uma crise de abastecimento devido à alagação da BR-364.
A diretora técnica do Instituto de Mudanças Climáticas, Vera Reis, conta que o fenômeno La Niña tem sido fraco este ano e o fenômeno de baixa pressão não está tão próximo do Acre. Ainda assim, o estado não pode deixar de monitorar toda a situação em tempo integral e cobrar do governo federal e das hidrelétricas da região uma postura para que o Acre não passe por uma situação de isolamento. “Há muitas variáveis que precisam ser ponderadas”, conta a especialista.
Vale lembrar que, após a cheia histórica do Rio Madeira em 2014, os trechos da BR-364 alagados foram elevados em 1,5 metro durante a recuperação. A cota de alerta junto a estrada é de 22 metros de cheia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário