As redações estão à beira de um ataque de nervos. As informações para serem transformadas em notícias chegam por vários canais. Pela reportagem, apuração, os mais variados sites e plataformas digitais, releases físicos ou virtuais, e também pelo Face book, Google ou What´s app. Este não para de divulgar informações de origem pública, de outros veículos, de grupos com participantes pré selecionados ou de mensagens individuais. Pessoas e telefones que nunca vimos, de repente, aparecem no celular e trazem uma informação que aparentemente pode ser transformada em notícia. Será verdade? Era mais fácil avaliar antes da teia de comunicação informacional se estruturar. A identificação da fonte era o primeiro passo para atestar se o que chegava era falso ou verdadeiro. Se estava exposto em um veículo de credibilidade, meio caminho andado. Ainda assim é preciso averiguar. E se o colega errou? Com o advento das mídias sociais há uma verdadeira avalanche de informações que brotam durante todo o dia e uma boa parte delas, falsas. Umas dolosamente falsas. O primeiro alvo é e reputação de pessoas, de preferência conhecidas; marcas, de preferência globais; instituições, de preferência de entidades que tem uma determinada posição sobre assuntos polêmicos.
Khadafi morreu. Vários veículos consultados confirmam a informação e que já se transformou em notícia. Trump mandou tirar o busto de Martin Luther King do salão oval da Casa Branca. Com a fama que o histriônico americano tem, só pode ser verdade. Não era. A fonte, um repórter da revista Time errou. E a montanha de coisas que chega via what´s app? O político fez uma ligação que foi grampeada e nela conta como conseguiu milhões para suas despesas pessoais e o que sobrou aplicou na campanha. A precariedade, a diminuição de jornalistas na redação, a pressa de divulgar antes da concorrência não justificam divulgar, ou reproduzir a informação sem boa dose de apuração. É preciso checar nome, endereço, evidências em contrário, identificar a fonte se for possível. A origem pode ser de um adversário ou de um bot à serviço sabe-se lá de quem e qual causa. Por isso o risco é maior consideradas as transformações pelo que passam os veículos e os jornalistas. Não é fácil estar atento para investigar evidências e pistas que vão contra o palpite, ou preferência pessoal do jornalista. Este precisa identificar as bolhas de informação especialmente as que lhe são simpáticas e comungam com a sua visão de mundo, aquela que gosta de ouvir e falar para fortalecer sua convicção.
Será verdade ? É possível conter a histeria de divulgar algo que parece que vai causar grande impacto no púbico alvo, promover o veículo ou plataforma que carregou e notícia e dar notoriedade ao jornalista ? Nunca o ditado dito por minha vó foi tão útil: quem tem pressa come cru. Contemplar os vários lados e pontos de vista ajuda, é preciso separar, como dizia o velho Mark Twain, o joio do trigo. O que de fato aconteceu e o que é ou fantasia, ou notícia falsa? Fake News hoje já faz parte de dicionário da língua inglesa. Mais do que nunca o jornalista tem que usar o ponto de interrogação como instrumento de trabalho diário. Diante da realidade da confluência de mídias uma notícia não espera mais 24 horas, ou uma semana para chegar em uma banca de jornal ou na porta da casa de um assinante. Ela pulula na tela do celular com sinal sonoro, e viaja de metrô, ônibus e em alguns casos, de avião. O gesto de ler, ouvir, ver é imediato. Mesmo sorrateiramente durante uma palestra ou uma aula na escola. O impacto também é imediato e daí sobrevém o compartilhamento nas redes pessoais. Não se pode esquecer que com a tecnologia à disposição dos proprietários de smart phones qualquer pessoa pode se tornar um repórter ou editor. Se o seu público vai aceitar ou não o que divulga depende do seu chapéu de reconhecida credibilidade.
Fonte: Heródoto Barbeiro - Record News / SP.
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