terça-feira, 31 de março de 2015

DEUS NOS FALA

Evangelho de Marcos 14,1-15,47

“Disse-lhes: A minha alma está numa tristeza mortal; ficai aqui e vigiai. Adiantando-se alguns passos, prostrou-se com a face por terra e orava que, se fosse possível, passasse dele aquela hora. Aba! (Pai!), suplicava ele. Tudo te é possível; afasta de mim este cálice! Contudo, não se faça o que eu quero, senão o que tu queres.”
A Paixão de Jesus é a história de um homem infinitamente apaixonado por Deus. Seu amor e sua fidelidade a esse amor o levaram até a pior crueldade da morte. O Evangelho da Paixão de Jesus, segundo o evangelista Marcos, nos propõe várias reflexões, no entanto, nós focalizaremos somente em algumas devido à extensão do texto. Estamos, assim, iniciando a Semana Santa com o dia da Festa dos Ramos.

Por que esta semana é chamada Santa? Porque é aquela que Jesus manifesta a sua vontade de ir ao encontro da pessoa como um todo. Não somente ao ser humano que o busca e reza, mas, sobretudo, ao ser humano que o rejeita e o mata. Ele se apresenta à santa cidade de Jerusalém consciente de que a sua máxima doação teria sido na cruz. Nós podemos definir esta doação total como sendo a loucura do amor de Deus por seus filhos e filhas.
Portanto, compreendemos que Jesus vive a sua paixão como protagonista. Marcos mostra, assim, como Jesus põe a própria vida nas mãos de Deus. Ele sempre confiou em Deus, mas, na circunstância da sua condenação, paixão e morte, revela–nos o abandono total a Deus Pai. A sua condição de Filho é concentrada na escuta do Pai e condicionada por ele. Isto nos ensina que também nós, para vivermos a nossa vocação de cristãos, precisamos ter uma grande intimidade com o nosso Deus e desse jeito compreenderemos a sua presença na nossa vida.

Além do mais, o evangelho mostra como as pessoas que passavam por ali, vendo Jesus crucificado, diziam: “Ele que fez tantos milagres não é capaz de descer daquela cruz?” No entanto, Jesus foi capaz de ficar até o fim, até a morte, e apenas morto a perspectiva se reverteu. De fato, dois sinais testemunham que esta morte do Mestre Jesus é salvação. Primeiro, o véu do templo se rasga e, segundo, os soldados romanos, pagãos, reconhecem que Jesus é filho de Deus. Ele é o verdadeiro templo que substitui o velho; Ele é verdadeiramente Filho de Deus, o que ficou sobre a cruz, rejeitandoas tentações de descer dela. Estamos perante um cenário em que, de um lado, alguns judeus recusam Jesus e, de outro, pagãos o aceitam como Deus.

Nesta semana Santa, podemos refletir bastante para ver de que lado estamos: de rejeição ou aceitação do Jesus crucificado? Na narração da Paixão desse amor de Jesus, achamos a força, a opção de percorrer até o fim a sua caminhada na fidelidade ao seu coração, a sua alma e ao seu Deus. Aquilo que aqui Jesus cumpre é nada mais que a continuação extrema de toda a sua vida. De fato, toda a sua vida foi vivida com paixão, com intensidade e amor. Uma vida apaixonada por nós. Jesus é fiel à sua vida, ao seu amor para o ser humano e por tudo aquilo que vive, e sobretudo à sua única e verdadeira paixão para Deus Pai. E quando tudo parecia que ia se acabar, Deus não o traiu. Assim sendo, a Paixão é a história de Jesus o Cristo fiel ao projeto de Deus Pai, que o confirmou com a ressurreição que era realmente Deus. Concluindo eu lhe pergunto: a paixão de Jesus, para você, é uma experiência restringida à compaixão? Ou vai além disso? Boa Semana Santa.

Fonte: Claudio Pighin -  Sacerdote, doutor em teologia, mestre em missiologia e comunicação 

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