A minha vida é pautada por
desafios, ou seja, preciso do agricultor para plantar a farinha, preciso que
alguém vá colher esta farinha, após muito esforço e usando outros ingredientes
(itens que compõe a minha vida) seja agregada a minha massa para ser fabricado
e depois ficar bonito e gostoso de ser “comido”, e antes de ser comido fico em
um forno em altíssima temperatura, “quase morro lá dentro”. Mas, pronto estou
“construído”!
Agora após estar pronto, me
aprisionam dentro de um saco plástico, lacram este saco plástico e vou direto a
uma banca de supermercado ou outro estabelecimento qualquer, esperando alguém
que possa “comprar-me” para ser levado para casa com a intenção de ser
“comido”, devorado por algum ser humano ou talvez qualquer outro ser vivente,
um cachorrinho, ou um gatinho talvez, ou até as formigas, ou quem sabe eu vou
sendo incorporado novamente a natureza pela minha decomposição.
Acontece que “eu o pão de forma” sou ‘fatiado’
para ser colocado naquele “saco plástico quente”, e as minhas entranhas vão
sendo “cortadas” por um instrumento perfuro cortante... Sou seccionado, porém
uma das minhas partes fica na “beirada”, ou seja, na extremidade do “pacote”. E
finalmente algum ser vivente “me pega”, coloca no famoso carrinho do
supermercado, sujo por sinal, efetuando minha compra, me leva para casa.
Chegando lá, o que acontece:
Acontece que pegam uma das minhas partes, a que fica bem na beirada do pacote e
joga fora, ou seja, “ninguém me come”. Qual a razão, será que sou feio, será
que não sou gostoso? Por que não me incluem do lanche? Quero ser comido, quero
ser degustado com aquela manteiga lisa e quente passado no meu ser... Mas não,
isto não acontece. Depois de tantos sofrimentos, vou direto para a lata do
lixo, talvez ser comido por um ser mais refinado, mais adorável, ou seja, algum
animal mais consciente do que o próprio ser humano. Quem sabe também as
formigas me devoram como já lamentei antes aqui. E assim termino no estômago de
algum ser vivente, ou não e, depois viro um excremento, ou ainda quem sabe nada disso "viro" !
José Carlos Chaddad
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