domingo, 5 de novembro de 2017

A NOITE

A nebulosidade ameaçadora
Augusto dos Anjos
Tolda o éter, mancha a gleba, agride os rios
E urde amplas teias de carvões sombrios
No ar que álacre e radiante, há instantes, fôra.

A água transubstancia-se. A onda estoura
Na negridão do oceano e entre os navios
Troa bárbara zoada de ais bravios,
Extraordinàriamente atordoadora.

À custódia do anímico registro
A planetária escuridão se anexa...
Sòmente, iguais a espiões que acordam cedo,

Ficam brilhando com fulgor sinistro
Dentro da treva omnímoda e complexa
Os olhos fundos dos que estão com mêdo!

Fonte: Do Livro EU - Outras Poesias / Poemas esquecidos - Augusto dos Anjos.





Nenhum comentário:

Postar um comentário