O teatro da política é cativante, para quem vive e gosta dela. Mais uma encenação, em alto nível, diga-se de passagem, ocorreu nessa semana, quando foi oficializada a pré candidatura de Confúcio Moura ao Senado. Os preparativos já vinham há meses. Ele sempre foi candidato, mas nunca falou abertamente sobre o assunto. Poderia até sair do seu partido, o MDB, caso não pudesse concorrer pela sigla em que milita há mais de três décadas. Enquanto isso, seus companheiros faziam de conta que estava tudo certo, que o nome para o Senado seria Valdir Raupp e apenas ele. Claro que o cenário estava montado para um gran finale: nesta semana, Confúcio e MDB abraçaram-se publicamente. A candidatura dele, que só era negada pelo próprio, dentro do contexto da importância da encenação, foi enfim saudada por seu partido e seus companheiros. Ou seja: o MBD (o P não existe mais) terá mesmo dois nomes na corrida pelas duas vagas ao Senado. Além disso, o partido confirmou, novamente, como o tem feito várias vezes, que o presidente da Assembleia, Maurão de Carvalho, será sim o seu candidato ao Governo, não importam as conversas, fofocas e maldades de que ele poderia ser traído na última hora, como já ocorreu com outras pré candidaturas. Dessa vez, não haverá rasteira. O MDB busca aliados, mas seu projeto básico está montado: quer o Governo novamente, com Maurão e as duas vagas ao Senado, em 2018, com Valdir Raupp e Confúcio Moura. Baixam-se as cortinas. Aplausos. Tudo está no seu lugar.
Não se pode negar que o MDB vem com nomes da pesada para a corrida das urnas neste ano. Maurão é hoje um candidato sólido e promissor na política rondoniense. Vem crescendo em todas as pesquisas e, muito tempo antes do pleito, já tem densidade eleitoral para chegar ao segundo turno e, nele, sair-se vitorioso. Valdir Raupp vai em busca de mais um mandato como Senador e, mesmo com todo o noticiário negativo que tem sofrido, continua sempre como um dos nomes preferidos para manter-se onde está. Confúcio Moura entra na corrida com pesquisa recente, embora feita pelos grupos palacianos e políticos ligados a ele, já o colocando à frente de Expedito Júnior. O que o MDB aguarda agora é a decisão de que Ivo Cassol possa ou não concorrer (ele lidera todas as pesquisas ao Governo) e que Expedito Júnior desista do Senado, para tentar o Governo. Nesse cenário, acredita a cúpula do partido, o MDB pode fazer cabelo, barba e bigode, ou seja, compor as maiores bancadas na Assembleia; eleger o Governador e dois senadores. Faltará ainda, é claro, combinar com o eleitor. Mas daí já é outra história!
RONDÔNIA CONTINUARÁ DIFERENTE
Com a decisão da saída de Confúcio do governo, até no máximo dia 7 de abril, o novo comandante do Estado será Daniel Pereira. Ele está preparadíssimo para o desafio. Teve uma presença constante nas ações de governo, conhece profundamente a estrutura e já definiu, inclusive, que manterá praticamente toda a equipe atual, talvez com uma mudança aqui ou ali. O quadro em que se consolidou a pré candidatura de Confúcio, permite que Daniel comece já a pensar na forma em que conduzirá o Estado durante os nove meses de 2018, para concluir o mandato. Como ele garante que não será candidato nem ao Governo (e poderia, se quisesse), todo o seu esforço e nem a qualquer outro cargo, seus esforços serão direcionados apenas a governar. O que, aliás, já é um desafio inominável. Quem conhece Daniel Pereira tem certeza de que ele seguirá os passos de Confúcio, na questão da contenção de gastos e pagamentos religiosos de todos os compromissos. E que acrescentará ainda experiências pessoais, como iniciativas da educação, setor que ele pretende priorizar. Enfim, sai Confúcio, entra Daniel e, ao que tudo indica, Rondônia continuará em seu caminho como um Estado diferenciado, escapando da crise nacional.
VIAGEM INFERNAL
A segunda-feira marca mais um dia de travessia do que alguns insistem em chamar de rodovia: a BR 319, que deveria ligar, por asfalto, Porto Velho até Manaus, numa extensão próxima a 900 quilômetros. Liderada pelo senador Acir Gurgacz, membros da Comissão de Infraestrutura do Senado e representantes de várias instituições e entidades vão tentar chegar à capital manauara via terrestre, enfrentando os pelo menos 450 quilômetros infernais da estrada, abandonada há muitos anos. Como os donos da Amazônia (ONGs internacionais e nacionais; comando do Ministério do Meio Ambiente, à frente o tenebroso Sarney Filho, todo poderoso; Ibama, CMbio: parte do Ministério Público Federal, parte do Judiciário e agora apoiados por empresas de navegação, que só querem ver a rodovia pronta no Dia de São Nunca) não dão aval, a 319 é apenas uma meia rodovia, que ligada pouco a quase nada. Seu perímetro central, mais ou menos equivalente à metade do trajeto, jamais fica pronto, pelas pressões, pela morosidade, pelo boicote, por sucessões de decisões judiciais, algumas inacreditáveis. Mesmo assim, há ainda quem acredite que um dia vamos, por asfalto de qualidade, até Manaus. Nesta segunda, outra tentativa nesse sentido será feita. Tomara que não seja mais uma apenas em vão!
