O Santo Natal é o amor de Deus por nós. Ele, o Criador de tudo, se torna um bebê para poder ser acolhido por todos nós. Receber o nosso carinho e ternura. Este é o nosso Deus!!! Que maravilha aos nossos olhos contemplar essa grande e poderosa verdade de um Deus presente conosco e que quer ser amparado por nós. Somos imensos, porque temos esse poder de acolher Deus na nossa vida! Compartilhar sua divindade a partir da nossa frágil humanidade. É nisso que consiste a nossa dignidade. Somos atraídos para essa verdade. De fato, todo mundo pode fazer essa experiência de um Deus tão perto da gente, revestido da nossa carne, da nossa natureza. Portanto, seremos mais humanos quanto mais fizermos a experiência da acolhida de Deus na nossa vida. Natal nos ensina tudo isso! Podemos ver, neste imenso evento, como até as pessoas afastadas da Igreja, ou simplesmente que não se sentem atraídas por uma experiência de fé, conseguem ser seduzidas por esta magnífica festa que marcou, de maneira definitiva, a nossa história. Então, é bom focalizarmos alguns elementos constitutivos do Santo Natal, sob o aspecto comunicativo. Vejamos, por exemplo, como os pastores agiram frente a essa extraordinária realidade.
Os pastores se tornaram mensageiros de uma belíssima notícia, sem a deturparem. Anunciaram aquilo que viram e ouviram. Eles se tornaram protagonistas de algo que supera o conhecimento e poder humano. Eles, que eram considerados os marginalizados, os últimos da sociedade daquele tempo. Esse testemunho dos pobres pastores nos revela que a lógica dos desígnios de Deus é totalmente diferente dos seres humanos, impregnados de ostentação de poder, rivalidade e exclusão. Isto nos questiona, e a nossa grandeza é de se deixar continuamente interpelar para acolhermos esse nosso Deus. É Ele a Boa notícia e não as nossas notícias , o nosso modo de entender e planejar. Como os pastores se tornaram protagonistas da vida, assim também nós podemos nos tornar protagonistas da vida na medida em que nos deixamos levar pela mensagem do nosso Deus. Porém, de fato, nós queremos ser protagonistas pelos nossos interesses e promoções pessoais em detrimento dos outros. No entanto o protagonismo na lógica de Deus é sermos capazes de viver a nossa condição de irmãos e irmãs. Assim sendo, creio que é necessário imitarmos aqueles pastores. E aquela gruta onde nasceu o Menino Jesus? A humildade e a simplicidade revelam um fato extraordinário de Deus que se rebaixa até nós.
Pergunto-me: se Deus se torna presente na nossa vida com total humildade, por que nós não podemos estar juntos despojados de qualquer arrogância, soberba, altivez? O Altíssimo se faz presentíssimo, não desprezando a nossa realidade, mas, ao contrário, compartilhando conosco o seu grande poder porque é preocupado com a nossa vida. Então, como queremos caminhar com os outros para compartilharmos aquilo que somos? Temos a coragem de nos rebaixar para favorecer os outros? A onipotência do nosso Deus, por incrível que pareça, se manifesta nessa capacidade de entrar na nossa vida. É a humildade que favorece a vida, porque é solidária e fraterna. Não é uma elucubração de palavras e pensamentos, mas testemunho de vida!
E aquele silêncio recolhido daquela gruta emana uma magnífica e poderosa comunicação: a vida não tem limite. Quantas vezes não sabemos priorizar o silêncio, porque achamos que isto prejudica a nossa fala para comunicar. No entanto, no nascimento, Deus não fez manifestações de praça, barulhos de palavras, não tocaram tambores, ao contrário de nós, quando queremos mostrar algo de importante usamos todos os possíveis meios que estão ao nosso dispor para contar o evento da nossa vida. Deus prefere comunicar no silêncio, porém, nós preferimos comunicar com barulhos. Que diferença! Creio que esta grande solenidade do Santo Natal possa se tornar, para todos, um momento de reflexão sobre como podemos aperfeiçoar a comunicação entre nós.
Por fim, aquela estrela que indicou a santa gruta nos revela quantas estrelas existem também na nossa vida, para nos ajudar na nossa peregrinação terrestre. E às vezes pela pouca sensibilidade ao “novo”, determinado pelo excessivo materialismo, nos impede de fazer a experiência do verdadeiro Natal. E o papa Francisco acrescenta:
“O Natal costuma ser uma festa ruidosa, há muito barulho, nos faria muito bem um pouco mais de silêncio, para ouvirmos a voz do Amor.
Natal é você, quando decide nascer de novo, cada dia, deixando que Deus penetre seu interior.
O pinheiro do Natal é você, quando resiste fortemente aos ventos e dificuldades da vida.
Os enfeites de Natal são você, quando suas virtudes são cores que enfeitam a vida.
O sino do Natal é você, quando chama, une, reúne, congrega pessoas.
A luz do Natal é você, quando ilumina com sua vida, o caminho dos outros através da bondade, paciência, alegria, generosidade.
Os anjos do Natal são você, quando canta ao mundo uma mensagem de paz, de justiça e de amor.
A estrela do Natal é você, quando conduz alguém ao encontro do Senhor.”
Feliz e Santo Natal!
Fonte: Claudio Pighin, sacerdote, jornalista italiano naturalizado brasileiro, doutor em teologia, mestre em missiologia e comunicação.
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