terça-feira, 31 de março de 2015

DEUS É LOUCO PELAS PESSOAS

Será que as pessoas têm consciência do quanto a vida é maravilhosa? Ou será que elas estão preocupadas apenas com o próprio ‘eu’? Dessa forma, não é possível discernir a vida com projeções além da materialidade. O papa Francisco nos ajuda a refletir sobre isso. Ele diz que Deus “sonha” com seu povo. “O Senhor tem entusiasmo: ‘Sentirei alegria em meu povo’. O Senhor pensa naquilo que fará: estará na alegria com o seu povo. É como se fosse um sonho do Senhor. O Senhor sonha. Os seus sonhos em relação a nós: ‘Ah, que belo quando nos encontraremos todos juntos, quando nos encontraremos lá ou quando aquela pessoa caminhará comigo... Naquele momento, sentirei alegria!’. Para dar um exemplo que possa nos ajudar, é como a moça diz a seu namorado ou o jovem a sua namorada: ‘Mas quando estivermos juntos, quando nos casarmos …’. É o ‘sonho’ de Deus”.
Acho que só o fato de sabermos que Deus é louco pela gente, deve nos deixar aminados, confortados e corajosos para enfrentar a vida. Deve nos levar a olhar o cotidiano com olhos diferentes e cheios de esperança. Encontrei um dia desse um rapaz bem desanimado. A história dele, na verdade, era triste demais. Aí, eu comecei a falar que a vida dele não podia ser somente essa história negativa, mas que tinha uma outra história da sua vida que talvez não conhecia. Ele, curioso, quis saber qual era. Então, disse-lhe o quanto Deus o amava; o quanto aquele Jesus que foi crucificado e morto na cruz o fez para ele também.

Para alegrar o jovem, disse que Deus não abandona ninguém. O rapaz começou a compreender que sua vida não podia ser resumida somente naquela história triste e humilhante. Então, começou a pensar o que Deus significava para ele. E começou a compreender que a sua história era também história de Deus. Lembrei-me daquela frase de João que diz: “Se o nosso coração nos condena, maior é Deus do que o nosso coração” (1João 3,20). Assim sendo, essa nossa vida vai além do nosso ‘nariz’, é majestosa. Supera o nosso corpo. Papa Francisco acrescentou que “Deus pensa em cada um de nós” e pensa de maneira positiva, “nos quer bem, ‘sonha’ pensando em nós. Sonha com a alegria que sentirá conosco. Por isso, o Senhor quer nos ‘re-criar’, fazer com que o nosso coração se renove, ‘re-criar’ o nosso coração, isto é, a nossa vida, para que a alegria triunfe”: "Vós pensastes nisto? O Senhor sonha comigo, pensa em mim! Eu estou na mente, no coração, do Senhor? O Senhor é capaz de mudar a minha vida e faz muitos planos: construiremos casas, plantaremos vinhas e comeremos juntos... todos esses sonhos que fazem somente uma pessoa apaixonada.
 O Senhor se mostra apaixonado pelo seupovo e lhe diz: Eu não te escolhi porque és o mais forte, grande e poderoso. Eu te escolhi porque és o menor de todos. Pode-se dizer: o mais miserável de todos, mas eu te escolhi assim e isso é amor.”


Reforçando essa tese do amor de Deus por nós, o papa Francisco resgatou aquela passagem do evangelho quando Jesus cura o filho do funcionário do rei: "Acredito que não exista teólogo que possa explicar isso. Não se explica. Somente sobre isso se pode pensar, sentir e chorar de alegria. O Senhor pode nos mudar. E o que devo fazer? Crer. Crer que o Senhor pode me mudar, que Ele é poderoso, como fez aquele homem, no Evangelho, que tinha um filho doente. Senhor, vem antes que o meu filho morra. Vai, o teu filho vive! Aquele homem acreditou na palavra que Jesus lhe tinha dito e se colocou a caminho. Ele acreditou. Acreditou que Jesus tinha o poder de mudar o seu filho, a saúde do seu filho. E venceu. A fé significa abrir espaço para este amor de Deus. É abrir espaço para a força, para o poder de Deus, mas não ao poder de um que é muito poderoso, mas ao poder de uma pessoa que me ama, que é apaixonada por mim e quer a minha alegria comigo. Isto é fé. Isto é crer: é abrir espaço ao Senhor para que Ele venha e me mude.” Eu repito sempre: precisamos fazer mais experiência de quanto Deus nos ama, mais do que saber regras de condutas e formalidades que nos enfraquecem nesse amor. Uma vivência de aparência nega a essência da fé.

Fonte: Claudio Pighin, sacerdote, jornalista italiano naturalizado brasileiro, doutor em teologia, mestre em missiologia e comunicação.

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