HISTÓRIAS DA NOSSA POLÍTICA
Histórias da política rondoniense, que pouca gente conhece. Em meados de 2010, Confúcio Moura tinha desistido de concorrer ao Governo. Um encontro de peemedebistas no Aquarius Selva Hotel, pertencente à família Castro, foi agendado para definir candidaturas. A ex deputada Sueli Aragão parecia ser a preferida para ser o nome do partido. Confúcio, em meio aos debates, achou por bem abrir mão de uma possível candidatura e foi embora para Ariquemes.. Estava já na estrada quando recebeu uma ligação do senador Valdir Raupp, pedindo que ele voltasse. Havia muita gente que queria era o ex prefeito de Ariquemes como candidato. Confúcio voltou, aceitou a missão e acabou se elegendo governador. Em sua reeleição, também ocorreu algo parecido. Confúcio não queria concorrer novamente. Tinha já avisado que não iria para um segundo mandato. Foram seus companheiros de partido que o convenceram a enfrentar as urnas novamente. Ambas as histórias foram contadas pelo senador Valdir Raupp, ao lembrar que ele e Confúcio são companheiros de política e de partido, há 35 anos. “E sempre vencemos”!, acrescentou Raupp.
O PERIGO DAS ÁGUAS
Especialistas dizem que há sim, risco de enchente em Porto Velho e na região banhada pelo rio Madeira, que vai até o Acre, mas que provavelmente caso isso ocorra, a força dela não será tão violenta como foi a de 2014. Mesmo assim, os cuidados começaram. O prefeito Hildon Chaves anunciou medidas de prevenção, principalmente para atender as populações do Baixo Madeira e para evitar que não se repitam as grandes perdas de três anos atrás, quando houve enorme destruição, ao ponto de alguns locais onde moravam várias famílias, terem simplesmente desaparecido. Hildon sobrevoou toda a região, buscou informações com os especialistas e determinou ações da defesa civil. O rio Madeira está subindo bastante sim, pela cheia que já chegou à Bolívia e Peru, nascentes dos rios que o abastecem, mas, ao menos por enquanto, não se espera uma cheia com o potencial destrutivo daquela histórica, de 2014. Tomara que assim seja!
UMA ETNIA QUE PODE DESAPARECER
Já chegaram à fronteira brasileira, fugidos do terror de um governo comunista (que só protege os índios no discurso) e da violenta crise que assola seu país, pequenos grupos da etnia Warao, originários da região noroeste da Venezuela. Como para esses pobres indígenas, apavorados e morrendo às dezenas, não há ONGs e nem vozes importantes que os defenda, por isso não dá dinheiro e nem prestígio, é bom que se conte a história deles. Grande parte dos homens da etnia já morreu. As mulheres e alguns poucos sobreviventes masculinos, além de crianças de várias idades, perambulam em busca de ajuda. O motivo? Uma verdadeira epidemia de Aids que atacou o grupo. A etnia indígena já chegou a ter 50 mil membros e estudos preliminares apontam que pelo menos 10 por cento de todos eles estão infectados pela doença. Centenas já teriam morrido, porque o tipo de Aids que os ataca é um dos mais agressivos. A morte, em agonia e abandono, pode acontecer às vezes apenas semanas após a infecção. Tanto na Venezuela próxima a uma guerra civil, imposta pelo governo de Nícolas Maduro quanto na maioria das instituições que tratam de questões indígenas, ninguém tem tempo para os pobres Warao. Se não forem tratados com urgência, toda a etnia tende a sumir. Uma tragédia, que se desenrola em silêncio, bem pertinho de nós.
CASSOL E EXPEDITO
Todos os cenários em que seus adversários planejam a eleição estadual deste ano, excluem o nome do senador Ivo Cassol. De propósito. Embora ele tenha boas chances de concorrer, inclusive poderia fazê-lo sub judice, os seus concorrentes acham que isso será muito difícil. Para entender a situação, é simples: até agora, como o nome de Cassol está em todas as pesquisas, ele lidera praticamente em todos os cenários. Se a eleição fosse hoje e ele fosse candidato, por exemplo, estaria sem dúvida num segundo turno, embora seus partidários defendam que ele poderia vencer até no primeiro turno, o que daí já é mais torcida do que possibilidade real. Os principais nomes da corrida estadual (Maurão de Carvalho e Acir Gurgacz), acham que Cassol não poderá concorrer. Pode ser que sim, pode ser que não. No caso de Cassol ficar fora da disputa, o tucano Expedito Júnior pode mudar de planos e deixar a corrida ao Senado para disputar o Governo. Nesse caso, os beneficiados seriam Confúcio Moura e Waldir Raupp e até Jesualdo Pires, que não teriam pelo caminho um adversário fortíssimo. A disputa de 2018 está andando para ser histórica!
PERGUNTINHA
Mesmo com o décimo primeira aumento do preço da gasolina em menos de três meses, você é daquelas que acreditam nos números oficiais do Governo, informando que temos a mais baixa inflação das últimas décadas?
Fonte: Jornalista Sérgio Pires / Porto Velho-RO.
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