quinta-feira, 12 de outubro de 2017

RESENHA POLÍTICA - ROBSON OLIVEIRA

DESVIOS – Um balanço do setor público relativo ao desperdício de recursos por malfeitos dos senhores prefeitos, divulgado nesta terça-feira (10), aponta que os desvios de recursos públicos nos municípios são imensos, exatamente onde deveriam chegar como serviços à população mais carente. Norte e Nordeste são as regiões onde os alcaides surrupiam mais e, Mirante da Serra (RO), foi onde se constatou entre 2014 a março de 2017 os índices mais aberrantes. Segundo o relatório, o desvio de recursos públicos foi quase o valor total da arrecadação do município. Não foi pior porque os responsáveis foram apeados das funções que exerciam em ação forte dos órgãos de controle.

ALVOS – Há em andamento, conforme fontes da coluna, várias investigações abertas em Rondônia sobre malversação no setor público. Em alguns casos, de acordo a mesma fonte, os prefeitos e ex-prefeitos são alvos de procedimentos investigatórios. Deduz-se que, a qualquer momento, estes fatos venham à tona. E ao que tudo indica podem alcançar outras autoridades. É uma questão de tempo.

BAIXARIA – A troca de acusações públicas entre os senadores Acir Gurgacz (PDT) e Ivo K-Sol (PP) deixou os meios políticos perplexos com o baixo nível de ataques e contra-ataques. Os dois são declaradamente prováveis candidatos ao Governo de Rondônia – embora o pepista esteja supostamente impedido de registrar a candidatura por razões judiciais – e o clima de beligerância instalado é um indicativo de que a campanha tende a descambar para níveis reprováveis.

RECIBO – Para surpresa dos observadores políticos, após uma enorme mobilização dos taxistas e proprietários de vans em Ji-Paraná, o grupo Eucatur, de propriedade da família do senador Acir Gurgacz, em propaganda em horário nobre na TV Rondônia, filiada da Globo, passou o recibo do golpe dado por K-SOL ao veicular uma propaganda defensiva que expõe exatamente o ponto nevrálgico da querela, o suposto transporte ilegal de passageiros intermunicipais. Surpresa porque utilizou no VT taxativamente a palavra ilegal, em vez de tratar a questão como uma simples falta de regularização. A propaganda do grupo se enquadra na frase: a emenda foi pior que o soneto.

RINHA & SERPENTÁRIO – Esta briga entre os dois senadores não é boa para nenhum deles. Ambos não perceberam que o eleitor está “P” da vida com os políticos em razão da corrupção e devido à falta de compostura do Congresso Nacional. Quem analisa a política com um mínimo de isenção pode intuir que é um abraço de afogados, ou seja, ao persistir o clima bélico, ninguém sairá vencedor. Os estragos provocados por esta rinha ou este serpentário atingem inclusive quem não tem nada com a briga.

OUTSIDER – Há quem aposte que o ambiente eleitoral de 2018 esteja tão contaminado pelos malfeitos que o eleitor possa rejeitar a maioria dos nomes conhecidos na política estadual e optar por alguém fora do establishment. É uma possibilidade, visto que na política nada é impossível.

MATURIDADE – No entanto, não é uma tarefa tão simples assim como preconizam os ideologicamente engajados por alternativas imediatistas, pois o ‘novo’ tem que ser alguém com o mínimo de expertise política para administrar a máquina pública e maturidade para lidar com as amarras e as contradições da própria política. Isto sem falar num legislativo que a cada legislatura vai de ruim a pior. Cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém na medida em que o “novo” pode surgir com velhos ranços de origem.

PODEMOS – A crise política e moral que afetou os partidos em geral tem parido “novas” legendas que de novo não têm nada, exceto a forma de tentar ludibriar o eleitor com palavras desconexas e apelos midiáticos. PODEMOS, por exemplo, é nada mais que o ex-PTN, partido que tempos recentes elegeu Celso Pitta prefeito de São Paulo e que foi considerado o pior alcaide paulistano de todos os tempos. Quem acessar o Google no nome Pitta constará o rol de desvios ligados a precatórios que o antecessor do PODEMOS fez.

