quinta-feira, 26 de março de 2015

PARTIDO SEM TRABALHADORES

A lição vem de Luis Carlos Prestes, que por sua vez a tirou de Lenin: um grupo intelectualizado, com conhecimentos profundos de política, economia, História, sociologia e congêneres, forma um partido e imprime nele diretrizes sólidas capazes de sensibilizar e conduzir o proletariado. Aos poucos, esse grupo vai traduzindo e passando para a militância as noções básicas de seus objetivos.

O proletariado percebe serem aqueles os seus sentimentos e anseios. Esforça-se para compreender o máximo da teoria que lhes é oferecida. Deve estudar. Absorver os ensinamentos, acoplá-los à sua vida e, aos poucos, assume a direção do partido, exprimindo, pela ação, a busca da igualdade e do bem comum que representa, maioria que é.

O singular está em que o PT começou mais ou menos assim, trinta anos atrás. Um núcleo de intelectuais, inclusive da Igreja, envolveu lideranças proletárias, inclusive a maior delas, o Lula. Imaginaram aproveitar o potencial humano do metalúrgico e de seus  companheiros, repassando a eles conhecimento e deles recebendo lições práticas de suas necessidades e de sua capacidade de luta e de resistência. Assim formou-se o PT, entusiasmando a juventude e assustando as elites.

O diabo é que concluímos, hoje, que o Partido dos Trabalhadores deixou de ter trabalhadores e cansou de ser partido. Ao conquistar o poder, transformou-se num aglomerado de burocratas empenhados em afastar-se do proletariado, sem falar nos aproveitadores que se aproximam dos cofres públicos. Com o passar do tempo das lutas, os intelectuais foram saindo de mansinho, depois da Igreja. Ganha uma viagem a Cuba quem citar um pensador de renome, um intelectual do tipo Florestan Fernandes orientando o PT.

Hoje, o ideal dos companheiros á alçar-se à classe média ou chegar acima dela, de preferência como funcionário público e dirigente de uma empresa estatal. O próprio Lula aburguesou-se. Encontram-se nas bancadas do partido uns poucos ex-sindicalistas, mas nenhum operário eleito nessa condição.

Quem quiser explicar o sufoco porque passa o governo Dilma deve buscar as origens na metamorfose petista. Aliás, ele nunca foi do PT, até o dia em que precisou tratar de sua carreira política. Era brizolista. Por isso faz caretas sempre que telefona alguém do PT.

Fonte: Jornalista Carlos Chagas / Brasília/DF - Diário da Amazônia


Nenhum comentário:

Postar um comentário