segunda-feira, 2 de julho de 2018

DEUS NOS FALA

Evangelho de Mateus 16, 13-19


Os discípulos, interpelados por Jesus sobre a sua identidade, tiveram dificuldades em reconhecê-Lo. Somente Simão acertou a resposta. Uma resposta totalmente dele. Perante essa constatação, o Mestre não teve dúvidas em reconhecer como Simão tinha achado graça em Deus. Somente Deus pode ter iluminado o discípulo. E o seguidor de Jesus, portanto, fez essa profissão de fé não pelas suas capacidades, mas pelo dom de Deus. Constatando isso, o Mestre Nazareno lhe confere os poderes da primazia em confirmar os outros na fé, edificando a sua Igreja. E chama-o de Pedro, porque conservar a fé tem que ter firmeza e segurança, enquanto é um dom muito valioso; e eu digo tão precioso que não tem no mundo outro igual.

Simão, agora Pedro, foi escolhido não porque foi o melhor que os outros; aliás, se tivesse sido esse critério, certamente teria sido João. Por que, então, não escolhe o melhor, aquele que é mais próximo à perfeição? Eu creio que quis dizer que a opção da perfeição por aquele que vai guiar a sua Igreja não significa ser uma perfeição como as pessoas entendem para entrar no Reino de Deus, mas é necessário, simplesmente, se deixar guiar pelo Espirito e se deixar amar por Deus. Sabemos como Pedro nega Jesus e, por isso, ele chora amargamente. Porém, não é o choro que o resgata, mas por se deixar amar por Deus. E Pedro, experimentando a derrota pessoal, repõe toda a confiança na salvação doada pelo Pai no amor.

Por isso foi escolhido, porque soube fazer a vontade de Deus. Também nós somos convidados a vivermos a vontade do Pai para vivermos a perfeição, não obstante as nossas pobrezas, limitações. Assim sendo, o amor de Deus Pai venceu sobre as nossas fraquezas e nos deu a possiblidade de viver plenamente a nossa fé, sem medo de “não” sermos perfeitos. E essa perfeição não é aquela humana que devemos ambicionar, mas à perfeição do Amor; do amor que por amor pode até errar; do amor que por amor dá tudo; do amor que por amor não tem medo de se expor; do amor que por amor dá a vida; do amor que por amor se deixa crucificar. E hoje o papa, sucessor de Pedro, nos quer confirmar esse Amor. Um Amor para conservar a fé.

E eu lhe pergunto: dá mais importância em aparecer ou se questionar, e como se deixa interpelar por Deus? A sua perfeição que persegue é a do mundo ou de imitar como Deus nos amou e nos ama? Tem medo de viver a Cruz como ato supremo de Amor? Concluindo, podemos afirmar a claras letras que essa experiência de fé é pra todos, e todos podemos viver o desafio do Amor, não obstante os nossos pecados.


Fonte: Claudio Pighin - Sacerdote, doutor em teologia, mestre em missiologia e comunicação.

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