ANTECEDENTES - É uma legenda que nada tem a ver com o PODEMOS espanhol. Aquele (PODEMOS da Espanha), foi um movimento criado por intelectuais de Madri, em 2014, no auge da crise espanhola, para opor-se aos cortes com gastos públicos que estavam sendo levados a cabo como consequência da crise econômica que atravessava o país. Um partido com coloração de esquerda. Enquanto que o partido homônimo tupiniquim defende exatamente o oposto: “Nós Pode” privatizar geral e cortar os gastos no setor público. O que o eleitor não pode e não deve é entrar nessa onda.

LIVRES – Mais uma legenda que se apresenta como moderna, e é tão velha quanto as propostas que fundamentam a criação partidária. Anteriormente fundado de nome PSL, tem como principal proposta a menor participação do Estado na economia e credita que o mercado, dominado por este empresariado atolado até a alma na lama que assola o mundo político, é capaz de resolver todos os problemas. Esquece de dizer que empresário brasileiro é, em sua maioria, predador e quer ganhar mais e mais. Não raro, corrompendo agentes públicos para obter vantagens indevidas. A Lava Jato vem trabalhando com afinco, entre erros e acertos, para que as tetas governamentais fiquem livres da fome insaciável de um empresariado capaz de voltar a delinquir e amealhar riquezas fáceis.

ENGODO – A situação política do país é tão delicada que não há muitas saídas milagrosas, embora haja nas diversas agremiações partidárias gente de bem que se possa votar. Mas ninguém está livre das propostas mais mirabolantes e sem nexo dos salvadores da pátria que eventualmente aparecem em crises agudas. Não há outra saída senão na política e o eleitor precisa é separar o joio do trigo para não se arrepender depois. Olho vivo no “novo” que pode esconder na forma o velho engodo da prática.

CHANCES – Embora venha alimentando desde 2014 disputar as eleições para o Governo de Rondônia, o deputado estadual Maurão de Carvalho (PMDB) dificilmente consiga uma legenda estruturada no estado capaz de alavancar sua pretensão. Esta coluna foi a primeira a alertar no início do ano – na época assessores do parlamentar zombaram da coluna – que o PMDB não homologaria o nome do parlamentar. Tudo se encaminha para que em 2018 os peemedebistas apoiem um nome de outra legenda, já que as lideranças do PMDB fazem conta e sabem que as probabilidades de um naufrágio eleitoral com Maurão sendo o timoneiro são enormes. As pesquisas preliminares confirmam.

TRAIÇÃO – Maurão anunciou que vai exigir do PMDB uma decisão imediata e, em reservado, se queixa de uma suposta traição. Pura lorota. Ninguém de bom senso abraça uma candidatura fadada a priori ao fracasso. É verdade que política é como nuvem e muda constantemente. O problema é que em três pesquisas consecutivas os percentuais obtidos pelo deputado não são animadores já que na base governamental há outros nomes mais promissores eleitoralmente. Pode ser que em 2018 Maurão consiga melhorar os percentuais e convencer o PMDB a homologar seu nome. Exigir agora uma definição é prematuro. Para tentar apressar a definição manda publicar fotos flertando com dirigentes de outros partidos. O engraçado é que tais dirigentes, igualmente ao PMDB, têm projetos próprios e Maurão de Carvalho não se enquadra neles. Depois fica choramingando que é traído.

DESGASTE - A Câmara dos Deputados vai analisar e vota mais um pedido de autorização para processar o presidente Michel Temer durante estes dias. Todos sabem o resultado caso não haja uma mudança inimaginável de insurretos de última hora. Contudo, as atenções do eleitor estão voltadas para os seus representantes. Membros da bancada federal que tem apoiado o desgastado Temer tem sofrido com protestos em todos os eventos públicos. A tendência é piorar na medida que aproximam as eleições. O desgaste tem sido devastador. Marcos Rogério (DEMO), Expedito Neto (PSD) e Mariana Carvalho (PSDB) votaram contra Michel Temer na primeira denúncia. Tudo indica que manterão a mesma posição. Os demais vão sofrer com as vaias. 

ACESSOS – A coluna tem alcançado números de acesso expressivos, conforme relatório do provedor. Este cabeça chata agradece a cada leitor (a) que perde um pouco do seu tempo para ler essas maltraçadas linhas. Nem todos concordam com nossos comentários, o que não diminui nossa gratidão a cada internauta. Obrigado!  

Fonte: Jornalista Robson Oliveira - Porto Velho/RO.



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