A notícia é mais uma, estarrecedora, entre tantos que tem conspurcado a vida do brasileiro, todos os dias: “o Ministério Público de São Paulo abriu inquérito para apurar a suspeita de que 18 coronéis e um político, que também foi oficial da Polícia Militar, tenham desviado até 200 milhões de reais dos cofres públicos da corporação. Inicialmente era investigado um desvio de 7 milhões de reais, mas segundo a Promotoria, o esquema fraudulento era muito maior e envolveria oficiais militares e empresas. O dinheiro viria da negociação de compras de produtos por meio de licitações”. Parece uma notícia comum, isolada, mas não é. A corrupção, que se enfronhou em praticamente todos os setores da vida pública, abocanha também instituições como a Polícia Militar, que deveria nos salvaguardar dos corruptos e criminosos; dos bombeiros, que já foram a mais respeitada instituição do país e já está dominando muitos parlamentos, chegando também, infelizmente, a setores do Judiciário. Esse é um quadro de extremo perigo para o Brasil. É a proximidade do caos, como o que está acontecendo no Rio de Janeiro, dominado pelo crime organizado dentro e fora do Poder; no Palácio do Governo, na Assembleia, no Tribunal de Contas. Tudo isso abre espaço para discursos como os de Jair Bolsonaro, de extrema direita, que cresce cada vez mais nas pesquisas na disputa Presidencial. Para uma fatia cada vez maior da população, por não ser corrupto, Bolsonaro é a saída lógica. Ou seja, corremos o risco de novamente cairmos nas mãos de um Salvador, como buscamos em Fernando Collor de Mello. E deu no que deu. E com Lula, não seria pior? Voltaríamos, caso ele possa concorrer, aos tempos da incompetência, da destruição da economia, do populismo e da roubalheira. Tem saída?
Sem exagerar no pessimismo, está ficando muito difícil. Não temos nenhum grande líder nacional; não podemos confiar na classe política como um todo, com raras exceções, mas exceções não resolvem os graves problemas do Brasil. Precisaríamos de uma grande união nacional, mas apenas dos brasileiros de bem, para que voltemos ao caminho do crescimento, do pleno emprego, da busca de uma sociedade justa, democrática e decente. Como cada vez menos instituições e poderes podem ser confiáveis para um desafio como esses, os otimistas acham que são poucas as saída. Já os pessimistas têm certeza de que não há mais saída. O episódio da PM de São Paulo é apenas mais um triste exemplo de tudo o que estamos vivendo. O caso da Assembleia do Rio, que mandou soltar bandidos que a Justiça condenou, é também só mais um, entre tantos outros. Estamos caminhando para o precipício?
TUCANATO SEM CRISE?
Assunto das últimas semanas, que acabou dominando algumas áreas do noticiário político, um possível racha no PSDB rondoniense, inclusive com uma eventual saída de Expedito Júnior do partido, não se concretizou. Que houve algum bate boca e debates fortes, houve sim, no dia da convenção do partido que elegeu Mariana Carvalho como a presidente regional. À portas trancadas, a discussão foi extremamente acirrada, até que as duas alas que comandam no partido chegassem a um acordo. Mariana ficou com o poder de mando e Expedito ficou com a nomeação dos membros da Executiva tucana. Há ainda algumas fagulhas no ar, mas ao que tudo indica, a poeira já estaria sentando. Mariana tem queixas, sim. Uma delas é o fato de ter uma participação menor do que ela e seus apoiadores gostariam, na administração de Hildon Chaves, a nova estrela do tucanato. Expedito tenta contornar esse situação. Ouve-se que há um diálogo aberto para que as arestas sejam aparadas. Não foram ainda. Da porta para dentro, há ainda alguma mágoa no ar, mas dali para a fora, o tucanato firma pé de que o partido está em paz e pronto para 2018. O PSDB teria estrelas demais ou está de bom tamanho? Mariana é estrela em ascensão. Expedito é estrela consolidada. Hildon Chaves é a que começa a brilhar agora. Certamente que nem tudo são flores no ninho tucano, mas, ao menos até agora, não há indícios claros de que todos seus principais líderes não estejam buscando um convívio pacífico. Esperemos para ver no que vai dar...
HILDON E AS ALAGAÇÕES
De volta, depois de uma rápida viagem á China, o prefeito Hildon Chaves encontrou, claro, muitos problemas e desafios à sua frente, desde o minuto em que reassumiu, na última quarta. O caso da Semtran ineficiente ele já resolveu. Mas ainda há, pela frente, o maior deles: começar de imediato um trabalho que ao menos amenize a situação de algumas áreas que, atingidas por qualquer chuva mais forte, se transformam em verdadeiros rios. Hildon sabe que a solução definitiva para o problema das alagações ainda vai demorar algumas décadas, mas sabe também que precisa começar. O caso da rua Barão do Rio Branco, em pleno centro da Capital, está na sua agenda e na da Secretaria de Obras. A Prefeitura precisa também, com urgência, lançar uma campanha de mobilização na comunidade, para combater o crime absurdo praticado contra Porto Velho, de se jogar lixo nas ruas. O lamentável hábito de muita gente é um dos principais motivos pelo entupimento da canalização e a falta de escoamento. Claro que não é só isso, mas essa questão precisa ser enfrentada logo. Sem mobilização e envolvimento da coletividade, nada vai melhorar.
