domingo, 26 de agosto de 2018

DEUS NOS FALA

Evangelho de João 12, 20-33

O evangelho inicia dizendo que alguns gregos não pertencentes a Israel vão para o culto no templo de Jerusalém. Aqui está a novidade do evangelho, antecipando os novos tempos, no lugar de prosseguir para o grande templo, eles buscam Jesus. São esses estrangeiros que reconhecem em Jesus o novo templo, a verdadeira experiência de Deus.

Esse novo templo é destinado para todos, além do próprio Israel. Quanta dificuldade e incompreensão naquele tempo por parte dos judeus em reconhecer que Deus é de todos e não exclusividade de nenhum povo. Isto acontece ainda hoje, no nosso meio, o ciúme em classificar as pessoas: as tementes a Deus e as pecadoras; os puros e os impuros; os que são da Igreja e os afastados, e assim por diante. O ser humano gostaria de ser dono até de Deus, projetando nele todos os próprios anseios e aspirações. Dessa forma, ele separa e não une, ao contrário do Deus de Jesus.

O evangelista nos mostra que Jesus veio para libertar também as pessoas que não pertencem a Israel. Os gregos, para puder chegar a Jesus, pedem ajuda a uns discípulos do Mestre. Interessante essa colocação que revela a aproximação de Jesus e que passa por uma mediação dos discípulos. Isto significa, em primeiro lugar, que a tarefa dos discípulos é conduzir as pessoas para Jesus, isto é, para Deus; em segundo lugar, que as pessoas precisam sempre confiar em uma mediação, que seja comunitária ou individual, para fazer o encontro com Deus.  Outra coisa importante para ressaltar sobre o verbo ‘ver’, em João, quer dizer que os gregos querem conhecê-lo.

Prontamente, o Mestre responde que o conhecerão através da morte. É nela que se manifestará Deus. É na cruz que se revela o quanto Deus ama as pessoas, independentemente daquilo que são e das suas condutas. É nesta experiência crucial da cruz que compreenderão o verdadeiro Deus que ama todo mundo, sem reserva. Falando da própria morte, Jesus usa a comparação do grão de trigo que produz frutos. Assim sendo, a morte não é o fim, mas uma explosão de vida; justamente como um grão de trigo que apodrece para grelar e dar frutos.

A morte se torna uma mediação de vida divina. Torna-se evidente que essa morte não acaba com a pessoa, pelo contrário, dá-lhe perspectivas de vida em plenitude. Perante essa consideração, podemos dizer que o momento tão horrível da morte é uma libertação do ser humano de todas as suas energias e potencialidades que guardava em si para se transformar em vida para sempre. É o ensino e o testemunho de Jesus Cristo: morte, explosão de vida.

Portanto, o nosso Mestre nos alerta que quem vive no seu egoísmo não poderá compreender a verdadeira vida e se perderá nos meandros da vida materialista, limitada. A plenitude da vida é encaminhada pela caridade e fraternidade. E isto acontece imitando, seguindo o Mestre até o fim, que é a cruz.

Fonte:  Sacerdote, doutor em teologia, mestre em missiologia e comunicação.


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