sábado, 14 de março de 2015

Orgulhar-nos do quê?

Na televisão a propaganda oficial diz pra você "ter orgulho do seu nome". Ótimo, é bom termos metas e parâmetros, mas também seria excelente ter orgulho de outras coisas mais, das quais nós, brasileiros, há muito tempo deixamos de nos orgulhar tantas são as vicissitudes a que temos sido submetidos e que, nos últimos anos, só têm se ampliado. Nem é preciso ir muito longe nem, tampouco, querer inventar a roda, porque a dita cuja já foi inventada.

Mas há muito mais a inventar, prova disso são os sucessivos golpes que os noticiários nos trazem todos os dias, mas ao contrário de outras invenções, que demandavam pessoas cultas, cientistas, gente que passava o tempo mergulhado na cultura para dar ao mundo um mundo melhor, os exemplos que o Brasil vê hoje são de pessoas que preferem as sombras, apesar de agir e aparecerem - sempre sorridentes - às claras.

É essa gente, e os efeitos do que fazem, que fazem o brasileiro tremer a cada vez que aparecem na TV, falam em rádios, têm matérias estampadas em jornais etc, porque os efeitos do que não dizem incidem diretamente nas vidas de cada um de nós e reduz, cada vez mais, a já ruim qualidade de vida que mais de 95% da população brasileira já enfrenta, onde os fantasmas da fome, da desordem social, da inobservância mínima de respeito à coisa pública, e ao cidadão, é onipresente.

Já tivemos o melhor futebol do mundo. Mas como disse aquele treineiro, "era no tempo em que se amarrava cachorro com linguiça", tempo em que só ganhávamos e nem se pensava em perder de 7x1. Um tempo em que se respeitavam os outros. Daquele tempo nos orgulhávamos. Já fomos os melhores em Fórmula 1. Já tivemos músicas com excelentes roteiros  e escolas de samba onde o passista não era excluído pela pirotecnia que enche os olhos, mas acaba com  a essência do carnaval.

Ah! Temos de nos orgulhar do nosso nome. Nada contra. Mas do que deveríamos orgulhar-nos, da nossa nacionalidade, disso não podemos. Pior do que uma peneira por aonde a água vai passando, a realidade que vivemos é absurda. Nas ruas, em casa, em qualquer lugar, o temor de ser a próxima vítima. O relatório do CFM divulgado no último dia 3, mostra uma ralidade que não tem nada de orgulho:  Mil Unidades Básicas de Saúde funcionando, quando seus agentes conseguem fazê-las funcionar, em situação precária; as estradas numa situação mais que precária e a educação totalmente destroçada por sucessivas falta de atenção para com os princípios básicos que norteiam o "ensinar/aprender". Nossa presidente batendo forte por causa de um traficante, mas sem fazer nada por tantos que o tráfico mata.

Orgulhar-nos do quê? De uma classe política onde uma parcela considerável de quem decide por nós tem fortes envolvimentos com crimes de todas as ordens? De um país onde o jovem não deve trabalhar, mas pode cometer crimes sucessivos e quando completar 18 anos zera tudo? Não, não dá para se orgulhar. Decisivamente não. Considere-se dito!

Fonte: OPINIÃO - Jornal Alto Madeira


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