O que fazer (e o que não fazer) para erradicar os riscos em uma aventura sobre duas rodas
Não temos a pretensão de ensinar ninguém a cuidar do bem-estar pessoal, mas reunimos, neste texto, algumas situações vividas por companheiros motociclistas em suas andanças que podem se tornar um problema para aquele que não dá atenção ao tema. O assunto “segurança” passa por diversas variantes que vão desde a definição do roteiro à escolha do horário para se encerrar o dia de viagem. Obviamente, regiões distintas reservam surpresas e perigos distintos, também. Mas há situações comuns à maioria que podem ser enfrentadas em uma estrada.
Vamos analisar alguns pontos que julgamos relevantes, começando com a escolha dos locais de pernoite. Considere que, em regiões desconhecidas, quanto mais cedo você localizar um local seguro para dormir, mais tranquila será sua estadia. Chegar às cidades de pernoite tarde pode significar não ter tempo – nem disposição– suficiente para achar o hotel, pousada ou albergue mais adequado às suas necessidades. Por isso, algumas dicas são importantes: procure chegar às localidades onde pretende pernoitar no início da noite e, se possível, faça um levantamento prévio (durante a fase de planejamento) dos estabelecimentos disponíveis na cidade. Se possuir um aparelho GPS, bons mapas costumam conter os dados para ajudá-lo a localizar tais estabelecimentos. É importante ter em mente que mesmo chegando tarde ao seu destino de pernoite, vale a pena perder trinta minutos a mais para localizar um lugar adequado, mesmo estando cansado. Pode ser a diferença de uma noite bem dormida e outra péssima, que poderá comprometer todo o dia seguinte. Taxistas e comerciantes, de forma geral, são boas fontes de referência nessa hora. Todo moto-viajante já passou – ou está sujeito a passar – por eventuais situações desagradáveis no momento do pernoite. Não deixe o cansaço ou a preguiça o exporem a um risco desnecessário.
O abastecimento é outro ponto crucial – planeje-o com a maior precisão possível enquanto estiver preparando o roteiro, principalmente se estiver viajando sozinho. Na estrada, não costumamos ter muitas opções de postos de combustível e estamos sempre sujeitos a parar para abastecer em locais que podem não ser muito confiáveis. Se pressentir que o local não é bem frequentado, apenas abasteça e siga viagem. Deixe para beber ou comer alguma coisa em um local mais seguro. Muitas vezes queremos “aproveitar” a parada de abastecimento para irmos ao banheiro ou nos alimentarmos – resista a este impulso de “ganhar tempo” se não sentir-se plenamente seguro.
Para quem viaja só, deixar a bagagem na moto sem supervisão de alguém conhecido faz parte da rotina de toda e qualquer parada. Seja para abastecer, comer, pesquisar preços, fotografar, fazer os trâmites aduaneiros etc. Um bom conselho é procurar ser simpático e agradável com frentistas dos postos de gasolina, guardas aduaneiros e outros funcionários do local onde estiver, inclusive pedindo que “deem uma olhada” na moto enquanto você não está presente. Não é uma garantia, mas é melhor do que não fazer nada! Outra medida que pode ter efeito é levar na viagem um bom cadeado com alarme de movimento – se estiver em local que o obrigue a deixar a moto por pouco tempo, o uso do cadeado pode alertá-lo quanto a alguém mexer em suas coisas.
A imigração (saída de um país e entrada em outro) é um dos momentos mais tensos quando se está sozinho. Você precisa de muita atenção no preenchimento da papelada – e ainda tem que se preocupar com a moto! Estacionar em um local “visível” e com a presença constante de pessoas é uma maneira de aliviar esta tensão. Fique alerta quanto aos horários de funcionamento destes estabelecimentos – alguns deveriam operar 24 horas, mas, na realidade, não o fazem, havendo interrupções para almoço e afins. Outro fator de estresse é a troca de moedas: normalmente você encontrará alguém – nem sempre uma empresa – para fazer a troca de moedas nesses locais. Troque uma quantidade pequena de dinheiro (U$ 20/50) e não se preocupe com cotações melhores. Lembre-se: você quer sair dali e prosseguir viagem o mais rápido possível. Preocupar-se com pequenas perdas financeiras será uma bobagem que poderá até colocá-lo em risco.
Há muitos golpes aos quais você estará sujeito – desde calculadoras “viciadas” até moedas falsas. Faça o câmbio de um valor suficiente para chegar à próxima cidade e siga viagem. Faça o possível para levar o dinheiro para o câmbio, separado do restante de seu dinheiro. Evite contar papel-moeda na frente de muitas pessoas e prefira lugares para a transação que ofereçam alguma estrutura. Se estiver usando cartões, sempre se certifique de não estar sendo observado no momento de digitar senhas e verifique se o cartão que está recebendo de volta é mesmo o seu. Se a transação feita for do tipo que requer assinatura em boleto, certifique-se de retirar sua via com a cópia de seu cartão de crédito, bem como qualquer carbono que contenha informações do mesmo.
Nós e nossas motos sempre atraimos a atenção das pessoas. A maioria é bem-intencionada e curiosa a respeito de nossas viagens – quem somos, por que viajamos de moto etc. Outras, nem tanto. Perguntas como: de onde você vem, para onde vai, quanto vale a moto etc. podem parecer – e muitas vezes, são – ingênuas; mas são informações muito relevantes para gente inescrupulosa. Procure responder de maneira genérica, sem ser antipático. Respostas do tipo: “Não sei quanto a moto vale, nunca pesquisei.” Ou: “Estou seguindo rumo ao norte…” são bem-vindas e não revelam muito sobre seus planos e/ou patrimônio. Nessas ocasiões evite, também, manusear equipamentos eletrônicos, como máquinas fotográficas, celulares ou GPS.
O celular é uma ferramenta inestimável. Não viaje com ele ligado, a menos que seja operacionalmente necessário, de modo a economizar bateria, contando com o aparelho em uma emergência. O mais prudente é ter um segundo aparelho, mais simples, guardado em local seguro, caso esteja viajando por locais conturbados.
Estas dicas têm por finalidade lembrá-lo de toda a sorte de circunstâncias a que um moto-turista está sujeito – não negligencie as situações ao seu redor apenas por estar de passagem naquela localidade. Em determinados momentos podemos ser envolvidos por acontecimentos alheios à nossa vontade. Use sempre o bom-senso e mantenha o foco no prazer e no relaxamento que uma viagem como esta pode proporcionar. Jamais permita que circunstâncias negativas sejam motivos de preocupação, nem para você e nem para quem aguarda por notícias suas. A sorte sempre favorece os bem-preparados! Divirta-se!
Fonte: Texto: Equipe Trips & Tips e Nenad Djordjevic - Moto Adventure.
Um comentário:
Muito bom !
Postar um comentário