segunda-feira, 16 de março de 2015

CORRUPÇÃO: aqui, ali, acolá e alhures...

Degustando Roland Barthes, ontem, comecei a interrogar-me sobre minhas omissões. Especialmente na atual conjuntura em que a Educação do nosso país está completamente dilacerada pelas forças dos poderes que deveriam enaltecê-las, assumindo o compromisso de construir saberes e formar cidadãos letrados e capacitados a interpretar o mundo e as coisas do mundo.
A sociedade ingenuamente ou por desinformação cobra dos professores e das instituições de ensino argumentações; convicções; respostas para os problemas do mundo.
Não sabem eles, me apropriando dos dizeres de Roland Barthes, que: “... o professor não tem aqui outra atividade senão a de pesquisar e de falar – eu diria prazerosamente de sonhar alto sua pesquisa – não de julgar, de escolher, de promover, de sujeitar-se a um saber dirigido: privilégio enorme quase injusto, num momento em que o ensino das letras está dilacerado até o cansaço, entre as pressões da demanda tecnocrática e o desejo revolucionário de seus estudantes”.
Isso foi em seu discurso pronunciado no Colégio de França, em sete de janeiro de 1977. Entretanto, não difere muito dos dias de hoje, exceto pela omissão ou sujeição do povo brasileiro.
Enfim, não vou me alongar na questão da Educação, mas na da Corrupção, que, a mim me parece muito mais grave e irrecuperável. Pois, reza a cartilha dos bons costumes que o alheio não nos pertence.
Em tempos tão bicudos, os larápios e os dissimulados batem o ponto e se apropriam dos bens públicos e privados com uma frequência alucinante e um cinismo sem igual. Inclusive um determinado político citado na “Operação Lava Jato” disse o seguinte: -Estou cagando e andando...
Todavia, isso é um mero detalhe, porque o buraco é muito mais embaixo. Tudo parece estar atrelado a costumes; a cultura; a ética e uma determinada moralidade que rege o comportamento do humano em sociedade.
Percebo que a sociedade, em sua maioria, está perdendo a capacidade de se indignar com as coisas tão amorais. Felizmente, ainda consigo espantar-me, hoje em dia, vendo boa parte da sociedade não se importando com as atitudes vis, desonestas e nefastas, que estão na essência de nosso Brasil varonil.
De cima para baixo, a roubalheira é geral, crônica e hemorrágica, exibindo para a massa alienante e alienável exemplos a não ser seguidos, - o da desonestidade, deslealdade, falta de compromisso, de ética e de solidariedade humana. Definitivamente, quem rouba, trapaceia, ou até mesmo dissimula, injetando na sociedade uma carga negativa e pesada de desilusão e descrença. Sob este aspecto, pode gerar um raio de alcance imprevisível, com consequências inimagináveis.
Começa com um “furar a fila”; ficar com um troco a mais; recebe um trocado para favorecer alguém até voos mais altos da criminalidade, que afeta inexoravelmente o outro pelos desvios de caráter daqueles, que, se acham isentos de qualquer punição. Pior: não tem nenhum sentimento de culpa.
É sabido que, a pessoa que tem princípios éticos e morais, bem como, caminha sobre os mandamentos divinos, não se deixa enfeitiçar-se por coisas nefastas, jactanciosas, levianas, imprudentes e corruptas. Indubitavelmente, reter bens alheios é uma atitude execrável, imoral e amoral.
Caros leitores: o que mais me preocupa é que estamos em um ritmo veloz de impunidade, devassidão e permissividade, tolerando notadamente o que é condenado socialmente pela moral, ética e bons costumes.
É preciso estar alerta, se informar, pensar, se incomodar e, principalmente, se indignar com qualquer ato de violência, de roubalheira e de corrupção, independente da esfera social, civil e política.
Assim, somente, nós, cidadãos de bens, temos nas mãos a força política e o poder de mudar o que nos incomoda e tem feito uma devastação em nossos princípios, valores e condutas morais de agir adequadamente nos moldes de um comportamento nobre de honestidade e lealdade, proposto socialmente.
E, assim vamos de mãos dadas construindo um futuro digno e muito mais aprazível para se viver com consciência ecológica, cidadã, política, cultural e porque não dizer: Educacional.
Fonte: EDILEUSA REGINA PENA DA SILVA – é jornalista, relações públicas, editora, escritora, redatora, professora Adjunto III da UFMT-Rondonópolis, mas, acima de tudo, cidadã, um ser político insatisfeito com a atual conjuntura de nosso país.

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