terça-feira, 9 de agosto de 2016

DEUS NOS FALA

Evangelho de Lucas 12, 32-48

“Não temais, pequeno rebanho, porque foi do agrado de vosso Pai dar-vos o Reino. Vendei o que possuís e dai esmolas; fazei para vós bolsas que não se gastam, um tesouro inesgotável nos céus, aonde não chega o ladrão e a traça não o destrói. Pois onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração. Estejam cingidos os vossos rins e acesas as vossas lâmpadas. Sede semelhantes a homens que esperam o seu senhor, ao voltar de uma festa, para que, quando vier e bater à porta, logo lha abram. Bem-aventurados os servos a quem o senhor achar vigiando, quando vier! Em verdade vos digo: cingir-se-á, fá-los-á sentar à mesa e servi-los-á. Se vier na segunda ou se vier na terceira vigília e os achar vigilantes, felizes daqueles servos! Sabei, porém, isto: se o senhor soubesse a que hora viria o ladrão, vigiaria sem dúvida e não deixaria forçar a sua casa. Estai, pois, preparados, porque, à hora em que não pensais, virá o Filho do Homem. Disse-lhe Pedro: Senhor, propões esta parábola só a nós ou também a todos? O Senhor replicou: Qual é o administrador sábio e fiel que o senhor estabelecerá sobre os seus operários para lhes dar a seu tempo a sua medida de trigo? Feliz daquele servo que o senhor achar procedendo assim, quando vier! Em verdade vos digo: confiar-lhe-á todos os seus bens. Mas, se o tal administrador imaginar consigo: Meu senhor tardará a vir, e começar a espancar os servos e as servas, a comer, a beber e a embriagar-se, o senhor daquele servo virá no dia em que não o esperar e na hora em que ele não pensar, e o despedirá e o mandará ao destino dos infiéis. O servo que, apesar de conhecer a vontade de seu senhor, nada preparou e lhe desobedeceu será açoitado com numerosos golpes. Mas aquele que, ignorando a vontade de seu senhor, fizer coisas repreensíveis será açoitado com poucos golpes. Porque, a quem muito se deu, muito se exigirá.”

Já sabemos, pelo ensinamento de Jesus, que o Reino de Deus tem um início humilde e pequeno. É como uma semente que jogada no chão apodrece e depois grela e cresce. Assim é o pequeno rebanho que segue Jesus. Eles são os destinatários do Reino de Deus. São poucos, mas autênticos. Deus aposta neles. E para tanto eles precisam retribuir da mesma maneira; não se deixar atrair pelos bens e tesouros terrenos que não têm futuro.

Apostar no Reino de Deus significa se concentrar na lógica dele e se deixar guiar por ela. Tudo isso requer paciência e humildade, porque os tempos de Deus não são os nossos. Por isso, temos que nos revestir de atitudes que saibam discernir a espera. Uma espera que caracteriza o cristão a ser vigilante. Isto comporta não se deixar levar pelos ‘sonos da vida’: interesses egoísticos ou distrações por aquilo que é relativo da vida terrena. Muitas vezes passamos a maior parte dos nossos dias concentrados naquilo que tudo passa e nada fica. É aqui que o nosso Mestre nos chama atenção a sermos sábios, que consiste a verdadeira felicidade: estar prontos a qualquer hora da nossa vida para recepcionar o nosso Senhor. O nosso papel é de recebê-lo, e nada mais. Para tanto, precisamos estar “com os rins cingidos e com as lâmpadas acesas”, isto é, sermos como peregrinos e bem despertados que não ficam de braços cruzados, mas, pelo contrário, que se dedicam à obra do Reino de Deus.

De fato, o perigo de estarmos parados vem das nossas excessivas preocupações pelas tantas coisas desse mundo que podem enfraquecer o espírito e tornar-nos acomodados e passivos para a Palavra de Deus. Essa vigilância dinâmica nos leva a ter também a atitude de fidelidade com o nosso ‘Patrão’ para garantirmos uma boa administração dos bens que recebemos, que se resumem com toda a nossa vida. Todavia, como é difícil termos constantemente sempre viva essa vigilância e fidelidade! Assim o Mestre nos convida à conversão.

Essa conversão é praticamente um processo que se deve manter para a vida toda e para todos. Também para aqueles que estão sempre na Igreja, porque o nosso Deus é imprevisível e bem dinâmico. Deste modo, não temos que nos preocupar qual será a hora e o dia da chegada do nosso Deus, mas saber amar que nos manterá despertados para a sua acolhida. Nessa fidelidade e responsabilidade é que se funda o nosso relacionamento com o nosso ‘Patrão’.

Ele renderá a cada um conforme as suas ações, e não pelas suas palavras, e também pela graça recebida. Saremos todos julgados segundo a própria correta consciência. O futuro que nos espera será aquela comunhão eterna com o nosso ‘Patrão’ Deus. Concluindo, te pergunto: As Sagradas Escrituras te ajudam a perscrutar a ação do Senhor na tua vida, ou por acaso estás demais preocupado com as coisas do mundo?

Fonte: Claudio Pighin -  Sacerdote, doutor em teologia, mestre em missiologia e comunicação.


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