A DANÇA DOS EX PREFEITOS
O ex prefeito Mauro Nazif quer voltar ao Congresso Nacional. Ouve-se que ele é candidatíssimo a uma cadeira na Câmara Federal. Mas, por enquanto, continua reticente nas aparições públicas e não confirma, oficialmente, se será ou não candidato em 2018. Outro ex prefeito, Roberto Sobrinho, que perto do final do seu segundo mandato tinha uma aprovação superior a 70 por cento, mas que teve sua carreira ascendente derrubada, numa operação em que ele foi preso, embora até hoje não tenha sido condenado definitivamente em nada, anda em silêncio. Não se sabe se ainda pensa em disputar algum cargo público. Qual o destino de Carlinhos Camurça, outro prefeito que marcou a história de Porto Velho? Fora das lides políticas há anos, empresário de sucesso, Camurça não fala, ao menos publicamente, sobre algum plano para o ano que vem. Dos ex prefeitos, o que é candidato, já que colocou publicamente seu nome a disposição do partido, é José Guedes. Ele quer ser o cara
SOBRINHO E A VITÓRIA DE PIRRO
Por falar em Roberto Sobrinho, ele teve mais uma vitória importante, embora hoje pareça uma Vitória de Pirro, já que é importante ficar claro que é mais uma prova concreta que sua condenação pública teria sido muito injusta, na época e os prejuízos políticos e eleitorais que já teve, dificilmente algum dia serão recuperados. Afastado da Prefeitura, numa rumorosa operação policial a apenas 13 dias úteis de passar o poder para a frente e com uma aprovação de mais de 75 por cento, Sobrinho responde a vários processos, nenhum deles, até hoje, com condenação definitiva e com várias vitórias dele em nível de Judiciário. Agora, foi a reversão de uma decisão anterior do Tribunal de Contas do Estrado que o beneficiou, cinco anos depois. O TCE-RO havia rejeitado as contas dele na Prefeitura, relativas a 2012. Sobrinho recorreu e anos depois, agora, por unanimidade, o TCE reconheceu que não houve qualquer irregularidade. Esse episódio da rejeição das contas foi usado brutalmente contra ele, na campanha em que tentou voltar à Prefeitura. Foi um fator decisivo para que ele não pudesse concorrer, a não ser sub judice. Agora, venceu. Ao menos uma vitória moral, já que os danos que sofreu, obviamente jamais serão reparados.
FIGURÕES E CARA NOVA AO SENADO
Os nomes são de peso pesados da política, mas também de caras novas que querem o voto do rondoniense para chegar ao Senado. Entre os pré candidatos, pelo menos quatro deles já foram testados nas urnas e sempre se deram bem. No PMDB, estão dois deles: o governador Confúcio Moura e o ex governador e senador de vários mandatos, Valdir Raupp. No PSDB, o tucano Expedito Júnior, que vem liderando as pesquisas para tomar conta de uma cadeiras, em praticamente todas as regiões do Estado. Mas tem também um prefeito consagrado, que vem fazendo uma administração notável, o credenciando para voos mais altos: o PSB quer ver Jesualdo Pires como senador por Rondônia. O quinto elemento é daqueles que merecem o maior respeito, porque sem dinheiro, sem estrutura, em partidos pequenos, tem um eleitorado fiel e cada vez maior: Aluizío Vidal, da Rede. Bosco da Federal, do Podemos, ex PTN, vem aí com apoio do comando nacional do partido e acha que pode chegar lá. O cara nova neste pacote é o petista Irailton Santos, o Terrinha, que se auto lançou pré candidato e está longe de ser conhecido dentro ou fora do seu partido.
POLÍTICA DE ÔNIBUS
Mais de 1.400 quilômetros toda a semana. Setecentos quilômetros na ida, outros tantos na volta. De ônibus. Ao invés de camionetas ou carros a que têm direito, o deputado Luizinho Goebel, de Vilhena, faz esse trajeto tranquilamente, sem qualquer problema, ao menos quatro vezes por mês nos coletivos intermunicipais. Ou seja, viaja mensalmente, só entre a fronteiriça Vilhena, seu principal reduto eleitoral e a Capital, nada menos do que 5.600 quilômetros. Entra no ônibus em Porto Velho depois das sessões de votação da Assembleia e viaja a noite toda. Chega no meio da manhã seguinte e só então pega um carro para circular por toda a região sul do Estado. No ir e vir para a ALE, Luizinho, considerado um parlamentar muito atuante, não usufrui de carros e nem aviões.. Com seu estilo de fazer política com muita caminhada e sem gastança, o vilhenense se encaminha para mais um mandato, ampliando uma vida pública de conquistas pessoais modestas. Na Vilhena onde inúmeras lideranças estão atoladas até o pescoço em denúncias de corrupção e outras tantas condenadas, Luizinho Goebel não tem qualquer mancha na sua trajetória como político.
PERGUNTINHA
Você concorda com a lei que permite que o parlamento (Assembleias Legislativas, Câmara Federal e Senado) tenha poderes de mandar soltar algum de seus membros, cuja prisão tenha sido decretada pela Justiça?
Fonte: Jornalista Sérgio Pires - Porto Velho/RO.
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