Suponha a seguinte situação: quais o desafios para construir diariamente um vídeo jornal propagado simultaneamente na tevê e na internet? Este é um trabalho diário para um grupo de jornalistas e técnicos. O noticiário vai ao ar as 21hs o que quer dizer que, provavelmente, muito pouca coisa é inédita diante da profusão de mídias sociais, rádios, tevês all News e os vídeos jornais concorrentes. Não é possível repetir à noite uma previsão do crescimento da inflação que apareceu nos sites as 8hs da manhã. Todo mundo já sabe. Muitos comentaristas foram ouvidos durante o dia e até mesmo o governo se pronunciou sobre essa previsão. Portanto ou se identifica uma ângulo não explorado da notícia, ou ela não vai mais para o ar. Está superada e o público saturado. Esse embate estimula os envolvidos em procurar novidades que não foram exploradas e divulgadas e a desenvolver melhores e mais inteligentes reportagens e comentários. O homem que não é posto à prova não evolui, disse Goethe. Construir o vídeo jornal é uma oportunidade rara para evoluir.
Mais do que nunca é preciso formar um time comprometido em apresentar algo novo. A competição acirrada não deixa outra alternativa. Para isso é preciso que todos ajudem a todos. Todos apuram, escrevem, pautam, editam, montam noticiário, discutem notícias, participam das reuniões de fechamento . Enfim, não é possível participar apenas de uma fatia do processo de produção e emissão de notícias como no passado, onde haviam apenas as plataformas antigas. Não há trabalho mais ou menos importante. Para isso é preciso substituir a hierarquia da chefia pela liderança compartilhada em que cada um pode exercer em diferentes momentos da produção. Assim é possível competir com outras empresas que contam com mais pessoas e recursos para produzir um produto jornalístico semelhante. A formação do ethos do time se deu quando a empresa passou por graves problemas financeiros e quase fechou. Alguns gestores acreditavam que produzir jornalismo era caro e não dava audiência, como consequência, faturamento baixo. Isto tudo mudou com a formação de uma equipe e teve um papel importante na mudança de rumos.
Dá prazer trabalhar em uma empresa inspiradora e bem vista pelos empregados, público e pelo mercado. O trabalho é pesado, os salários menores do que todos merecem, mas há um ambiente de companheirismo. A resposta mais comum de uma pesquisa de clima organizacional realizada é que havia alegria na redação e muitos se sentiam como se estivessem se divertindo e não trabalhando. A contra partida da empresa jornalística foi a educação continuada , com aperfeiçoamento profissional com cursos internos e externos. Há um programa onde todos os departamentos da empresa se apresentam uns aos outros e dizem o que fazem para alcançar um objetivo comum. A rádio peão foi substituída por eficientes ferramentas de comunicação interna. Assim o grupo não fica sabendo de mudanças pela mídia. Vários canais são abertos para que todos possam mandar mensagens, perguntas, sugestões e queixas sobre toda a estrutura da empresa, não só do departamento de jornalismo. Finalmente só com funcionários felizes é possível construir um noticiário descontraído, ético, voltado para o interesse público . Uma situação real ou imaginária?
Fonte: COLUNA DO HERÓDOTO: Heródoto Barbeiro - Record News / São Paulo - SP
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