O pecado original é a ruptura do ser humano com Deus, a rejeição de sua aliança e, assim, da amizade com Deus. Embora o pecado seja uma condição universal, que atinge a todos, o pecado não tem origem em Deus. Disso decorrem algumas consequências sobre as quais precisamos refletir:
· Todos têm pecado e precisam da salvação.
· O Antigo Testamento enfatiza a dimensão comunitária do pecado.
· O mal é transmitido entre as gerações (a solidariedade no mal); mas, também, existe a solidariedade no bem, a transmissão do bem entre as gerações.
Quanto à dimensão comunitária do pecado, lembremo-nos que há toda uma estrutura societária que sustenta o pecado. Há toda uma estrutura que reproduz a ruptura com Deus, que induz ao não respeito a sua Palavra e, assim, impede a realização plena dos objetivos da criação. Nesse sentido, o salmo 95, das Sagradas Escrituras, nos convida a reconhecer o Deus único e louva-Lo e proclama-Lo às nações a sua glória. A glória que nos resgata do pecado.
“Cantai ao Senhor um cântico novo. Cantai ao Senhor, terra inteira. Cantai ao Senhor e bendizei o seu nome, anunciai cada dia a salvação que ele nos trouxe. Proclamai às nações a sua glória, a todos os povos as suas maravilhas. Porque o Senhor é grande e digno de todo o louvor, o único temível de todos os deuses. Porque os deuses dos pagãos, sejam quais forem, não passam de ídolos. Mas foi o Senhor quem criou os céus. Em seu semblante, a majestade e a beleza; em seu santuário, o poder e o esplendor. Tributai ao Senhor, famílias dos povos, tributai ao Senhor a glória e a honra, tributai ao Senhor a glória devida ao seu nome. Trazei oferendas e entrai nos seus átrios. Adorai o Senhor, com ornamentos sagrados. Diante dele estremece a terra inteira. Dizei às nações: O Senhor é rei. E (a terra) não vacila, porque ele a sustém. Governa os povos com justiça. Alegrem-se os céus e exulte a terra, retumbe o oceano e o que ele contém, regozijem-se os campos e tudo o que existe neles. Jubilem todas as árvores das florestas com a presença do Senhor, que vem, pois ele vem para governar a terra: julgará o mundo com justiça, e os povos segundo a sua verdade."
Segundo o salmo, a natureza é como se fosse uma grande mensagem do seu Criador, em que proclama ‘o Senhor reina!’. É um hino que exalta e louva qual o destino do ser humano e da sua
história. Um destino universal em que se terão novos céus e novas terras no reino definitivo e esplendoroso do Reino de Deus. O salmo nos convida a “sonhar” sobre o nosso futuro ligado em Deus. Uma nova realidade se prospecta para nós. Por isso, cantemos ao nosso Deus. Os versículos de 10 a 13 manifestam a grande alegria, porque a ação de Deus que vem para julgar e governar é iminente, está para acontecer.
Assim sendo, o ser humano não pode ficar indiferente e neutro na presença da idolatria, das nações que se prostram para ela. A presença de Deus aniquila tudo isso. Nesse sentido, o autor desse salmo é totalmente confiante que essa presença de Deus, que não tardará, tomará conta da história e ajudará os justos a participarem plenamente da nova vida no Senhor, autor de tudo o que contemplamos. É Ele o Senhor da vida e da nossa vida e, portanto, podemos sonhar com o futuro maravilhoso. A nossa expectativa é imensa, confiante e cheia de esperança.
E o santo padre papa Francisco, durante missa celebrada na Casa Santa Marta, no dia 11.05.2017, Vaticano, nos diz o seguinte: “Deus ficou conhecido na história. A sua salvação tem uma grande e longa história”... “A salvação de Deus está em caminho rumo à plenitude dos tempos”. O Senhor “guia o seu povo, com momentos bons e momentos ruins, com liberdade e escravidão; mas guia o povo rumo à plenitude”... “Existem os santos, os santos que todos conhecemos e os santos escondidos”. A Igreja “está cheia de santos escondidos e esta santidade é que nos leva para frente, rumo à segunda plenitude dos tempos, quando o Senhor virá, no final, para ser tudo em todos”... “Há uma terceira plenitude dos tempos, a terceira. A nossa. Cada um de nós está em caminho rumo à plenitude do próprio tempo. Cada um de nós chegará ao momento do tempo pleno e a vida acabará e deverá encontrar o Senhor. E este é o nosso momento”... “Pedir perdão a Deus não é algo automático. É entender que estou a caminho, em um povo em caminho e que um dia me encontrarei cara a cara com aquele Senhor que jamais nos deixa sós, mas nos acompanha neste caminho”.
Fonte: Claudio Pighin - Sacerdote, doutor em teologia, mestre em missiologia e comunicação.
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