Os números não
mentem jamais. Há um processo de desindustrialização no mundo. A velha
divisão do trabalho gerada desde o início da revolução industrial está
no fim. A fábrica sai do processo econômico para as páginas da história.
Atualmente a indústria representa 15 % do PIB mundial. Há 20 anos era
21 %. Entre os impactos sociais mais preocupantes é que nações
industrializadas vão perder fonte de divisas e o número de empregos
ofertados deve cair drasticamente. Porém, é preciso considerar que há
vinte anos o PIB global anual era calculado sobre US$ 30 trilhões de
dólares. Hoje ele vale US$ 78 trilhões. A diferença é de quase 85 %. Ou
seja a riqueza gerada pela indústria não diminui, pelo contrário,
aumentou como nunca, ainda que aparentemente pareça que a quantidade de
fábricas tenha diminuído e o personagem do Charles Chaplin em Tempos
Modernos tenha sido definitivamente mandado para um museu. Hoje ele
estaria estatelado no teclado de um computador como este que escrevo.
O produto interno bruto é a soma de todas as riquezas produzidas pela indústria, agricultura e prestação de serviços. Estes são responsáveis por 72 % da riqueza brasileira, 80% dos Estados Unidos e 74 % da Europa. Sob a rubrica prestação de serviços há uma gama enorme e diversificada de atividades que vão do salão de beleza à hotelaria, do turismo até o gigantesco sistema bancário mundial com todas as atividades de fluxo de moedas. Do mercado financeiro de ações aos cartões de crédito . O setor serviços hoje é o maior responsável pela geração de riquezas no mundo e o que oferece maiores e melhores oportunidades de trabalho e renda. Ao setor agrícola sobram hoje 5% quando em 1825 era 65 % do PIB mundial. É verdade que a produção agrícola cresceu como nunca e a chegada da pesquisa e da automação foram responsáveis por alimentos e matérias primas para alimentar o planeta. A fome que ainda existe não é resultado da oferta, mas de renda, guerras, trauma históricos, governos perdulários e outras desgraças que se abateram sobre esses povos. Comida, qualidade, diversidade e transporte existem. Falta com o quê comprar.
Os números da indústria no Brasil
seguem, proporcionalmente, os do PIB mundial. Em 1985 ele representava
21,8% de toda a riqueza nacional que era de R$222 bilhões de reais. Em
2017 o percentual caiu para 11,4% de um PIB de R$ 1,8 trilhões de reais.
Em números absolutos houve um crescimento semelhante ao de outros
países. Contudo o que se nota é a diminuição do número de fábricas e de
trabalhadores na área. Os produtos industriais ganharam um valor
agregado imenso e o mais recente exemplo é o preço de um único smart
phone X da Apple. Vale perto de mil dólares nos Estados Unidos. No
Brasil vale três vezes mais. Com um quilo desse produto exportado é
possível comprar muitos quilos de produtos primários ou agrícolas. O
processo de sofisticação da produção, proporcionado pela quarta fase da
revolução industrial, secou a oferta de vagas de trabalho no chão de
fábrica graças a etapa em que máquinas programam máquinas. Isto não só
acelerou a produção como derrubou o custo com perdas menores no processo
de produção e a concorrência generalizada. Portanto, quando se divulgam
dados percentuais é sempre saudável compará-los aos números absolutos e
o tempo.
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